quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Dear future me (2),

dessa vez o texto é em português. Já provamos nossa aptidão em inglês várias vezes, tá tudo bem. Aliás, temos estudado um pouco de japonês, que é um idioma lindíssimo, mas muito difícil. Espero que ainda possamos falar um "ohayou" vendo o sol nascer lá no Nihon.
Muito bem. Estamos com 22 anos. Idade que mamãe tinha quando nascemos. Aliás, mamãe está presa. Ainda. Pois é. Mas esperamos que ela saia no próximo mês, definitivamente.
Na faculdade a coisa toda tá muito estranha. Estamos firmes e fortes na arquitetura (ainda? sim, ainda). Temos feito bons projetos e tentado nos destacar positivamente, não em relação aos outros estudantes, mas em relação à nós. Nós podemos mais. É verdade que é difícil, arquitetura é difícil, faculdade é difícil, é um momento político difícil (o coiso foi eleito, Babi. você tá triste, mas tá firme), sua situação familiar é uma tragédia... mas vai ficar tudo bem.
Emocionalmente, você tá um caco. A depressão dá umas olhadelas de vez em quando, lá debaixo da cama; temos dormido muito... passamos muito tempo na cama. Os dias se arrastam. A gente tenta estar sempre de bom humor, rindo, falando com todo mundo, ouvindo quem precisa... às vezes é difícil. Pesado. Dá vontade de chorar. Dá vontade de mandar todo mundo embora. Mas você não manda. Você tá ali.
Amorosamente, eu nem sei explicar. Nunca estivemos tão em paz na nossa vida. Não precisamos de ninguém, entende? Pois é. Complexo esse sentimento. Talvez estejamos passando por um momento de tanta raiva de homens em geral que acabamos nos afastando deles todos. Beijamos um ou outro numa festa, mas é quase por obrigação. Queremos um sexo bom de vez em quando, e até arranjamos, mas será que vale a pena? Queremos alguém, queremos ficar sozinhas. É... seguimos tentando.

Aliás, perdemos um pouco da nossa estabilidade. Nos afastamos de alguns amigos, nos aproximamos de outros. O Gui hoje é seu melhor amigo; ele e o Beni. A banda tá numa fase de retorno, os amigos da faculdade hoje são seus laços mais fortes. Vamos mantê-los.

Mas e você?
Finalmente conseguimos um emprego? Tá bem difícil a nossa situação. Aliás, a palavra "difícil" tem aparecido aqui mais do que eu gostaria.
Não faço ideia se aí no futuro teremos um namorado, um emprego... que estabilidade é essa que buscamos, no fim das contas? Emocional e financeira? Seria o sonho do jovem?
Espero que você esteja bem. Torço demais mesmo. Ao contrário das cobranças que eu recebi aqui, a única coisa que espero de você é paz. Esteja em paz. O resto dá um jeito.

Fique bem, Babi. Você merece.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Felipe,

(28 de junho de 2018, 18h38min)

você nunca vai saber todas as coisas lindas que eu tinha pra te dizer. O quanto eu fui apaixonada por cada detalhe do seu rosto, das suas mãos, do seu abraço. Você nunca vai ouvir as minhas juras de amor; juras que eu guardei só pra você. Escondi aquele amor de todas as outras pessoas, e você não faz ideia do quanto isso me custou. Eu nunca prometi amor eterno para ninguém, mas teria prometido pra você. Desde o primeiro segundo em que nossos olhares se cruzaram naquela minúscula sala de aula e eu senti que algo em mim tinha alcançado você. É claro que, como descobri depois, você não teve uma boa primeira impressão, mas ninguém tem. O importante foi quando você também percebeu que eu existia, que estava ali, e que alguma coisa tinha estalado dentro dessa sua cabeça dura.

Por algum motivo, eu acabei de me lembrar de todo o tempo que passamos juntos. Cada tarde que passei na sua casa, fazendo nada, deitada na sua cama ouvindo você falar sobre um bilhão de assuntos diferentes, qualquer baboseira tecnológica, um idioma que você queria aprender, as faculdades que você não queria fazer, o futuro que você não queria viver, as cidades onde você pretendia morar, seu pai, sua mãe, seu irmão mais velho (você não falava muito dele), as aulas ridículas na escola. Eu nunca consegui entender como um cara tão inteligente poderia ter repetido um ano... até agora. Agora eu entendo como aquilo era insuportável pra você. O cara mais inteligente que eu já conheci até hoje. Tão cheio de assuntos, pensamentos, opiniões. A gente discordava tanto que eu nem sei como conseguíamos conviver... mas não só conseguíamos como éramos muito bons nisso. 

