segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sensação de batalha perdida

Eu estou tão fraca.
Nunca me senti assim. É tão estranho.
Como se me tirassem um pouco de oxigênio; meu corpo diz que nada está bem, que está tudo errado. Minha cabeça ameaça explodir e meus olhos, secos, não demonstram qualquer reação. Me sinto literalmente oca. Não há nada dentro de mim.
Socorro.
Venha me buscar.
Me leve pra deitar na sua cama, pra ouvir sua voz e sentir seu cheiro. Vamos, venha, não se atrase, não me deixe na espera, não espere. Me tome. Tome conta. Cuide de mim, cuide de nós, não deixe que morra. Não deixe que se vá... Não. Por favor, estou implorando por um pouco mais. De tempo, de vida, de você, de nós, de mim mesma, desse pedaço que eu perdi. Eu estou em você, você está em mim. Um pedacinho de você aqui, guardado com cuidado pra que não se perca. Não esquecerei. Não posso, nem se quiser. E eu quero, pra me curar de você, essa praga que me infectou e me destruiu. Não tenho nada do que reclamar, muito menos agradecer. Que bem você me fez? Nenhum. Nenhum bem. Me trouxe dores de cabeça, apertos, marcas, borboletas, confusão.
E agora só se vai...
Pra onde eu não posso correr.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Controle

Jamais acontecerá.

"Descreva-se", ele disse. "Conte-me quem você é". Pus-me a relatar com desprezível orgulho minhas vitórias, conquistas, troféus, prêmios. Ele, humilde, riu da minha ignorância e pediu novamente: "Descreva-se". Pus-me então, pensando compreender melhor a pergunta, a descrever meu humor bipolar e atípico. Meu humor não é, definitivamente, meu ponto forte, portanto, depois de um minuto ou dois, calei-me. "Fale mais", ele disse. "Sobre o seu humor. Fale mais". Ele percebera. Percebera que eu não gostava de falar sobre aquilo, que era minha fraqueza, e não minha força. Acomodei-me melhor na poltrona de costa comprida e tentei não pensar em quantas vezes já haviam me perguntado sobre meu mutável e problemático humor. Continuei sorrindo, mas conforme ia contando sobre como qualquer mudança na rotina ou no ambiente é capaz de me fazer chorar, meu sorriso foi, contra minha vontade, diminuindo. Quarenta e sete minutos depois, eu estava de joelhos no chão, debulhava-me em lágrimas e sequer podia enxergar meu possível novo chefe atrás de sua mesa. Ele se levantou, sentou-se ao meu lado no chão e perguntou-me: "Querida, diga-me: como eu posso contratar alguém com um emocional fraco como o seu?" Eu pisquei sete vezes para expulsar as lágrimas e fixei meu olhar no dele. "Eu sou boa no que faço", respondi. "Sou a melhor". "Acredito", ele murmurou, "mas", continuou, me deixando assustada, "você é capaz de superar traumas anteriores? Diga-me, e se um dos novos funcionários lhe lembrar um namorado? E se você tiver uma crise de pânico? E se não puder cumprir seu horários? E se ficar doente outras vezes? E se for colocada para disputar uma vaga? E se... E se..." Eram muitas lacunas. Muitos talvez. Muito "se". Com calma, deixando claro cada movimento meu, levantei-me. Arrumei o terno caro que alugara para a ocasião e sentei-me novamente na poltrona. "Sou capaz de controlar meu humor e meu lado sentimental como sou capaz de controlar qualquer outra característica física minha. Não preciso deixar essa fraqueza aparecer". "Prove". Parei de chorar, cruzei as pernas e sorri. "Estou me sentindo péssima", contei. "Um verdadeiro lixo. Não sei mais se vou conseguir o emprego, mas apenas pelo meu sorriso você pode dizer que estou confiante, não pode?" Ele acenou a cabeça. Encorajando-me. "Eu estou me sentindo tão mal como quando tenho ataques de pânico. Mas ninguém tem de saber disso. É o meu auto-controle que me difere do resto. Posso me controlar. E posso controlar todos eles. Por isso mereço estar no topo. Eu tenho controle".
Até hoje repito insistentemente para mim mesma todos os dias: eu tenho controle.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Falsidade pelo preço de um

