domingo, 25 de novembro de 2012

Perdido de mim?

Olho para o céu escuro
numa noite bastante nublada.
Minha vida está aqui, diante de mim,
sendo muito bem cantada
pela voz que, no momento,
está sendo dublada 
por mim.

Os fones de ouvido
gritam em minhas orelhas
palavras que zombam,
zunindo como abelhas
bem dentro do meu cérebro,
explodindo como fogos, em centelhas
de vida sem explicação.

Será que é assim tão tarde
pra eu te dizer que não dá?
Porque eu já nem tenho mais vontade
de te esperar. Sabe quem passou
por aqui hoje? A saudade.
E já se foi.

Já passou? É, passou.
O tempo passou assim.
Puf! Ainda estamos deitados 
olhando o céu sem fim,
enquanto seus dedos e os meus
trançam uma promessa pra mim.
Como passou?

Não sinto falta do que você dizia 
nem da voz que me acalmava.
É até engraçado, se eu parar pra pensar
em como eu deveria estar brava
por ter sido, assim, 
descaradamente trocada.
Mas não estou. Nem perto.

Talvez seja o momento.
Talvez daqui uns dias, daqui um tempo
eu perceba finalmente
quão grande foi o desalento.
Mas pra esconder essas coisas, o choro,
a fraqueza, bem, eu tenho talento.
Só não me faça cantar aquela música.


domingo, 4 de novembro de 2012

Ainda é cedo?

Quando penso que não tenho mais tempo, que talvez tenha perdido parte dele ou, quem sabe, desperdiçado muitas chances por motivos que não compreendo, me faço uma pergunta bastante simples: acabou?
À quantas chances tenho direito? Falhar uma vez me tira do jogo? E se eu quiser tentar outra vez? Por quanto tempo eu posso resistir e lutar antes de me render?
Quero outra chance, quero poder tentar outra vez. Mas não quero que dure para sempre. Essa história de ficar presa...
Estou me cansando de pedir desculpas e me cansando de sentir. Talvez eu seja obrigada a aceitar, de uma vez por todas, que realmente não fui feita para o romance. Digam o que quiserem - sobre amar, sobre amor, sobre ser amado. Talvez eu não queira nada disso. É doloroso, frustrante e tenso.  E essa sensação de responsabilidade me tira do sério. E aí, o que tá acontecendo aqui?, é o que tenho vontade de perguntar, mas não posso. Não devo, vai. Não tenho esse direito - não tenho direito nenhum. Não sobre ele. 
Sendo assim, é melhor desistir. Finalmente me render e parar de lutar. Quanto tempo? Nem me pergunte, porque só de pensar que realmente imaginei que dessa vez seria diferente, meu estômago me pune dando mil voltas. Eu sou tão estúpida quando quero.
Ainda é cedo para pedir desculpas e outra chance? Talvez eu lhe deva algumas desculpas, é verdade. Ou talvez você me deva um pedido desses. Sendo assim, é melhor ninguém dizer nada, e está tudo bem. Façamos esse acordo, o que você acha? 
Posso desistir dele e tentar outra vez com você. Posso me arrepender de fazer isso e voltar atrás com ele. Não posso?! 
Há duas semanas escrevi sobre querer amar. Agora não quero mais. Não quero mais me apaixonar, não quero mais você. Não assim, não distante, não sem saber de nada. Quero alguma outra coisa, algo que talvez você não esteja disposto a me ceder. Até imagino que seja a minha idade , sabia? O que ela sabe?, você se pergunta. Ela não sabe de nada, é a resposta que posso dar. Não sei de nada e nem quero saber. A vida sem saber é excelente, simples e descomplicada. 
A ignorância é uma benção. 
E eu a quero de volta.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Imagina que tempo feliz

Ah, bons tempos aqueles. Era agosto, comecinho de setembro. Eu dormia e acordava digitando incansavelmente no celular. Gostava de te dar bom-dia enquanto caminhava para a escola, às vezes com muito frio, às vezes assistindo o nascer do sol, mas nunca sozinha. Aliás, ainda não me sinto sozinha. Quero ligar pra você. Agora. Tem que ser hoje, melhor de madrugada. Quero saber como você está, mas não sei bem o que dizer. Talvez eu só fique em silêncio e te ouça falar, ou talvez fiquemos ambos em silêncio - mas até o seu silêncio pra mim já basta.


Está chovendo lá fora. 
Estou preocupada com você.
Será que eu penso que a gente namora?
A culpa é sua por me beijar.
Quanto tempo até eu te ver?
Por que você teve que ir embora?
Estou implorando pra você voltar.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dois meses

14 de outubro, 00h04

E agora?
Não sei o que estou fazendo. Não entendo o que estou sentindo. Será que é isso o nada? Essa sensação de vazio, de não se importar? Essa sinceridade, esse não querer, esse poder de dizer "sim" ou de dizer "não"? Se isso for ser livre, talvez eu queira continuar presa. Ou não. É que eu nunca fiz isso, eu nunca saí de dentro da minha gaiola. E eu repito como um papagaio velho, "nunca fiz isso", "não sei o que fazer" e "não sei o que dizer". Repito quantas vezes puder, pra ver se alguém me ouve, pra ver se alguém me entende. Pra ver se alguém me ajuda, me aponta um caminho, me dá uma luz. Só sorrisos e palavras mais doces do que costumo ouvir não me ajudam a escolher.
E agora?
Penso várias vezes em quanto tempo tenho para viver essas pequenas mentiras, fingindo que tudo está ótimo, que tudo está bem, que tudo está do jeito que eu quero. E acontece algo muito estranho: quanto mais se aproximam, mais me distancio. Mais quero a solidão, mais quero o nada. Esse nada tão querido que parece me abraçar e me acalmar, dizendo que sou jovem, dizendo que estou certa, dizendo que tenho tempo e que ninguém manda em mim.

Eu quero me apaixonar por você. Quero com todas as minhas forças que você me conquiste, me tire da dúvida, acabe com essa incerteza. Vem. Me ama. Me beija, me abraça, me desgasta, me enlouquece. Faz de mim o seu equilíbrio, faz de mim o seu coração, faz de mim as suas dores e as suas vontades. Eu quero ser sua, e quero que você seja meu. Quero ouvir a sua música quando você me ligar, quero ouvir a sua respiração no silêncio da madrugada, quero sentir os seus dedos no meu cabelo e seu corpo em choque quando tocar o meu. Quero a maciez dos seus lábios soprando meu ouvido, suspirando, sussurrando, murmurando com ternura e certo desespero qualquer frase que me faça rir de nós dois e da minha inexperiência. Eu quero você aqui. E quero agora, nesse instante de desespero, onde a dúvida me corrói com força. Tenho medo de me arrepender, preciso de um conselho. Seu. Preciso ouvir a sua voz; preciso me acalmar. 

Ai, ai. Ser tão jovem e tão inexperiente é realmente uma tristeza. Me atrapalha muito essa falta de informação, esse não saber. Eu estou apaixonada, e a negação sempre foi o caminho mais fácil. Mas será que eu sempre vou fugir? Fugir para sempre de mim mesma, de nós, de um futuro? Fugir de um "sim", de um "talvez", fugir de um "nós"? Um dia vou me sentir sozinha, e sei para quem vou correr, sei de que abraço vou  precisar, sei que sorriso vai me acalmar.



15 de outubro, 14h14

Estou disposta a lutar. Acredite em mim, confie em mim outra vez, por favor. Não faça isso comigo.
Eu não quero jogar todo esse tempo pro alto e esquecer.





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dó menor à sétima


Eu não acreditei
quando ouvi você contar pros seus amigos
o que a doida da sua namorada fez

Até esse momento a gente era
um rolo um pouco longo
durava mais de um mês

Nunca me passou pela cabeça
que eu fosse pra você
coisa mais que um borrão

Achei que a gente era
aquele amor "não sobe serra"
que não dura mais que um verão

E ouvindo você rindo
e contando que eu matei
a barata atrás da nossa cama

Eu comecei a rir
e me toquei de que
dando amor a gente também ganha

Tipo quando eu te faço carinho
bagunço seu cabelo
e você só reclama

Isso quando não vem
e me aperta, me morde de verdade
pra mostrar quem é que manda

("E eu só peço que os bons ventos
te tragam de volta algum dia
pra eu poder dizer
que talvez tenha sido um novo amanhecer
na minha vida")

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quando eu descobri a nossa música

Aqui, eu já escrevi sobre amor. Já escrevi sobre sofrimento, aquele sofrimento adolescente, com dor no coração e traumas que, daqui há dois meses, eu nem lembro mais de onde vieram. Mas agora eu vou fazer algo que não me lembro de ter feito antes: vou escrever pra você. E vou fazer você ler.

"'Meu querido'.

sinto muito por ter dito coisas que não deveriam ser ditas. Sinto também por machucar você machucando à mim mesma. De todas as bobagens que já fiz, essa é a que mais me dói, afinal, atingiu você. Eu sei, eu sei, talvez daqui há um mês já não seja você o meu querido, talvez você seja apenas uma lembrança boa - ou talvez, quem sabe, não tão boa. Mas não quero isso. Pela primeira vez em meses, quase um ano de uma dor reprimida... pela primeira vez em muito tempo, quero alguém. Quero ter um número decorado, um toque especial no celular; quero reconhecer a lanterna de um carro, quero saber o cheiro que ficou na minha blusa, quero esperar uma buzina, saber de quem é a mensagem que está lá, piscando, quando eu acordo. 
E sabe o que vai acontecer quando você for embora? Eu vou acordar às três da manhã (com despertador) só pra te ligar e te desejar uma boa noite de trabalho. Como eu fiz há um mês, há três semanas, há duas semanas atrás.
Eu acabei de sarar, sabe. E não te contei. Por que eu não te contei? Não achei que você quisesse saber. Não queria te bombardear com problemas que estou tentando esquecer. Por quê? Porque não quero que você sinta o que eu sinto com meus problemas. Você não me pertence. Assim como eu não te pertenço. O que nós somos? Somos dois espíritos livres, dois corpos sem dono, duas pessoas que nem o destino explica como se encontraram. Foi um acaso tão grande, mas tão grande, e tão tipicamente brasileiro: foi pelo futebol. Você, fanático pelo seu time como eu sou pelo meu; uma combinação perigosa, mas infalível. Você, com o seu jeito de moleque sem juízo, me deixou fascinada. Tão tranquilo, tão risonho, e tão bonito. 
Quando a gente se viu pela primeira vez, já éramos amigos de longa data. Foi meio irônico, não sei se só eu percebi. Você ali, comemorando um aniversário que eu só vou comemorar daqui há dez anos, e mesmo assim era pra mim que você sorria. Tão jovem! Não eu, você. Tão jovem, tão moleque, tão perdido e mesmo assim, encontrado. Não sei se dá pra entender o que eu vi em você, mas não foi só um monte de tatuagens ou um carro preto raspando no chão; eu vi em você o que quero que as pessoas vejam em mim: eu vi uma pessoa amada. Uma pessoa que todos querem bem, e que quer bem todo mundo. Parece até letra de música do Arnaldo Antunes. 
Eu vi em você uma loucura gostosa, um sorriso verdadeiro que eu não via há muito tempo. Ali só tinha verdades; falsidade e aparência, eu não vi nada disso. Eu só via uma molecada descomplicada que se amava muito. Amizades de anos, e anos, e anos... E eu ali, mais perdida do que eu mesma; conhecia algumas pessoas, mas e aí? Onde eu me encaixava naquilo tudo?
Você veio me socorrer. Eu me deixei seduzir, é verdade. Por que lutaria contra alguma coisa que de cara, só me fez bem? Eu dei tanta risada e troquei gente muito importante, troquei uma festa que ficou marcada, troquei danças e bebidas por você. Porque você tinha muito mais pra oferecer, e eu ia ficar pra ver. Eu não podia sair antes do fim do espetáculo.