Eu tô escrevendo isso sentindo a garganta embargada e os olhos doloridos de segurar o choro. Não acredito que estou chorando por alguém que me machucou tanto quanto você. Alguém me fez sentir burra, que me chamou de mentirosa, que me fez sentir mal por ser quem eu sou. Alguém que me menosprezou e desprezou de todas as formas possíveis, mas principalmente, sabendo quais mais me magoariam.

E pensar que eu me preocupo com você até hoje, seu bosta. Me pego pensando em como você está, onde está morando, se foi fazer uma faculdade, se conheceu alguém. Você me disse que nunca conheceria alguém como eu. Eu também achava que não conheceria alguém como você, mas era fácil demais naquela época. Nós éramos dois extraterrestres em nossa própria espaçonave sobrevoando a cidade e afastando todo mundo que tentava se aproximar, ou adentrar o nosso pequeno mundo particular. Éramos únicos demais. Você, por todas as suas peculiaridades, suas políticas pessoais de Dalton Trevisan, completamente alheio à qualquer forma de interação social que não fosse virtual, lá do alto dos seus quase 1,90m, alto e desengonçado como um bom adolescente, tropeçando nos próprios pés. E sorrindo. 
Você tinha um sorriso lindo.  

Mas nossa, acabei de lembrar daquela festa, aquela em que você quase entrou em coma alcoólico porque tomou álcool de cozinha. Foi a primeira vez que eu te odiei. E esse seria o motivo de eu te odiar várias outras vezes. Eu odiei quem você se tornou, agressivo, debochado, grosseiro, maldoso. Eu não conhecia aquele cara, e não queria conhecer. O primeiro cara bêbado de quem eu cuidei porque me importava, por quem eu me sentia responsável de alguma forma. Eu não era. Nunca fui. Mas eu me sentia, porque apesar de ser apenas sete meses mais velha, eu sentia como se fossem sete anos. Você podia ser uma criança, se quisesse, porque eu sentia que era minha obrigação garantir a sua segurança. 

Se lembra da minha formatura? Você estava lá. Você foi meu convidado de honra. Eu lembro perfeitamente de você vestindo uma camisa social rosa clara, fazendo todo esforço do mundo para me agradar. Naquela época eu já sofria com outros amores, já tinha ódio de outras pessoas, já tinha um ex namorado, mas até então, você nunca tinha deixado de existir dentro de mim. Naquela noite você também bebeu bem mais do que deveria, e eu te levei pra casa. Você me beijou de um jeito horrível e eu quase senti nojo de quem quer que fosse naquele momento, porque não era você. Era um cara imenso, sem noção e bêbado, me segurando mais forte do que o necessário, de quem eu tive que praticamente fugir. Me despedi de você dezenas de vezes naquela noite, da forma mais educada e incisiva que podia, até que finalmente eu tive que me desvencilhar de você aos trancos e barrancos e começar a subir a rua em direção à minha casa, sapatos nas mãos, aquele frio das seis da manhã, o coração apertado e totalmente esgotado. 


(09 de julho de 2018, 11h34min)

Eu tentei falar com você. Alguns dias atrás te mandei uma mensagem na mesma conversa em que você me chama de dissimulada. Aquilo ainda me rasga por dentro. Te enviei meu número de telefone e a ideia de um pedido de desculpas, ou talvez, a sugestão de erguermos bandeira branca e resolvermos essa picuinha adolescente de uma vez por todas. Você não só visualizou como decidiu não me responder. Eu deveria saber, é claro. Conhecendo a peça, não esperava menos. Talvez você tenha alimentado um ódio absurdo pela minha existência e se recuse sequer a pensar numa amizade entre nós. Ou talvez - e na minha opinião, mesmo que eu negue, esse é o pior do quadros - você não se importe comigo o suficiente para se dar ao trabalho de me responder. Talvez toda aquela baboseira apaixonada que você me disse (repentinamente) anos trás fosse exatamente isso: baboseira. Você encontrou outra pessoa, afinal. Talvez ela não preencha esse buraco imenso que existe aí dentro, que você tenta esconder sob essa cara de bravo, seus sarcasmos e sua grosseria, e que finge que pode encher com jogos, álcool, drogas, ou qualquer outra merda. Ou talvez ela preencha. Eu que nunca vou saber.