Diziam que era muito falsa.
Ela, na verdade,
só tentava agradar demais.
Pecava pelo excesso,
errava tentando acertar.
Fazia o que podia
para que gostassem dela:
do sorriso forçado,
das amizades fracas,
da vida sem graça.
Bebia de tudo, falava de tudo,
e no fim, não entendia
nem sentia nada.
Era em agradar
que estava concentrada.
Era boa, afinal de contas.
Não fazia mal à uma mosca.
Mas fazia tudo pelas outras pessoas.
Por si mesma, não escolhia
a comida que comia,
a bebida que bebia,
a casa em que morava,
as festas que frequentava
nem as roupas que vestia.
Pobre coraçãozinho fraco,
mente ingênua,
vida seca e sem emoção.
Quanto mais tentava,
mais falhava
em atrair atenção.
Não a culpo por tentar,
afinal, às vezes,
para que nos aceitem,
para que nos olhem com admiração
ou com qualquer outro tipo de emoção,
fazemos de tudo.
Corremos atrás da aceitação
porque neste mundo de hoje,
ou você é parte do bando
ou é o alvo.
Fofocas, mentiras,
está tudo tão, tão sujo...
E que opção temos?
Tentar ficar próxima
de quem estiver no comando.
É o que podemos fazer
para salvar nossos pescoços.
Para salvar nossas reputações,
usar todos os nossos esforços.
Não importa o que digam,
a fama que criamos
é aquela que levaremos
não importa quão longo
seja o passar dos anos.
Só procuramos aceitação...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre o simples

Não há de ter mudado tanto,
uma vez que vejo nestes mesmos ladrilhos
a mesma sutil beleza que me encanta.
Uma vez enfeitiçada pelo belo
e pelo simples, que ainda vence,
sinto que esse tão usado excesso,
onde tudo tem demais de tudo
e onde o simples não ganha atenção;
Esse excesso vai matar os olhos nus,
os olhos virgens.
As orelhas cruas, as orelhas novas,
as orelhas que só conhecem sons
criados pelo natureza.
Não estão prontos para o Homem.
Hão de usar imaginação para compreender
o que não é assim tão difícil de entender:
a diferença entre aquilo que criamos
e aquilo que ganhamos do mundo
para que apreciemos e aprendamos.
A beleza do simples, que mais me encanta,
parece espantar quem devia ser cativado.
Parece assustar quem devia aproximar-se
para aprender que nada precisa ter muito
para que seja apreciado.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

I

Me orgulho de não ter coração, mas não me orgulho de não ter sentimentos. Melhor ainda: me orgulho de ter alguns sentimentos, mas não mostrá-los, enquanto me envergonho deste coração tão duro e morto que pesa meu peito. Amor; há tempos que não nos vemos, nem nos falamos. Nunca ocorreu o fato, de fato. Quando o senti, era engano meu, não era ele. Ele nunca me viu, tão pouco eu o vi. Eu conheci a paixão, o desejo, a vontade, a humanidade debaixo de cada arrepio vindo de toques às vezes falhos. Mas amor, o tal do amor, o verdadeiro amor, esse não conheci. Nem sei se será prazer ou desprazer quando formos formalmente (finalmente) apresentados. Ouvi histórias. Tristes, bobas histórias. Histórias que me ajudaram a entender o quão inocente, inconsciente e fula fui eu, pensando conhecer o amor. O amor. Ah, o amor. Rezam lendas que este tal de amor anda de braços dados e troca carinhos e confidências com alguém que, ah, eu conheço. Conheço de longa data, conheço melhor do que é saudável, conheço com vergonha. Rezam as lendas que o amor anda, inseparável, com a dor. Esta eu conheço, sim, conheço. Foi no fim de 2009 que experimentei pela primeira vez seu sabor amargo, sua sensação quente e ardida, suas faíscas que causam uma cegueira no coração. Conheci a dor quando vi a morte de muito perto. Mas relatando tudo de maneira rápida, não, não conheço o amor. Espero que um dia sejamos apresentados. Mas, sabe... Não tenho pressa.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Nos teus olhos