A culpa é toda sua.

Foi você que me ligou a primeira vez, que me mandou mensagem, que sorriu, que veio. A culpa é toda sua.
E eu tenho tanto a agradecer por você ter feito tudo isso!

Tem uma coisa que você não sabe sobre mim: tenho tendências depressivas constantes. Alguns amigos podem confirmar essa informação: sou uma pessoa triste e desacreditada. Do amor, da vida, da felicidade. Pra mim, é tudo conversa fiada. Ou era. Eu nem sei mais. E eu só não sei porque você tá aqui, na minha vida. Seja culpa do acaso, seja culpa do destino, seja culpa de ninguém: obrigada. 

Existe mais uma coisa; nós temos um detalhe importante em comum. Dallas Green e sua voz inconfundível.

Aqui eu deixo meu pedido de desculpas por ter dito alguma coisa que eu não deveria ter dito; honestamente, querido, desculpe. Prometo que tento não te deixar chateado nunca mais. 

E obrigada por me ajudar, me ligar e salvar a minha noite. A sua voz alivia a dor desse braço lesionado muito mais do que os anti-inflamatórios."

domingo, 16 de setembro de 2012

Os clichês são honestos

Primeiro: eu me chamo de impulsiva, sim. Se não, eu não teria passado madrugadas em bares, nem ido à viagens, nem conhecido gente. O impulso me trouxe onde estou.

Segundo: isso no meu coração não é um buraco. Buracos foram feitos para serem tapados, cobertos, escondidos, preenchidos. Não. Você - infeliz infame, alma desgraçada, homem sem caráter, falho e desonesto - não conseguiu me machucar. Você não fez nada em mim. Nem cócegas. O que deixou aqui foi aquele clichê honesto, uma cicatriz. Eu estaca cutucando a casquinha, mantendo a ferida aberta, mas agora você mesmo costurou e fez um curativo. Clichê e meloso, mas foi o que houve de fato.

Terceiro: eu, com toda minha indelicadeza e toda minha falta de tato, até eu sou capaz de sentir. Então meça suas palavras comigo, porque além de vingativa, eu sou boa de memória.

Quarto: desculpe pelas frases vindas direto das páginas facebookianas como "Mulheres Malvadas", mas elas são indiscutivelmente verdadeiras. E apropriadas. Por ora.

domingo, 9 de setembro de 2012

Dia #2

Meu café frio descansa na caneca, enfeitando minha mesa.
Ouço uma música que na verdade, nada me traz de bom, senão o sentimento de abandono.
Daqui, da minha cama, vejo uma pilha de papéis. E livros. Eu deveria estar estudando.
O cálculo básico é simples: ele viajou mais de mil quilômetros para me dar um bronca.
Sinto a culpa corroer minhas entranhas como um veneno.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Feliz aniversário

Feliz demais para descrever.
Já sinto saudade.

Eu? Assim? Feliz!? Há quanto tempo, hein, felicidade. Honestamente, você tem sido pouco justa com a minha pessoa. Eu merecia mais dessa sensação deliciosa de calor sob a pele, esse frio na barriga. É como se eu nunca tivesse passado por isso antes; uma sensação nova, inimaginável, algo inédito. É como me sinto agora.

- Muito prazer.
Com um aperto de mão, finalmente fomos devidamente apresentados. Um abraço logo em seguida, é claro. E sorrisos. Tantos sorrisos.
Naquela noite, passei por dois momentos que merecem destaque. Primeiro, tive o prazer de dizer "não" àquele que nunca me negou, mas também nunca me deu nada. Segundo, eu pude desfrutar daqueles momentos em que ninguém sabe direito o que está fazendo, embora ambos queiram a mesma coisa. Aquele esqueminha de adolescente de 12 anos, sabe? (Não que eu seja algum tipo de adulta, mas...)
Um olhar acompanhado de um sorriso, um abraço, mais um copo, risadas e mais risadas, e mais copos, e então um alerta na minha cabeça: onde ele está?! Saiu. Com alguém. Buscar um amigo, é o que dizem. Tudo bem. Ele é o anfitrião, não posso roubá-lo só pra mim. Mesmo porque não tenho motivos. Ou tenho? Ou queria ter? Ai, meu Deus.
Eu quero.

Quando o José e o Souza já eram história, as garrafas vazias espalhadas por ali, eu soube que precisava fazer alguma coisa. Ou ir embora, ou tomar uma atitude. Mas eu não estava com meus típicos picos de atitude e coragem de sempre - estava meio travada. Falta de prática, talvez. Ou só medo. Medo?, você pode pensar. Você? Medo de quê? Medo da rejeição que além de possível, era provável.
Mas não. E, para me garantir que meu medo era só uma bobagem da minha cabeça que pensa demais, foi você.

Você sorriu primeiro.

sábado, 25 de agosto de 2012

Manchas de 'talvez'

No papel, milhares de manchas coloridas. Misturas de azul e vermelho. Muito azul. Muito vermelho. Um pouco de verde nos cabelos; no desenho, o vento sopra com força, e o rosto desenhado demonstra tristeza. Talvez, imagino, seja um reflexo do interior de quem pinta. Talvez seja eu, num papel, com mais cor do que a realidade permite. Talvez seja apenas uma face do que está aqui, preso e adormecido, não?, questiono. O papel enrugado e molhado, afinal aquarela usa muita água. O papel sempre esteve molhado, e eu posso nem ter percebido as lágrimas. Ou talvez elas estejam ali, no azul, quando sopro o excesso de água sobre a tinta. Sobre mim mesma, até.

Um dos rostos desenhados está tranquilo. É uma garota, uma garota doce, um pouco triste, admito, mas em paz. Ela tem o cabelo jogado e colorido, como é de esperar, e solta fumaça pelos lábios grossos. Talvez a fumaça seja o meu jeito de representar tudo que quero dizer, mas que ninguém parece ouvir. Como fumaça. Não se pode prender, mal se pode ver. Só existe, sem atenção. Fumaça cor-de-rosa, porque é doce. É doce e delicado. E inútil.
A única coisa em comum entre todos os rostos é que os olhos sempre estão fechados. Sonhando, talvez. Dormindo durante um pequeno momento. Uma piscadela e pronto, meio segundo de sonho, a imaginação à mil. Meio segundo de paz. Talvez, se mantivermos os olhos fechados, como no desenho, por toda a eternidade, possamos sonhar para sempre.
A garota ainda solta pelos lábios grossos as palavras que nunca serão ouvidas. A fumaça delicada e ignorada.

Pássaros, com enormes asas abertas, espantam o que há de ruim. No laranja forte, no verde pacífico, na mistura de várias cores e tons - penas tão coloridas quanto as reais, sim? Escritos perdidos entre um desenho e outro, porque tenho poucas folhas para usar, então abomino o desperdício de espaço. Tudo deve ser preenchido, seja com palavras, seja com cores, seja com manchas, seja com lágrimas, seja com uma pincelada suja, a mistura de todas as cores que possuo.

(Unfinished)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cinco laços

O vento sopra
e eu já não posso mais te ver
te levou embora
Se o sol se vai, começa a chover

Cinco laços
não há nada que possa
dizer ou fazer
que não me faça lembrar
e que eu possa esquecer

O verbo que te leva
é o mesmo que te trouxe aqui
Um capitão sem rumo
que encontrou em mim o seu navio
A âncora deixou a sua marca
mas pode ir em paz
alguém no passado me ensinou
a não correr atrás

O vento sopra
eu fecho a janela do meu quarto
(...)


domingo, 5 de agosto de 2012

À minha esquerda

O rapaz à minha esquerda segurava meus dedos com certo desespero. Amigos são pra isso; "aperte minha mão o quanto precisar, eu estou aqui". O outro, à minha direita, tinha olhos bonitos. E eu achei melhor avisá-lo do fato.
O rapaz à minha esquerda estava muito mais bêbado do que deveria, mas o que eu podia fazer? Já era muito bom que estivesse apenas bêbado. Mas ele continuava com aquele olhar perdido que tirava o meu rumo e também o meu sossego. Como se procurasse uma forma de fugir. E existem tantas...
Mas o rapaz à minha esquerda é muito mais forte do que eu julgara a princípio. Ele disse não, ele preferiu minhas mãos quentes e um pouco de grosseria. Eu queria poder abraçá-lo e garantir-lhe que, pela manhã, mal se lembraria de tudo e esta teria sido apenas mais uma noite, mas o amanhecer se aproximava de forma rápida, e eu não queria mentir. Nem poderia, na verdade. Ele saberia. Ele já sabia.

À minha direita, os olhos bonitos foram tomados pela vermelhidão típica, mas a conversa não perdeu o rumo. Havia algo de verde naquele olhar tranquilo. Talvez seja italiano, pensei. Muito branco e muito barulhento. Quando gritou com os amigos, tive certeza: italianíssimo.