(21 de agosto de 2018, 18h02)

Encontrei esse texto esperando para ser terminado. Acabo de perceber, sem relê-lo uma outra vez, que jamais será. Não existe final para as coisas que eu quero te dizer. Agora elas já não são mais as palavras de amor que uma Bárbara pretendia lhe dizer, no final de junho. Mutante que sou, já odeio você de novo. Se amei você um dia, e acredito que sim, já passou. O tempo cura qualquer coisa, inclusive a loucura. Eu quero ser cruel com você um dia, como você foi comigo, mas sei que isso é algo que eu nunca vou ser capaz de fazer. Não é porque você me fez sofrer que eu devo fazer o mesmo, não é? Maturidade emocional. É meu novo objetivo de vida. E você se tornou uma lição.

sábado, 8 de setembro de 2018

629 dias

Eu sei
a sua música favorita
e uma lista com as outras noventa e nove
que você gosta de escutar;
os problemas que a tua mãe tem
e que não te deixam em paz;
que você tem medo de perder
pra qualquer pessoa no Fifa;
que você amou ver neve
na Alemanha, uns dois anos atrás;
que você quer jogar tudo pro alto
e fugir pra Europa, mesmo sem dinheiro
e sem companhia;
que você gosta do cheiro de cacau que
tinha uma certa sala silenciosa
na empresa onde você trabalhava;
o motivo desse seu jeito de quem
quer sexo sem sentido,
quando na verdade precisa preencher
um enorme vazio.

Eu só não sei
por que você nunca me deixou
chegar perto o suficiente
para te ajudar
a fechar esse buraco imenso
no seu peito.

segunda-feira, 19 de março de 2018

acústico

E está acontecendo outra vez. Estou, neste momento, deixando passar a oportunidade ainda inexistente de te dizer coisas boas de ouvir. A ocasião não precisa ser criada; por algum motivo, vejo que fazer vibrar seu celular a qualquer hora com qualquer assunto não é incômodo. E que alívio sentir essa pequena liberdade. É bom para o espírito saber que alguém vai te ouvir, sem drama, sem grandes lacunas de tempo socialmente estabelecidas e forçadas, longas o suficiente para deixar claro para ambos os envolvidos que não há nada com o que se envolver. Mas se aqui houvesse, tudo continuaria bem, porque não há problema em se envolver. Foi uma das nossas primeiras conversas, lembra? Quando digo "lembra?" é puramente simbólico, apenas figura de linguagem - você se lembra de mais coisa que eu. Sempre. Seja porque na maioria das vezes em que nos encontramos eu estava completamente alcoolizada, seja porque minha memória é completamente danificada graças ao meu medicamento cortado, seja porque você tem, simplesmente, a cabeça melhor que a minha.
De qualquer forma, eu tinha algumas coisas pra dizer. A maioria é específica demais e colocá-las aqui denunciaria sua identidade, não para qualquer inexistente leitor deste blog público-privado, mas para mim mesma, daqui há alguns meses, quando vier ler os textos já antigos. Além disso, a maioria das coisas eu te disse pessoalmente, deitada na sua cama, fazendo carinho no seu rosto, não muito antes de você cair no sono. Como o dia e que vi você fazendo aquilo em cima daquele lugar e pensei "Puta que pariu" pela primeira vez. E como aconteceu em todas as outras vezes depois disso, especialmente na última. Você estava acompanhado e eu estava de mau humor, ocupada em ser rejeitada por outro homem, mas isso não significa que meus olhos não brilharam um pouco mais quando te olhava. Talvez, colocado assim, pareça uma paixonite. E talvez a pior parte seja a falta de segundas intenções em todos esses olhares. Eu só consigo admirar você. E em todas as pequenas oportunidades que tive de falar contigo, eu falei. E ri das suas histórias. E prestei muita atenção em todos os nomes e datas que você sabe de cabeça; e as referências de filmes completamente desconhecidos; e seus contos de adolescente (talvez os meus favoritos).
Mas o que eu realmente queria te dizer é: obrigada. Por não querer nada de mim, e ao mesmo tempo não me descartar, como sempre acontece. Por me fazer sentir bem, e até acreditar que você gosta da minha companhia. Um pouco. Obrigada por ter sido carinhoso, por ter sido engraçado, por ter me feito rir sem tentar. Obrigada por dividir comigo uma cerveja, um cigarro, e alguns momentos de intimidade que, sinceramente, eu não esperava ter tão cedo. Tenho certeza que pra você não significa todo o turbilhão que significou pra mim. Mas, como eu te contei (nenhum orgulho nisso), estive com todo tipo de imbecil nos últimos tempos. Dadas essas circunstâncias, qualquer demonstração de afeto me acanha.