Tanto procurei pelas marcas,
pelos detalhes tão pequenos
que passam pelos teus olhos desatentos.
Os teus olhos que já não têm atenção,
olhos perdidamente escuros,
nos quais mergulho.
E me afogo.
Na agonia da perdição, me jogo.
No fogo do atrevimento, aposto.
Se virá a vitória, nem sei,
tão pouco me importo.
Apenas no brilho agora opaco
nos quais quis manter o foco,
mas por travessura, me equivoco,
e deixo para trás.
Já não vejo mais.
Mesmo na escuridão à qual você me submete
eu ainda procuro pela luz.
Um brilho que na verdade apenas reluz
tudo aquilo que brilha
na sua alma.
E eu procuro por tanto tempo,
com tanta calma,
porque quero encontrar aquilo
que você perdeu de si mesmo.
Aquilo que tanto quero de volta,
aquilo que perdeu-se no tempo.
Em tantos dias, tantos anos
passados à velocidades insanas
que agora reclamo e quero de volta.
Não me abandone agora.
Este brilho que procuro nos olhos escuros
que um dia afogaram minhas mágoas,
na verdade quero dar-te de volta
para que ainda possa me afogar
nestas escuras e perdidas águas.
Águas dos teus olhos.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dear Future Me,

Please, remember that I'm just a 15 old girl with some easy-solve troubles, so I have no idea of what kind of trouble you're in now. Also remember that I'm not fine right now; that I'm feeling absolutely sad really often and that I think I have some kind of depression.
But now, talking about something useful, how are you doing? As well as we thought you would? Do we have a job? No, better asking: do we have a good job? I never wanted nothing below 'great', you know it. Although, if we're getting any money...
But forget it, lets talk about something more, how can I say?, interesting. Do we have a boyfriend? If we don't, are we single because we want or...? Oh, no. I can't imagine we have no boyfriend because NO ONE WANTS us. No, I know we have a boyfriend, or some kind of affair. We do, right? (If we don't, please, get one. I'll be in peace when it happen.)
If you have a boyfriend, a job and time to study more, congrats, you're going as well as we wanted since we're 13.
If you have a boyfriend, a job, time to study more and an active social life, you're going much, much better than I ever thought you could go.

To finish this weird little letter, remember to not leave your friends from my time, ok? Especially the girls. These girls are much more important for you, Future Me, than you may think they are. They are important for me now, and will still being, there, in future. I'm sure about it.

Wishing the best,
Present Me.

Uma pequena carta para treinar um inglês sendo estudado e para brincar de faz-de-conta.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sete

Sinto lágrimas ameaçando meus olhos. Eu estava apenas vendo fotos, quando de repente me deparo com uma em especial que fez meu coração congelar. São sete garotas. Certo, são sete garotas lindas. São as minhas garotas. Primeiro, está a mais paia de todas. Depois, a mais sem noção. Na sequência, a nossa pretinha, seguida pela mais hilária. Depois, vem uma outra que é horrorosa. A próxima é uma que eu chamo de prima, e a última é a gêmea da sem noção, que ao contrário, é a mais centrada. Se eu tivesse que descrever cada uma delas em apenas uma palavra, respectivamente, eu diria: honra, sorriso, vontade, coragem, doçura, perdão, serenidade. Por quê? Porque é assim que eu as vejo. Cada uma delas, uma qualidade única, linda, pura e certamente brilhante.
As lágrimas ameaçam de novo. Eu não me sinto feliz, exatamente. Queria ter certeza de que seria para sempre daquele jeito, todas juntas, mas não tenho. Na verdade, sei exatamente como as coisas serão, e isso não me agrada nem um pouco. Tudo vai mudar. Nada será como antes.
Então me lembro de que as coisas já começaram a mudar. Já estão diferentes. Mas eu não me importo, honestamente. Só queria que elas estivessem daquele jeito, como na foto, para sempre. Juntas, lindas, preciosidades que deviam ficar paradas no tempo, sem mudar, sem envelhecer. Apenas permanecendo ali, sorrindo, felizes, completas.
Uma pena que tudo tenha que mudar. Uma pena.