Mas naquela mesa de bar, àquela hora da manhã, eu já não podia deixar de perceber que o rapaz à minha esquerda se fechava mais e mais contra sua própria vontade. Algumas risadas escapavam da boca cerrada, mas ele já piscava mais devagar e começava a se entregar. Não ao sono, não ao cansaço, não ao álcool corroendo suas veias. Começava a se entregar àquilo que lhe tomava as forças, algo sem nome, sem cor e sem cheiro, mas com uma força inacreditável. Eu apertei seus dedos, senti sua pulsação, tentava salvá-lo. Mas não podia. Não ali.
" Vamos?", convidei. "Tenho que ir embora em duas horas."
Ele sorriu. Não entendi esse sorriso.
Nunca entendo seus sorrisos.

Caminhamos pelos paralelepípedos à luz de postes elétricos, de mãos dadas por causa do frio, eu com a camisa dele.
Porque, apesar de tudo, ainda existe o cavalheirismo.

Conforme o caminho surgia e nosso destino chegava, eu ia criando uma consciência plena de que estávamos bem. Estava tudo bem. Nossos dedos entrelaçados eram muito raros, porque eram apenas dedos entrelaçados, sem entrelinhas. Estávamos em paz.
Mas é claro que quando a calmaria é grande...
Tinha que ser eu. Ele era bom demais e amigo demais e talvez até estivesse bêbado demais para perceber que eu resistia com força à tudo que me atirava naquela direção. Mas eu estava mais fraca, e num momento de loucura houve um deslize, um delírio, e acabou. Eu tinha feito.
Ele riu. Aquela risada que eu não decifrava, o sorriso que eu não entendia.
Usou um termo que eu não gosto para descrever erroneamente uma situação que eu havia causado. Tudo errado. Estava tudo errado. E, pra piorar tudo, ele deixou.
Por que ele deixou?

Na mesa do boteco eu anunciara à quem quisesse ouvir que havia um combinado. Um combinado que era nada mais que um limite. Algo que eu impusera. E agora, eu o quebrara.
Com ajuda.
Éramos dois idiotas.

Resolvido o problema e enterrado ali, naquela esquina, seguimos caminho.
Havia uma garçonete. Alargadores, cabelo ruivo, chopp grátis.
E havia ele, meu companheiro de boteco. Eu o entregaria nas mãos de quem derramava chopp bar adentro. Sem remorso, sem dor. Apenas alívio. Ela era boa com as mãos.

Não se passaram dez minutos. Eu juro pelo que há de mais sagrado.
O deixei na porta do bar, nos braços da ruiva, com seu sorriso gentil e seu jeito de menina. E ele, sorridente - como sempre. Desejei boa noite e virei para o outro lado. Desci o quarteirão e, sem pensar duas vezes, entrei. Subi o elevador, com sua velocidade super sônica, e logo estava dentro do apartamento, procurando um lugar pra dormir. Haviam corpos demais pelo chão, poucos colchões - e de repente, o interfone. O porteiro anunciou o nome de quem devia estar em mãos que derrubam chopp. Mandei subir, sai do apartamento e fui esperar no elevador. Haviam dois motivos: 1) eu queria saber por que estava voltando tão cedo e 2) não podia deixá-lo fazer qualquer barulho.
Quando a porta do elevador abriu, ele veio de cabeça baixa, muito rápido. Ficou surpreso por me encontrar ali, esperando.
- O que você está fazendo aqui?
- Vim pra você não poder fazer barulho.

Ele tomou minha mão e seguimos corredor adentro.
Entramos no apartamento, e eu disse "Fique quieto."
Depois disso, ficou tudo escuro. E tenso. E embaçado.
Eu já não sentia. E eu lutava muito contra, enquanto meu corpo clamava; clamava pelo calor. Pelo toque. Pela proximidade.
Ouve uma explosão, e ele sorriu.
Ele sorriu, e eu finalmente entendi seu sorriso.


domingo, 29 de julho de 2012

50 segundos

Na boemia da noite que não acaba, na cerveja, no papo curto à beira bar. Encostada numa bancada de madeira cheirando à mato, com um sorriso sem sentimentos que só serve para atrair a atenção do garçom. É assim que me vêem; talvez.
Força na tampinha, o líquido derrete meu esôfago e eu me derreto em vontade. Às vezes, não sei, pode haver um motivo para tudo isso. Ou não.
A abstinência me tira o sono e, então, fujo para letrinhas sem toque num espaço comprimido. Nem há som. Nem há razão. Não há nada, na verdade. Só um monte de tentativas frustradas de fugir, talvez, para um lugar-comum longe de tudo e perto de mim.
E então, o aleatório. Um nome qualquer. Eu preciso de ouvidos.
Sempre fui a ouvinte, ou sempre tentei ser, mas hoje não há escapatória: alguém tem que me ouvir. Por favor (eu imploro, de joelhos, sem medo, me ouça!).

Pobre rapaz, não merecia ser ouvinte de tragédias de tão pouco nexo.
A verdade é que quando o desespero nos assola por completo e chegamos ao fundo do poço, não podemos fugir. Eu não posso. Minha única opção é vomitar o que estiver sendo lenta e dolorosamente digerido pela minha consciência tão pouco suscetível à falha de memória. Me lembro de tudo. E isso me fode.

No entanto, há uma escapatória. Ou eu pensei que havia. Porque eu abri minha consciência e dei à mim mesma o luxo de desabafar. Plena. Completa.
Pobre rapaz.

Mas o que realmente me assusta é a quantidade de vezes em que concordamos. Pontos cegos em conversas de boteco. Buracos mais fundos; um pouco de deus, um pouco de diabo. Tinha até destino e fé. E risadas.
Mas isso é uma história que ainda não tem fim.
Imagino que será encerrada com cevada.

terça-feira, 24 de julho de 2012

É exatamente o que eu preciso

É noite.
Há estrelas num céu
coberto por nuvens.
Há um brilho
que eu não posso enxergar.
E eu preciso tanto;
da luz nessa escuridão,
preciso encontrar,
preciso chegar lá.
Um passo no asfalto molhado.
Um passo em falso.
Um pensamento leve
e eu não penso.
Só deixo que esse algo
me leve pra longe
sem deixar rastros.

domingo, 22 de julho de 2012

S.O.S.

SINAL VERMELHO!
As coisas saíram de controle.

Eu pensei que esperar você voltar seria fácil. Eu simplesmente veria o tempo passar, e então, como mágica, dezembro chegaria, e com ele viria você - e seu perfume que eu ainda não consegui identificar. Mas, como eu já deveria saber, nada foi como eu esperei que fosse. Eu me desapaixonei outra vez por (ou de) você. Passou. De novo.
Não é a primeira vez que a distância destrói um sentimento pulsante dentro de mim, mas é com certeza a mais suave. Eu nem senti quando o tempo puxou o fio que segurava minhas feridas lambidas e cuidadas e a distância o cortou, mostrando que eu estava cicatrizada e já não precisava de fiozinhos de memórias segurando coisa alguma. Interessante, não? Eu mal posso explicar, na realidade. Minhas palavras... bem, parece que estou enferrujada.
Na verdade, eu só tinha que te contar.
Não me compre um copo de dose.

Eu já não sou assim tão louca quanto eu era, sabe; passou. Passou a loucura, passou o tempo, passou você.
Estou pronta pra outra.

E que demore.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

So tired

I read young people talking about love without feeling it. I read old people talking about our time without knowing it. I read mothers and fathers talking about their son's bad behavior without reason. I read about hypocrites talking about drugs, about sex, about alcohol, about everything without trying it.
I'm getting tired of reading false and hypocrite people talking about what they don't understand. About things they've never felt. About a world they don't know. Stop trying to be politically correct if you're not. Stop pretending judge people when you act like them.
Stop making this world worse and start thinking again about your opinions - your real opinions. Don't let media make your thoughts. Think with your own mind. Judge what you think is right or wrong.
What YOU think.
Please. I'm so tired of all this hypocrisy and falsity. And, sure, I'm tired of this empty space people call heart, today.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sorriso e Serenidade

Elas são muito diferentes.

Uma é a fogo, ardendo, brilhando, mas presa dentro de um casulo no qual ela nunca quis entrar, e só agora está descobrindo como sair. A outra é água, calma, tranquila, pacificadora. Mas tem muita força, muita vontade e muito poder. Elas não são reveses, são complementos, são as metades de um todo cheio de segredos. Separadas elas perdem força, mas não são dependentes. São apenas complementos. Como um par de dados, talvez. Onde um fortalece o outro, mas não há necessidade.
Com o tempo, aprende-se a diferenciar. Não só o rosto ou o corpo ou o cabelo ou o sorriso. Aprende-se a diferenciar as ideias; a forma como o Fogo joga o cabelo para o lado, ou como a Água baixa a cabeça quando quer escapar.

Elas são muito diferentes.

Até no toque do abraço, ou no cheiro, ou no franzir do cenho podemos ver que são tão diferentes como todo mundo. E às vezes são essas diferenças que fazem com que sejam tão iguais. Não é fácil de entender, mas é assim. E quando as confundem, e elas sorriem, por dentro clamam por um pedido de desculpas, alguém que diga: “Como você pode confundi-las? São completamente diferentes”, porque elas sabem que não são iguais. Jamais serão.

Elas são muito diferentes.

domingo, 17 de junho de 2012

Destino e um santo

De fato, era atordoante. A rapidez dos fatos,
uma sucessão rápida de fracassos.
No mesmo instante era sim e não e sim
outra vez; sem saber jamais que fim
haverá de ter.

Inegável, arrependimento supremo, e
embora o Destino me fosse afável
e tentasse se perder nos nós do meu cabelo
num carinho que eu nunca quis,
pedi mais uma vez à qualquer santo que
confiasse e me ajudasse e então jogasse
os dados por mim, fazendo com o que
o Destino nada pudesse fazer para
reverter o que já havia sido feito.

Não se mexe no passado; nem Destino
e nem santo, nem quem pode, nem quem deve.
Passado é passado porque já passou;
é redundante, mas não há definição melhor.
Quem hoje não está mal, ontem estava na pior
e amanhã, poderá governar mais que o
santo e mais que o Destino, supremo sobre
tudo que acontece agora e aqui e lá e depois.

[E se ecoa o meu nome dentre essas paredes
que não podem conter nem o seu grito,
quem poderia segurar a força de um ser
louco para ser?]

Espero eu que haja um rio frio esperando
por mim num futuro não muito distante.
Num verão tão quente quanto o inverno é frio
pra mim já é o suficiente, se é que alguém me
entende quando faço analogias às estações.
Que posso esperar? Agitação molecular à níveis
invisíveis e intocáveis, embora infinitos.

[Você ainda não consegue conter a minha voz
e a minha força e o meu sonho e a minha vontade.]

Basta aguardar no Destino, sem santo,
que haja o verão quente, que haja meu rio frio,
que haja contenção de palavras, mas não de
significado. Que haja quem me diga "não" e ria
e então me permita.
Aguardar no Destino um dia qualquer em que
o passado volte, e a redundância se aceite
[pelo simples fato de ser]
pelo simples fato de não ser assim tão impossível,
tão incerta e tão redundante, e tão boba, e tão
humanamente errônea.

Vem, Destino, e prega nessas paredes o que falta
para que a minha voz seja contida
e o vapor do suspiro seja contido
e as garras sejam imunes à dor
e já não se possa fazer mais nada.
Porque será passado.

sábado, 2 de junho de 2012

Prólogo

Eu caí no desespero.

Finalmente entendi a sensação de afundar no abismo da loucura; foi um segundo. Um segundo longo demais, admito, mas foi apenas um segundo. A morte me pareceu mais fácil que a vida, eu resolveria meu problema e daria cabo de tudo. Puf.

No segundo seguinte, me peguei no flagra. Minhas mãos trêmulas, a boca entreaberta e os olhos se fechando. Uma gota de sanidade sobrevivera à inundação da loucura, e eu estava de volta. Boom.



Nadei em direção à praia, respirando água; oxigênio e nitrogênio não me davam o que eu precisava, e eu procurei por mais. Mais. Mais. Quase lá, e meus pulmões pararam, mas eu não deixei que parassem de fato. Eu ainda tinha um caminho a percorrer. Mais rápido. Mais. Mais. Havia um longo caminho, e minha força se foi. Os braços pararam, o pulmão travou e os lábios se fecharam. Os olhos, estáticos, imóveis, miravam a praia como se fosse Deus estendendo a mão pra mim. Deus? Isso, continue. Confie naquela força cósmica celeste divina que sempre lhe foi boa, ou assim lhe disseram. Nade. Há uma mão guiando o seu caminho. Meus pulmões voltaram e, se eu não estivesse à ponto de me afogar no mar que eram as sensações naquele momento - agora -, eu teria sorrido. Mas não havia tempo nem energia para sorrir. Esticar os lábios sobre os dentes... que diferença faria? Se fizesse alguma, eu estaria de fato viva, e não meio-viva, lutando pelo resto de respeito e fé que me foi dado. Sorrir. Ha, ha, ha. Faz-me rir, vida. Você me ensinara há pouco que não demonstrar e demonstrar não possuíam qualquer diferença, na situação em que eu estava. Na realidade, quanto menos eu dissesse, sorrisse e chorasse, melhor.

Faz algum sentido? Morte e vida, numa relação tão descomplicada que me parece quase boba.
Algo do que eu disse... Nada, na verdade. Uma história sobre nadar até a praia e acreditar em algo para se salvar.

Não há fim para o primeiro ato, porque estou no prólogo.




terça-feira, 29 de maio de 2012

3

I

Bateu uma saudade. Foi forte, deu um tranco no meu ombro, me chacoalhou. Eu estava acomodada, mas agora não estou mais. Sinto falta de tardes passadas à beira-colina, sem dizer nada, só com seis cordas nos dedos. Uma risada e talvez um xingamento, dito baixo, sem ninguém se abalar. Já estávamos acostumados aos tratamentos rudes, porque quando há aquilo que havia, não há necessidade de nada mais.

II

Passei na frente daquela esquina e quase me emocionei. Foi lá que aprendi a misturar conhaque e limão, e tomar tudo num trago, só pra me sentir mais leve. Um showzinho no improviso, só pra tornar a noite um pouco mais alegre. O tempo todo os seus braços estavam ao redor dos meus ombros, como se me protegesse daquele monte de jaquetas de couro, coletes jeans e siglas de bandas de heavy metal. Eu nem tinha mais medo, porque afinal, eu provavelmente era mais macho que todos vocês juntos. Mesmo sendo uma garota. Só que ainda me lembro do cheiro de cigarro e dos escorregões naquele chão liso. As madrugadas atravessadas, rápidas como flechas. E um gosto de eternidade que ficava na boca.

III

Já são três meses, quase quatro. Eu ainda estou sentindo um aperto nos meus lábios; como se o último beijo jamais tivesse terminado. Nunca mais foi a mesma coisa. Um abraço no escuro, um adeus murmurado. Engraçado como, mesmo depois de tudo, eu, que sou eu, com esse jeito de sem-coração e essa frieza, essa mania de amiga-de-todo-mundo, essa falta de ligar pras coisas, ainda ficava sem jeito quando via o reflexo dos seus dentes brancos sob uma luz fraca qualquer. Será que eu consegui superar? Abstinência tem efeitos colaterais. Eu tive que descobrir sozinha. Não havia remédio que curasse o tédio e o vazio.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sobre o nada simples

Se no lugar do meu coração houvesse agora uma pedra de gelo, honestamente eu não sentiria a diferença.

Esperei por tempo demais para que viesse alguém como ele e finalmente me dissesse tudo o que foi dito; quando aconteceu, eu já estava preparada para ouvir uma brincadeira, uma frase carregada de ironia líquida, tão quente que me queimaria até os neurônios. Mas ele foi doce. Tão doce, que me sufoquei.

Não gosto de ser bem-tratada. Isso é um fato sobre a minha personalidade e os meus sentimentos em relação às pessoas e à tudo. Se você for legal comigo, eu vou te ignorar. Ao contrário do que é descrito em tantas cartas desilusórias ("Nós, mulheres, não queremos ser tratadas como lixo. Trate-nos como as rainhas que somos."), um monte de blá blá blá... Bom, é assim comigo. Eu não gosto de ser bem-tratada.

Isso não significa que você precise cuspir na minha cara e me tratar como lixo. Não, pelo amor de Deus, NÃO. Só não seja doce. Nem amoroso. Nem carinhoso. Nem sorridente, nem apaixonado, nem me diga coisas bonitas. É legal, é delicioso, e é enjoativo. Eu prefiro que você me faça querer que você diga, e não dizer. Entende o que quero dizer? (?)

Me force a desejar. Não seja óbvio, por favor. Faça a gentileza de ser exatamente o que eu não espero que você seja. Vamos, surpreenda.
Acho que tem à ver com o modo como eu sempre tive o costume de ver o mundo. Nada previsível jamais me atraiu. Eu tenho uma mania chata de esperar as coisas e imaginar como elas são. Tenho uma brincadeira com a minha mãe: quando estamos assistindo filmes, divagamos sobre as possíveis próximas cenas, e geralmente acertamos. Quando erramos, é porque o filme é bom; foge do roteiro óbvio. Comecei a aplicar isso à minha vida: quando era óbvio, não me agradava, nem me atraía, e eu já não queria mais saber. Mas quando me surpreendia, eu simplesmente me encantava e corria atrás. Mas só enquanto me surpreendesse.
É difícil.

Porque eu quero que esteja em constante mudança. Em constante mudança. Em constante mudança.
Não pode ser o mesmo, nunca.

(Sem fim, porque isso não tem fim.)

domingo, 27 de maio de 2012

XVI

É falta de tempo, de coragem,
de vontade, de motivo.
É olhar para dentro
e não ver nem sombra de luz,
daquela luz que possuía
as minhas entranhas tão escuras.

E enquanto observo
o mundo com essa cara de paisagem,
olho para o centro
e toco meu córtex com uma
delicadeza sensível.
Um papel cheio de rasuras.

Mais uma vez, eu procuro
nas minhas memórias por uma passagem
que justifique com decência
o por quê de o tempo passar
com uma pressa incompreensível,
uma vontade de chegar ao fim.

Afundo, e devagar, sem pressa
vou chegando ao fundo do que me parece
um cálice de gosto amargo,
prendendo meu corpo àquilo de que
estou tentando fugir há tanto tempo.
Fugindo de tudo, fugindo de mim.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sorry for the weakness

I miss you.

So, I watched you go. You have never told me that some day, I'd be alone. Why? Why you didn't warned me? I'd... I would... I would try to get prepared; for the loneliness. For the fear. For the dark side of a broken heart. You left me with a kiss and the last try. Away. You are away from me. So far away.
I never thought you would still remembering me after all this time. I had time to think about it, and do you know what I realized? You have never lied. Not even once.
You've never said you love me. You've never said you wanted me to be yours. You've never hugged me truly. You've never...
I mean, the only thing you've done to me was give me scars and pain. You've hurted me deep, but whatever, now you're away, it doesn't really matter a thing.

(Unfinished.)

terça-feira, 1 de maio de 2012

220

E lá vem elas.
Malditas borboletas.

Nem as vejo chegando. Parece que quando tenho certeza de que a janela está fechada e a porta totalmente chaveada, com direito a correntinha e olho-mágico, elas já passaram pela minha segurança mal-armada e pousaram direto no meu estômago. Um looping pra cada toque do celular, um piscar rápido de olhos à cada buzina. É a tensão e a emoção de uma nova chance... jogada no lixo. Por que as coisas sempre começam tão mal?

Num dia é um sorriso, e é um som tão bom de se ouvir, nada mais além de um "filho-da-puta" amigável atirado através do ar. No outro dia, posso cortar a tensão sexual com uma faca de cozinha ou até uma tesoura cega. É palpável e assustadora. Fico diminuta perto do tamanho da minha inexperiência; sou assim tão infantil?!

Então, preocupações tão maiores tomam minha atenção, e sequer desvio o olhar do meu caminho por demais estreito e por demais curto. O objetivo está ali, mas não quero alcançá-lo. No entanto, ele vem. Eu o encaro com a força que tirei de dentro do meu pobre coraçãozinho recém-degelado. Não dói. Não me machuca. Não me custa. Só me gusta. Estou pronta, e então passou, como um tiro. Estou à salvo.

Mas o caminho para casa me deixa com muito mais medo do que eu poderia imaginar. Enquanto eu pensava estar salva, aquelas borboletas, malditas borboletas, acordaram do sono leve demais e começaram a voar. Alçaram um voo raso e ameaçador ao meu redor. (Estou em perigo estou em perigo estou em perigo). (Outra vez).

Um jogo de cor sobre cor.
Estou perdida outra vez.


Não consigo descrever como quero vomitar ao pensar na minha falta de tato. Sou uma verdadeira criança. É muito pior do que eu podia ter imaginado.

sábado, 21 de abril de 2012

Qualquer coisa velha na gaveta


Existe um outro sorriso
que me ajuda a não definhar,
a te esquecer um pouco,
a não enlouquecer.

Não é nada perto do teu,
que também me faz sorrir,
que me faz sonhar
e que eu não consigo esquecer.

Mas é muito, uma vez
que de você, não posso
ter nada
graças à distância.

É bom pra mim.
É suave, é bonito,
me deixa vidrada,
como o seu fazia.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um dia esses dias virão

Feche a porta e apague a luz, que minhas memórias querem dormir em paz. Estão cansadas de serem frequentemente lembradas, usadas como ponto de encontro entre uma festa e outra. "E aquela noite em que estávamos na sua casa, se lembra?". E lá vai a minha cabeça, procurar nos confins dos dias de glória já esquecidos um momento específico, uma lembrança boa, um sorriso, um beijo já esquecido, amassos numa cadeira ou num sofá qualquer. Um dia ou uma noite em que estávamos por demais bêbado ou cansados para nos lembrarmos de um ou outro sinal, notado talvez por um ou dois de nós. Bons tempos aqueles em que eu tinha tudo guardado comigo; mas hoje são tantas noites e tantos momentos, tantas risadas e piadas, que desculpe, não vou me lembrar daquela sobre a galinha que pulou uma cerca.
Posso, daqui uns vinte anos, enviar-lhe uma carta dizendo "Querida amiga, achei justo lhe dizer que numa noite dessas, sonhei com aquela festa na minha casa - e se você não se lembra, posso ajudar dizendo que foi aquela em que estávamos rindo da menina que bebeu muito conhaque", e assim por diante. Posso, talvez em uma década ou duas, telefonar no meio da noite, numa terça-feira, lá pelas três e pouco da manhã, apenas para dizer que, finalmente, me lembrei de como era a voz daquele personagem dos vídeos que nos faziam rir tanto... Eu espero que esses dias cheguem de fato, e que, então, eu me lembre de ter previsto tudo isso. Essas recordações, esses momentos em que percebemos que a vida já passou, e que nos orgulhamos da nossa juventude.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Veio

Veio para acordar o que estava calmo.
Para me ver debater
entre dois travesseiros,
mexer com o que estava quieto
há algum tempo.
Veio para ser outra vez o meu tormento.
Tornar-se outra vez necessário;
tornar-me outra vez dependente.
Despertou a saudade.
Do teu corpo quente,
do teu sorriso branco,
do teu hálito morno.
Dos beijos com que você
pagava o meu suborno.
Veio para reavivar
um sentimento que já estava morto.

domingo, 25 de março de 2012

Ela não queria batatas no forno

Está com 27 anos.
Ela sempre se imaginou morando em um apartamento pequeno, talvez uma cobertura barata, de paredes velhas, tijolinho à vista, com janelas imensas de vidro; um espaço de uns 200 metros quadrados sem divisórias. Uma banheira antiga, uma cama de mola, umas cadeiras e vários quadros grandes nas paredes. De preferência fora do Brasil. Não precisava ser New York nem Paris; ela aceitava uma cidade pequena, com poucos prédios, um jornaleco onde trabalhar e ruas tranquilas por onde pudesse passar de madrugada, sozinha, sem temer a próxima esquina. Imaginava-se solteira, com talvez um amante de quintas-feiras. Seria amiga do dono do café, que saberia de cor o seu pedido, um cappuccino açucarado e talvez até um biscoito de baunilha para acompanhar.

Mas ela se encontrava no segundo andar de sua semi-mansão, luxuosa, vista para o mar. O filho mais velho batia em qualquer coisa de metal no quarto ao lado, enquanto o mais novo gritava por comida, lá na cozinha. Ela estava cansada, mas ninguém entendia, afinal, o que uma dona-de-casa faz que a deixa tão cansada? Olhou para o relógio: 18h02. Ele ia chegar à qualquer momento, e não havia terminado de assar as batatas. Se as malditas batatas não estivessem prontas, sabe-se lá Deus o que ele ia quebrar dessa vez; ela torcia para que não fosse outro osso. Aumentou a temperatura do forno no mesmo instante em que ouviu o porteiro eletrônico sussurrar em sua voz metálica que o portão havia sido aberto. Tarde demais. 18h04. Não havia mais tempo. Colocou as panelas na mesa, espalhou os talheres e gritou para os meninos descerem. 18h06. Devia ter ido direto para o quarto, tirar os sapatos de $2.000 que tanto gostava. 18h07. As batatas continuam no forno. "Mulher!", ele grita, e o coraçãozinho frágil dela pula para a garganta. "Mulher", não, por favor. Mal sinal. "Está surda? Suba!". Ela esconde o desespero entre os cabelos curtos cacheados, arranca o avental de linho numa puxada e sobe as escadas. Não sabe o que é pior: demorar para chegar, ou chegar. Ele está com o blazer na mão, um sorriso irônico no rosto. "Feche a porta". Ela nem se vira: estica a mão e fecha a porta de madeira maciça, pronta para mais uma sessão rápida de sofrimento.
As batatas ainda estão no forno, e ela só queria estar num apartamento de 200m², com janelas grandes de vidro e uns quadros pelas paredes.

sábado, 24 de março de 2012

TAE

Sempre fugiu ao meu entendimento a incapacidade que certas pessoas (sem indiretas) têm de prolongar o próprio sofrimento. Elas mantêm seus pensamentos e sentimentos direcionados para aquilo que as machucou, independente de ter sido ontem ou há três anos atrás. Isso não fazia qualquer sentido pra mim. Quando algo nos machuca, nós fugimos disso, escondemos as cicatrizes sob mangas longas e procuramos novas quinas para batermos o cotovelo. Ou seria isso o correto, o natural. É o que o nosso corpo faz contra qualquer choque, seja mecânico ou psicológico.
Então, quando eu me vi na situação que eu sempre julguei inteiramente insana, tive três reações instantâneas: rir de mim mesma, chorar pela minha falta de senso comum e procurar uma saída. E foi procurando a saída que eu finalmente entendi que as pessoas não prolongam suas dores; elas simplesmente não sabem como deixá-las para trás. Sendo assim, criei o que eu mesma chamo de TAE - Tratamento Anti-Ele.
Você ignora. Você ignora. Você ignora. Mas não é só não responder as mensagens, não. Você não lê as atualizações do Facebook. Você não fala com ele por msn. Você não atende ligações. Você não conversa sobre ele, não desabafa sobre ele, não pensa nele. Você chora quietinha de saudade e não conta pra ninguém; e engole a humildade. Não engole o orgulho, não. Engole a humildade. Você pensa em si mesma como alguém que simplesmente não tem tempo nem paciência pra gastar com, pfff, ele.
Na verdade, é desgastante. Mentir primeiramente para si mesma, depois para quem está ao seu redor, e depois para ele. E não é tentar enganar, é mentir. Fingir. Com o tempo, a mentira vai virando a realidade, e o que antes você só queria que fosse verdade, se torna real. Com o tempo, as coisas mudam de figura, as cicatrizes finalmente secam e o seu coraçãozinho machucado volta a bater.

Você está pronta para um novo começo.





segunda-feira, 12 de março de 2012

Cheiro de chuva é coisa de interior

- Está sentindo esse cheiro?
- Que... que cheiro!?
- Esse cheiro de chuva. Você não tá sentindo?
- Cheiro de chuva? E desde quando chuva tem cheiro?
- Lá na minha cidade tem.
- Lá vem ela...
- E aqui também, mas aqui fica cheirando a asfalto. Lá cheira terra.
- Ah, menina, você é muito caipira.
- Pelo amor de Deus, use o seu olfato. Sente esse cheiro.
- Não tem cheiro nenhum.
- Você não sabe sentir cheiro, rapaz?
- Cheiro de terra? E eu lá vou querer sentir cheiro de mato?
- Quando você for comigo pra minha cidade, você vai entender.
- Nunca vou entender.
- É o melhor cheiro do mundo.
- E desde quando qualquer coisa relacionada a chuva é boa?
- Chuva é ótima.
- Nem sei como está chovendo, tava um sol horrível agora há pouco...
- Meu Deus, que cheiro bom.
- Para de falar desse cheiro de interior.
- O cheiro é de terra. De chuva, na verdade.
- Nem você sabe.
Olham através da janela da sala de aula. Estão no quarto andar. Ela sorri para as ruas asfaltadas e observam o cinza se tornar preto debaixo dos pneus dos carros.
- Sempre que chove, alaga algum lugar.
- Não é bem assim.
- É sim. Chuva só traz coisas ruins para as cidades.
- Ouve o que você tá falando, cara.
- É sim. Devia chover só no sítio.
- E como é que nós íamos nos refrescar? Olha esse calor infernal! Agradeço pela chuva, valeu São Pedro.
- Você é muito do sítio, mesmo.
- E você é muito urbano, não dá valor.
Um minuto de silêncio, enquanto ele via ela sorrir de novo, os olhos piscando pesado, a alegria guardadinha no coração cheio de saudade de casa.
- Lá... você saia na chuva?
- Sempre que podia.

Ainda está chovendo quando eles descem as escadas, e quando chegam no ponto. Ele entra no ônibus, mas ela continua a pé. Ele pensa em chamar, em dizer de novo que ela é louca, mas sabe o quando importa ter um pedacinho de casa por perto. O pedacinho dele acabava de dobrar a esquina.

sábado, 10 de março de 2012

Tão pouco europeu

Era tão francês; até o modo como mexia o seu café. Nos seus dentes francamente brancos, o reflexo de alguns dias ruins. Porque, sabe, as coisas ruins marcam a gente. O mais engraçado é que nem sempre fora tão francês, tão clichê, tão listado. Era bem americano, com seus McDonalds e sua mania de CDs e gordura saturada. Mas nem agora, francês, gostava de chuva; preferiria inteiramente um dia no shopping à um dia num café. Tão pouco europeu.

Só que nas marcas dos dedos, eu via que era mais másculo do que o francês permitia, mais delicado que o alemão aceitava, menos gordo do que o americano seria, tão bonito quanto qualquer grego nascia. Nos olhares escuros lançados, que não reluziam à luz forte do meio-dia, haviam sorriso tortos, de canto de boca, chorando. Mascava chiclete e carregava um livro. Conquistou.

Passava o dia à tinta e papel, porque era escritor por fora, e carregava sua Polaroid antiga, comprada à preço caro, porque era fotógrafo imediatista por dentro. Não queria para amanhã, queria para ontem, porque nem o hoje era rápido suficiente. Para um fotógrafo nato, aguentava pouco a tensão da darkroom. Imediatismo? Não era francês. (Tão pouco europeu.)

Só que conquistava mulherzinhas de pouca índole; aquelas que procuravam um romance nada original que seria contado em rodas de vinho barato, às nove da noite, em alguma reunião semanal de amigas antigas. Além de mainstream, pouco europeu. Mas ele?, ele não ligava, porque para cada romancezinho, criava uma personagenzinha, que conquistaria milhares de leitorezinhos e lhe traria um dinheiro nada 'zinho'.
Ligava demais para a casa em que vivia e a comida que comia.

Tão pouco europeu.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Previsão concretizada



Oi, gente!
Faz tempo que eu não faço um post, né? Só textos e textos e textos de amor, saudade, viadagem pura, etc.
Agora eu voltei um pouco pra contar uma coisa MUUUUITO legal que aconteceu, e que eu achei digno de compartilhar com vocês.

Eu estava em uma loja aqui em Apiaí, esperando na fila pra pagar (oh lord), quando encontrei uma revista e comecei a dar uma olhada. Era uma revista antiga do Inverno 2011, mas mesmo assim, achei interessante dar uma olhada. E qual não foi a minha surpresa quando, de repente, uma página sobre sapatos da moda 2011 mostrava um modelo que eu apostei como tendência aqui, no BdA! Nesse post aqui, que eu falei sobre as possíveis tendências de inverno (mas que foi bem pouco visto), eu disse que um oxford de salto, da marca Werner - marca nacional, lá do Rio Grande do Sul - seria uma mega tendência... e não era ele, justo ele, que estava na revista? A foto é a mesma!, e eu vou mostrá-la aqui pra vocês (a foto foi tirada com o celular, então não liguem):




Então é isso, eu só queria mostrar pra você porque fiquei muito feliz com essa coincidência incrível.
Logo menos eu faço mais posts, ou mais textos.
=)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Agora está apenas no passado

Há tempos que as coisas mudaram, mas quando você fecha os olhos para aquilo que não está como você quer, ninguém pode te fazer enxergar nada. Você tem que querer ver.
É, as coisas não estavam bem. Apenas um deles sofria, apenas um deles sentia, apenas um engolia o choro e sorria pra depois poder explodir. Não se tem certeza se era realmente apenas um, ou se ambos estavam sofrendo, e um fingia melhor que o outro. Só tenho certeza sobre uma coisa: havia mais dor que prazer; havia mais tensão que compreensão; havia mais raiva que amor.

Não é de hoje; é de dias atrás.
Como você não me ouve,
nem percebeu que o meus sorriso
ficou para trás.
Parece que não me enxerga,
nem à mim, e nem ao mal
que você me faz.

Assim como o tempo, que leva para longe o que já nos trouxe dor, a memória vai apagando aquilo que não nos agrada mais... E devagarzinho, como um sopro de vento no verão, rápido e curto, vamos demolindo a dor, vamos limpando a sujeira que o passado não conseguiu levar. E as coisas vão passando, e melhorando, e se apagando, e melhorando, e sumindo, e rezamos para que não voltem mais. E só podemos rezar para que não saiam do passado, e que lá permaneçam.

Só podemos desejar que a dor fique em seu devido lugar, e que não nos atormente mais.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As coisas mudam para alguns

Eu estou deitada, agora. E como na maioria das noites, me lembro daquelas que passamos juntos. Você ainda se lembra? Dos sonhos que contávamos, dos beijos, dos abraços, dos momentos de ternura entre um fôlego e outro... Quando eu dizia que você era único, e você só duvidava. Era verdade, sabia? Você foi único. O único. Que me alcançou, que conseguiu tocar meu coração, minha alma, minha essência. Não vou me esquecer de você, mesmo sabendo que depois de muitos rostos, você se esquecerá do meu. Se esquecerá de mim. E na verdade, não é um problema; o primeiro, a primeira, é sempre importante... Mas eu fui só mais uma, que diferença fiz? Nenhuma. Não me importo, na verdade. Sei que entre tantas experiências, entre tantas garotas, entre tantos momentos, entre tantos amassos e tantas conversas, eu fui nada. Eu fui um pequeno espaço de tempo, uma pausa longa demais entre um sexo e outro. Porque eu me entreguei, mas nunca por completo. Eu sabia que você não se lembraria, ou que não seria para você nem um terço do que seria para mim. Afinal, quem faz 10 vezes faz 11, mas nem todos que fazem 1 fazem 2. O que quero dizer é que você foi muito especial pra mim. Muito mais do que eu fui pra você. E apesar de eu estar dizendo, de ser eu a única culpada, e de tudo isso ter acontecido e chegado onde chegou por atitude e passos e força minha, não me arrependo. Na verdade, penso que nem você. Ou talvez sim. Na verdade, talvez sim; só tempo desperdiçado, uma garota entre tantas. "Nem é mulher ainda" você vai pensar, ao olhar para mim e se lembrar de tudo o que aconteceu. E eu vou tentando esquecer. Tentando apagar. Tentando me acostumar com a ideia de você e sua nova namorada vindo pra cá, tentando imaginar a sua reação ao me ver de novo, tentando imaginar como as coisas vão ser daqui pra frente. Porque eu não faço ideia. Não tenho nem imaginação suficiente para isso. Você vai estar completamente diferente ou exatamente igual? Que medo. Medo de você não ver mais em mim o que viu naquela primeira noite. E então? Por isso eu quero apagá-lo já da minha cabeça; poupar a mim mesma da humilhação de tentar fazer você ver em mim o que quer que tenha visto naquela noite mais uma vez. Não quero me humilhar. Não quero esfregar meu rosto nos teus pés, implorando por atenção, carinho e amor. Não. Você vai estar com a vida pronta, andando, nova, com gente nova e caminhos novos. Eu vou tentar me manter fora do seu caminho, da sua vida. Quando você voltar, serei tão invisível que você sequer vai notar que não me viu; não que eu pense que você sentirá saudades. Isso é coisa minha, eu que sinto. Mulheres. Mulheres (ou garotinhas como eu) sentem saudades de paixonites duradouras de um verão ou dois. Nada sério. Vou esquecer, para que assim, quando você voltar, eu possa te dizer tudo isso rindo, como se fosse uma daquelas piadas compridas das quais gargalhamos ao ouvir o desfecho cômico e inesperado. "Ela acabou por superar o cara". É esse o desfecho cômico da minha piada longa.

(Não me lembrava de ter escrito isso.)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Querido amor não-correspondido,

tenho ótimas notícias. Para você, e mais ainda, para mim! Estou começando a tentar esquecê-lo, sabia? Encontrei por essas ruas mal iluminadas um sorriso que, embora nem de longe me ilumine, acenda, inflame ou encante tanto quanto o seu, me faz sorrir também. Estou mais feliz do que infeliz, agora, e isso é muito bom. Significa que o meu coração já está deixando o seu peso de lado... que estou começando a tentar. Tentar te esquecer, ou te superar. Tentar trocar o disco, virar a página, pular o capítulo. Não é uma ótima notícia? Se você ao menos fosse louco por mim como sou louca por você... Juro que nada disso aconteceria. Eu seria forte, como tenho sido. Você nem sabe, mas tenho lutado por nós, contra a distância e a falta que você me faz; uma luta árdua, mas que mostrou seus resultados; eu fiquei firme ao seu lado. Não beijei outros lábios desde que você se foi. Não quis ninguém, nem em sonho, nem em pensamento, nem por um instante. Só você.
Sabe, Amor Não-Correspondido, nós podíamos ter sido um casal e tanto. Mas existem tantas coisas difíceis, não é? Tantas pessoas e opiniões, e palpites e fofocas, e coisas fulas e tolas e inúteis que acabaram com qualquer possibilidade; ou talvez tenhamos sido apenas nós mesmos, presos à medos antigos e vergonhas imbecis, coisas que nos impediram de sermos felizes juntos. Pense nisso, por um momento, só um instante; olhe para aquela possibilidade intocada, os momentos que teríamos passado juntos. Imagine como as coisas teriam sido diferentes. Imagine como seriam diferentes agora.
Mas tudo bem, não é? Estamos bem, agora. Estou te esquecendo, ou começando, ou tentando começar. Um dia, você será apenas uma boa lembrança, uma lembrança marcante, uma cicatriz linda que ficou tatuada no meu passado. Um dia, me lembrarei de você com carinho e talvez alguma raiva, por não ter feito tudo dar certo.
Mas haverá carinho, acima do ódio.

Com amor,
seu nunca descoberto amor.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Existe uma história

Eu só sei contar a nossa história.

Conto a todo momento, para quem quiser ouvir. Sobre o quanto nos odiávamos, e o modo como você sempre me deixava sem saber o que fazer. Eu nunca sabia o seu humor, e você dizia que não sabia o meu. Eram duas tempestades indo ao encontro uma da outra... E como tempestades, ambos possuíam momento de calmaria. Uma calmaria extrema e delicada, doce como açúcar, leve como algodão; podia durar cinco minutos ou duas semanas. Não sabíamos lidar um com o outro. Eu era extremamente arrogante e prepotente; você era sedutor e mandão. Eram duas forças incompletas, falhas. Precisávamos um do outro, embora jamais fossemos admitir. E agora, agora que você está longe, agora que sou apenas uma tempestade solitária e caótica, percebo a falta que o seu desespero e a sua própria arrogância me fazem. Vejo que tudo me faz pensar em você, no que você me dizia, nas nossas brincadeiras, nas conversas sérias, nos conselhos, nas confissões. Fica difícil, cada dia mais difícil, conviver com a sua ausência...


E ver que o tempo todo, eu me lembro de você.

(Desabafo).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um coelho

Quando comecei a caminhar, me peguei com o telefone na mão, pronta para começar a digitar uma mensagem perguntando onde você estava. Percebi também que havia um sorriso no meu rosto, porque ele se desfez. Não consegui pensar em mais ninguém para mandar uma mensagem, sabia? Piscava apenas o seu nome, grande e brilhante dentro da minha cabeça. Ergui os olhos para o céu, na esperança de segurar as lágrimas que, até agora, eu não tinha derramado. E quando olhei para cima, encontrei uma maravilhosa lua, redonda, branca e brilhante, pronta para atrair a minha atenção e me distrair de todo resto. Eu estava pronta para me entregar às divagações que logo viriam, quando me dei conta de algo que tirou meu sorriso desesperado do rosto. Era definitivo, então? Eu estava apaixonada? Por... por... você?! Não era possível. Eu não conseguia acreditar! Mas ali, na lua, nos meus pensamentos, nos meus dedos prontos para escrever a mensagem, na imagem do seu sorriso na minha mente, em tudo estava estampado: eu estava apaixonada. E por você.
Não podia pensar em pessoa pior.

De modo algum porque você é um cara ruim; não mesmo. Você é perfeito pra mim. Mas... está tão longe. E não é recíproco. Você definitivamente não se mostra interessado por mim, e eu aceitei isso. Foi aceitando isso que concluí que não estava apaixonada; me recusava a estar apaixonada por alguém que não dava a mínima pra mim. Mas eu estava. Muito. Uma pequena adolescente boba e inexperiente, pronta para se jogar de ponta no primeiro romance que aparece. Pelo amor de Deus, eu já havia tido o bastante de paixonites por um longo tempo. Não conseguia acreditar em tudo que estava acontecendo. Não conseguia acreditar que, meu Deus, era por você que o meu coração se agitava. Não, não, não, não e não. Tinha que haver outra explicação!
Mas não havia. E, infelizmente, eu só me dei conta disso agora. Tarde demais.
Tarde demais.


(Eu vi um coelho na lua.)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lava, chuva

Chove, chove. Chove, chuva.
Lava de mim a saudade
e tudo que me machuca.

Chove, chove. Chuva, chove.
Leva com você lágrimas
que no meu rosto, escorrem.




domingo, 5 de fevereiro de 2012

A história no verso dela

Ela, que sempre fora assim, desse jeito largado,
com as roupas frouxas demais no corpo delgado,
o tempo todo sentindo na boca um gosto amargo
e sempre tentando não fazer nada errado.
Ela, que nunca sabia se devia rir ou não,
que ainda tinha brigas de sangue com o irmão,
que tinha problemas na perna, do tornozelo à coxa
e vivia quebrada, machucada e roxa.

Essa garota estava com o coração quebrado. Fora quebrado por um rapaz que não lhe deu o devido valor, como a maioria dos contos de fadas que temos hoje. Numa garrafa de cerveja ou num chiclete sempre havia a chance de um beijo roubado, ela pensava. Ele pensava. Eles sentiam. Eram atraídos, até que ele a deixou por aí, o gosto salgado ainda mais forte na boca depois da abstinência do beijo dele.
Não houve razão, motivo, não houve pedido de desculpas nem de permissão. Apenas houve. Sem antes, sem depois. Só lá, naquele momento, existia tempo. Todo tempo do mundo.

Ela tinha coragem, ela tinha peito pra ir,
ela não tinha nenhum medo, nenhum medo de seguir.
Ela sempre foi uma menina que pensava como mulher
e nunca deixou de fazer tudo como quer.
Mas quando o coração bate forte demais por alguém
você perde a noção, passa a ser ninguém...
Quem tinha muita coragem e deteminação
passa a perder a força e ficar totalmente sem razão.


(Na verdade, não consigo colocar um final aqui. São pensamentos pela metade; cada linha.)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ela disse para o escuro

- Então vamos falar sério.
- (Risos) Não consigo falar sério com você.
- Para de graça, senta direito.
- Eu não consigo. Olha a sua cara.
- Você é muito palhaça, mesmo.
- Não consigo não rir de você.
- Vai, para quieta. Vamos falar sério.
- Tudo bem. Sobre o quê?
- Sobre tudo.
- Não tem 'tudo' nenhum aqui.
- Isso aqui é tudo.
- Tudo o quê?
- Tudo que importa.
- Você é um idiota.
- Para, eu sei que você vai sentir a minha falta.
- Eu?! Eu não.
- Vai sim. Vai chorar e me implorar pra voltar.
- Eu não vou chorar.
- Você vai sim. Ei, ei, não adianta vir me beijar.
- Ah, por favor.
- Estou tentando conversar com você.
- Vamos conversar muito quando você tiver ido embora. Aliás, só vai ter conversa.
- Eu não vou te ver mais por muito tempo, queria conversar com você assim, ao vivo, agora.
- Eu não.
- Pelo amor de Deus, garota.
- Vai, chega disso. Você não vai morrer, só vai embora.
- E se eu voltar pra cá com uma namorada?
- Experimente.
- O quê?
- Arranjar uma namorada.
Risadas.
- Agora sim, me dá um beijo.
- Você não queria conversar? Vamos conversar.
- Não, você tem razão.
- Eu sempre tenho.

Quando a deixa na porta de casa, há um último beijo.
Não é diferente de todos os outros, mas não é
feito apenas de desejo.
Tem alguma coisa muito forte que não deixa que ela vá
porque sabe que talvez
seja a última vez.
Talvez ele não vá voltar.

- Sabe, talvez eu sinta sua falta.
- Eu sei que vai sentir.
Com um sorriso, ele se vai.

Parada na frente de casa, seu sorriso murcha e ela repete para o escuro: "Vou sentir sua falta".

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Eu só te queria de volta pra curar

Senti saudade.
Ao passear por essas ruas
que eu tão bem conheço,
nessa mesma cidade.
O que eu estou sentindo
nesse exato instante
também chama necessidade.
Do barulho da tua voz,
o som da respiração,
irresponsabilidade.
Tua culpa tudo isso que,
agora, não me deixa em paz.
Você me machucou fundo
e curou tudo que estava podre;
não sei se lhe agradeço
ou lhe peço que me deixe.
Afastar-me de ti, não, nunca,
não pediria jamais.
Mas agora parece, não sei,
talvez, apenas... é tarde demais?
Tão longe, os quilômetros extensos,
e eu aqui, querendo.
Eu aqui, chorando por dentro.
Quem me conhece sabe,
quem não conhece, se engana.
Faço cara de séria, não entrego de cara
que estou morrendo por dentro.
Sinto vergonha.
Mas mesmo com tudo isso,
sem poder gritar ao mundo
como me sinto...
Eu só queria que você voltasse,
estivesse aqui para me curar
quando eu precisasse.
Mas não pode voltar. Ainda não.
Não é hora, ainda tem tempo
até eu te ter de volta.



Ela sente sua falta

Ingênua, eu. Pensei que as coisas mudariam, que só a sua ausência seria suficiente para afogar em desilusão essa coceira que eu carrego no peito.

Alguns diriam que é paixão.
Eu aposto em carência.

Quando parei para pensar no assunto por um instante, percebi que o meu já pequeno mundo, meu mínimo leque de escolhas, estava fechado, focado em você, apenas você. Nunca houve outra opção, nunca ouve outro alguém enquanto você tomava conta de mim. Eu dizia que você era suficiente, e só agora percebo o quanto estava errada; na conta, eu não coloquei a sua ausência prolongada.

Insisto em dizer que sem você
as coisas estão muito difíceis.

Embora tenham ocorrido noites em que você nem passou pela minha cabeça, noites em que não eram os seus braços à minha volta, era pra você que eu corria quando tudo ficava difícil. Bastava um beijo e meia dúzia de palavras, e tudo parecia mais fácil. Bastava o seu sorriso e o seu toque, muitas vezes bastava a sua voz. Você. Você bastava, era mais que suficiente.

E agora que você está longe
só posso sentir saudade.

E espero o dia em que você vai voltar, sorrir, me abraçar, e então murmurar no meu ouvido que sentiu minha falta. Mas só posso esperar, sonhar, imaginar, desejar. E eu prometo que vou esperar.





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Teu soneto

Eu estou aqui,
e aqui, eu me rendo.
Ao teu olhar penetrante,
ao teu toque ardente,
ao teu sorriso de menino
e teus trejeitos de homem.

Mas quando aqui não estiver
quero que você saiba
que a tua memória
não me escapa.

Vou me lembrar sempre
de como você me conhece
e de como apenas você
tem esse toque que
me enlouquece.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sensação de batalha perdida

Eu estou tão fraca.
Nunca me senti assim. É tão estranho.
Como se me tirassem um pouco de oxigênio; meu corpo diz que nada está bem, que está tudo errado. Minha cabeça ameaça explodir e meus olhos, secos, não demonstram qualquer reação. Me sinto literalmente oca. Não há nada dentro de mim.
Socorro.
Venha me buscar.
Me leve pra deitar na sua cama, pra ouvir sua voz e sentir seu cheiro. Vamos, venha, não se atrase, não me deixe na espera, não espere. Me tome. Tome conta. Cuide de mim, cuide de nós, não deixe que morra. Não deixe que se vá... Não. Por favor, estou implorando por um pouco mais. De tempo, de vida, de você, de nós, de mim mesma, desse pedaço que eu perdi. Eu estou em você, você está em mim. Um pedacinho de você aqui, guardado com cuidado pra que não se perca. Não esquecerei. Não posso, nem se quiser. E eu quero, pra me curar de você, essa praga que me infectou e me destruiu. Não tenho nada do que reclamar, muito menos agradecer. Que bem você me fez? Nenhum. Nenhum bem. Me trouxe dores de cabeça, apertos, marcas, borboletas, confusão.
E agora só se vai...
Pra onde eu não posso correr.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Controle

Jamais acontecerá.

"Descreva-se", ele disse. "Conte-me quem você é". Pus-me a relatar com desprezível orgulho minhas vitórias, conquistas, troféus, prêmios. Ele, humilde, riu da minha ignorância e pediu novamente: "Descreva-se". Pus-me então, pensando compreender melhor a pergunta, a descrever meu humor bipolar e atípico. Meu humor não é, definitivamente, meu ponto forte, portanto, depois de um minuto ou dois, calei-me. "Fale mais", ele disse. "Sobre o seu humor. Fale mais". Ele percebera. Percebera que eu não gostava de falar sobre aquilo, que era minha fraqueza, e não minha força. Acomodei-me melhor na poltrona de costa comprida e tentei não pensar em quantas vezes já haviam me perguntado sobre meu mutável e problemático humor. Continuei sorrindo, mas conforme ia contando sobre como qualquer mudança na rotina ou no ambiente é capaz de me fazer chorar, meu sorriso foi, contra minha vontade, diminuindo. Quarenta e sete minutos depois, eu estava de joelhos no chão, debulhava-me em lágrimas e sequer podia enxergar meu possível novo chefe atrás de sua mesa. Ele se levantou, sentou-se ao meu lado no chão e perguntou-me: "Querida, diga-me: como eu posso contratar alguém com um emocional fraco como o seu?" Eu pisquei sete vezes para expulsar as lágrimas e fixei meu olhar no dele. "Eu sou boa no que faço", respondi. "Sou a melhor". "Acredito", ele murmurou, "mas", continuou, me deixando assustada, "você é capaz de superar traumas anteriores? Diga-me, e se um dos novos funcionários lhe lembrar um namorado? E se você tiver uma crise de pânico? E se não puder cumprir seu horários? E se ficar doente outras vezes? E se for colocada para disputar uma vaga? E se... E se..." Eram muitas lacunas. Muitos talvez. Muito "se". Com calma, deixando claro cada movimento meu, levantei-me. Arrumei o terno caro que alugara para a ocasião e sentei-me novamente na poltrona. "Sou capaz de controlar meu humor e meu lado sentimental como sou capaz de controlar qualquer outra característica física minha. Não preciso deixar essa fraqueza aparecer". "Prove". Parei de chorar, cruzei as pernas e sorri. "Estou me sentindo péssima", contei. "Um verdadeiro lixo. Não sei mais se vou conseguir o emprego, mas apenas pelo meu sorriso você pode dizer que estou confiante, não pode?" Ele acenou a cabeça. Encorajando-me. "Eu estou me sentindo tão mal como quando tenho ataques de pânico. Mas ninguém tem de saber disso. É o meu auto-controle que me difere do resto. Posso me controlar. E posso controlar todos eles. Por isso mereço estar no topo. Eu tenho controle".
Até hoje repito insistentemente para mim mesma todos os dias: eu tenho controle.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Falsidade pelo preço de um

Diziam que era muito falsa.
Ela, na verdade,
só tentava agradar demais.
Pecava pelo excesso,
errava tentando acertar.
Fazia o que podia
para que gostassem dela:
do sorriso forçado,
das amizades fracas,
da vida sem graça.
Bebia de tudo, falava de tudo,
e no fim, não entendia
nem sentia nada.
Era em agradar
que estava concentrada.
Era boa, afinal de contas.
Não fazia mal à uma mosca.
Mas fazia tudo pelas outras pessoas.
Por si mesma, não escolhia
a comida que comia,
a bebida que bebia,
a casa em que morava,
as festas que frequentava
nem as roupas que vestia.
Pobre coraçãozinho fraco,
mente ingênua,
vida seca e sem emoção.
Quanto mais tentava,
mais falhava
em atrair atenção.
Não a culpo por tentar,
afinal, às vezes,
para que nos aceitem,
para que nos olhem com admiração
ou com qualquer outro tipo de emoção,
fazemos de tudo.
Corremos atrás da aceitação
porque neste mundo de hoje,
ou você é parte do bando
ou é o alvo.
Fofocas, mentiras,
está tudo tão, tão sujo...
E que opção temos?
Tentar ficar próxima
de quem estiver no comando.
É o que podemos fazer
para salvar nossos pescoços.
Para salvar nossas reputações,
usar todos os nossos esforços.
Não importa o que digam,
a fama que criamos
é aquela que levaremos
não importa quão longo
seja o passar dos anos.
Só procuramos aceitação...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre o simples

Não há de ter mudado tanto,
uma vez que vejo nestes mesmos ladrilhos
a mesma sutil beleza que me encanta.
Uma vez enfeitiçada pelo belo
e pelo simples, que ainda vence,
sinto que esse tão usado excesso,
onde tudo tem demais de tudo
e onde o simples não ganha atenção;
Esse excesso vai matar os olhos nus,
os olhos virgens.
As orelhas cruas, as orelhas novas,
as orelhas que só conhecem sons
criados pelo natureza.
Não estão prontos para o Homem.
Hão de usar imaginação para compreender
o que não é assim tão difícil de entender:
a diferença entre aquilo que criamos
e aquilo que ganhamos do mundo
para que apreciemos e aprendamos.
A beleza do simples, que mais me encanta,
parece espantar quem devia ser cativado.
Parece assustar quem devia aproximar-se
para aprender que nada precisa ter muito
para que seja apreciado.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

I

Me orgulho de não ter coração, mas não me orgulho de não ter sentimentos. Melhor ainda: me orgulho de ter alguns sentimentos, mas não mostrá-los, enquanto me envergonho deste coração tão duro e morto que pesa meu peito. Amor; há tempos que não nos vemos, nem nos falamos. Nunca ocorreu o fato, de fato. Quando o senti, era engano meu, não era ele. Ele nunca me viu, tão pouco eu o vi. Eu conheci a paixão, o desejo, a vontade, a humanidade debaixo de cada arrepio vindo de toques às vezes falhos. Mas amor, o tal do amor, o verdadeiro amor, esse não conheci. Nem sei se será prazer ou desprazer quando formos formalmente (finalmente) apresentados. Ouvi histórias. Tristes, bobas histórias. Histórias que me ajudaram a entender o quão inocente, inconsciente e fula fui eu, pensando conhecer o amor. O amor. Ah, o amor. Rezam lendas que este tal de amor anda de braços dados e troca carinhos e confidências com alguém que, ah, eu conheço. Conheço de longa data, conheço melhor do que é saudável, conheço com vergonha. Rezam as lendas que o amor anda, inseparável, com a dor. Esta eu conheço, sim, conheço. Foi no fim de 2009 que experimentei pela primeira vez seu sabor amargo, sua sensação quente e ardida, suas faíscas que causam uma cegueira no coração. Conheci a dor quando vi a morte de muito perto. Mas relatando tudo de maneira rápida, não, não conheço o amor. Espero que um dia sejamos apresentados. Mas, sabe... Não tenho pressa.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Nos teus olhos

Tanto procurei pelas marcas,
pelos detalhes tão pequenos
que passam pelos teus olhos desatentos.
Os teus olhos que já não têm atenção,
olhos perdidamente escuros,
nos quais mergulho.
E me afogo.
Na agonia da perdição, me jogo.
No fogo do atrevimento, aposto.
Se virá a vitória, nem sei,
tão pouco me importo.
Apenas no brilho agora opaco
nos quais quis manter o foco,
mas por travessura, me equivoco,
e deixo para trás.
Já não vejo mais.
Mesmo na escuridão à qual você me submete
eu ainda procuro pela luz.
Um brilho que na verdade apenas reluz
tudo aquilo que brilha
na sua alma.
E eu procuro por tanto tempo,
com tanta calma,
porque quero encontrar aquilo
que você perdeu de si mesmo.
Aquilo que tanto quero de volta,
aquilo que perdeu-se no tempo.
Em tantos dias, tantos anos
passados à velocidades insanas
que agora reclamo e quero de volta.
Não me abandone agora.
Este brilho que procuro nos olhos escuros
que um dia afogaram minhas mágoas,
na verdade quero dar-te de volta
para que ainda possa me afogar
nestas escuras e perdidas águas.
Águas dos teus olhos.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dear Future Me,

Please, remember that I'm just a 15 old girl with some easy-solve troubles, so I have no idea of what kind of trouble you're in now. Also remember that I'm not fine right now; that I'm feeling absolutely sad really often and that I think I have some kind of depression.
But now, talking about something useful, how are you doing? As well as we thought you would? Do we have a job? No, better asking: do we have a good job? I never wanted nothing below 'great', you know it. Although, if we're getting any money...
But forget it, lets talk about something more, how can I say?, interesting. Do we have a boyfriend? If we don't, are we single because we want or...? Oh, no. I can't imagine we have no boyfriend because NO ONE WANTS us. No, I know we have a boyfriend, or some kind of affair. We do, right? (If we don't, please, get one. I'll be in peace when it happen.)
If you have a boyfriend, a job and time to study more, congrats, you're going as well as we wanted since we're 13.
If you have a boyfriend, a job, time to study more and an active social life, you're going much, much better than I ever thought you could go.

To finish this weird little letter, remember to not leave your friends from my time, ok? Especially the girls. These girls are much more important for you, Future Me, than you may think they are. They are important for me now, and will still being, there, in future. I'm sure about it.

Wishing the best,
Present Me.

Uma pequena carta para treinar um inglês sendo estudado e para brincar de faz-de-conta.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sete

Sinto lágrimas ameaçando meus olhos. Eu estava apenas vendo fotos, quando de repente me deparo com uma em especial que fez meu coração congelar. São sete garotas. Certo, são sete garotas lindas. São as minhas garotas. Primeiro, está a mais paia de todas. Depois, a mais sem noção. Na sequência, a nossa pretinha, seguida pela mais hilária. Depois, vem uma outra que é horrorosa. A próxima é uma que eu chamo de prima, e a última é a gêmea da sem noção, que ao contrário, é a mais centrada. Se eu tivesse que descrever cada uma delas em apenas uma palavra, respectivamente, eu diria: honra, sorriso, vontade, coragem, doçura, perdão, serenidade. Por quê? Porque é assim que eu as vejo. Cada uma delas, uma qualidade única, linda, pura e certamente brilhante.
As lágrimas ameaçam de novo. Eu não me sinto feliz, exatamente. Queria ter certeza de que seria para sempre daquele jeito, todas juntas, mas não tenho. Na verdade, sei exatamente como as coisas serão, e isso não me agrada nem um pouco. Tudo vai mudar. Nada será como antes.
Então me lembro de que as coisas já começaram a mudar. Já estão diferentes. Mas eu não me importo, honestamente. Só queria que elas estivessem daquele jeito, como na foto, para sempre. Juntas, lindas, preciosidades que deviam ficar paradas no tempo, sem mudar, sem envelhecer. Apenas permanecendo ali, sorrindo, felizes, completas.
Uma pena que tudo tenha que mudar. Uma pena.