Sabe, a maioria das pessoa te acha estranho. É óbvio que você sabe disso, mas me faz pensar em como algumas pessoas são completamente imprevisíveis. Você se dá esse título, e eu rio, mas talvez esteja começando a te entender. Talvez esse seu jeito meigo escondido debaixo do boné e dessa cabeleira cacheada seja exatamente isso: um segredo. Um segredo bem guardado, que a maioria das pessoas não merece descobrir, porque são podres e más. E você não é. Você é, estranhamente, uma pessoa muito pura. Boa. Seus sentimentos são abertos e suas intenções são cristalinas. Você não engana, não faz jogos, não trapaceia pra conseguir o prêmio. Quando quer, você simplesmente diz, e talvez por isso, consiga. Uau. Nem eu tinha pensado nisso, analisado você assim. Meus dedos foram mais rápidos.

Essa enxurrada de pequenas confissões começou porque eu queria te dizer quão incrível você foi comigo. E, como já deixei clara toda a parte onde você me fez sentir bem, quero muito te contar sobre a outra parte. Aquela que eu me sinto muito contida pra te falar, mas curiosamente, não pra fazer. Queria poder te dizer como você me fez sentir quando passou as mãos pelo meu corpo e me fez suspirar com calma, com tesão, sem medo. Que sentir a sua boca em mim é uma sensação única, porque tem algo na forma como você me deseja que eu sinto na sua respiração. E que passar os dedos pelo seu cabelo enquanto seu rosto está tão longe do meu é um pedido de socorro que eu não quero que você atenda. Como foi bom sentir você, e como eu queria que você tivesse usado mais força. Mas como eu te disse, não dava pra ter tudo, não é? Fiz você rir com essa. Queria te dizer como é bom beijar você e sentir o seu gosto, e que ver você dizendo "não" me deixou esperando pela próxima... que talvez não aconteça. Mas não importa, porque foi bom.

[Tem muito mais coisa, coisas que não se escreve por aí. Coisas que eu queria sussurrar pra você, deitada na sua cama às 3 da manhã. Coisas que eu te pedi, e não pensei, e entendi. Coisas que eu queria muito, mas sabia que eram para um outro momento. Há mais coisas, que talvez nunca aconteçam, porque talvez eu tenha deixado passar a oportunidade, e vou carregar essa pequena culpa por um tempo. Eu deveria ter te mandado aquela mensagem, te chamando pra tomar mais um cerveja. Deveria ter dito pra gente se encontrar antes de eu ir embora. Poucas coisas, coisas tão simples, tão fáceis, e eu não fiz. E agora, só posso ficar chateada. Mas tudo bem, porque foi minha culpa, não sua. Você nunca me chatearia. Certo?]*

Não foi planejado, mas aconteceu. Do jeito que não poderia, com certa ansiedade, depois de me fazer contorcer na sua cama, implorando por alguma coisa que nem eu saberia dizer o que era. Só de pensar agora já é suficiente pra causar algumas reações, as lembranças mais vívidas do que deveriam, o corpo perguntando quando será a próxima vez. A memória é realista e me pego sentindo um pouco de saudade desses momentos, difíceis de descrever sem ser absolutamente vulgar ou escapar para um romantismo incabível. Não era romântico. Era carinho, era respeito; era tesão? Absolutamente. Foi o tipo de momento que não se vive duas vezes, mesmo quando procuramos incansavelmente, mesmo quando nos abrimos para experiências, buscando abrigo em desconhecidos; o tipo de momento que marca. 


Não tenho final para esse relato. Coisas distintas em tempos diferentes, dias e dias passados, pensamentos que foram e voltaram e ficaram, e eu até agora nem sei dizer o que foi que aconteceu. O que vai acontecer. Mas quero deixar aqui minhas sinceras desculpas por ter essa mania de dar significado mesmo às menores coisas. Isso torna tudo mais difícil. Sei que de alguma forma você entende. Desabafar sobre as formas como algo me faz ou fez sentir ainda é um escape certo para momentos em que eu não tenho mais para onde correr. Desculpe se o escape foi você. Mas obrigada, também. 

quarta-feira, 7 de março de 2018

sinto

existe uma corrente ao redor do meu pescoço
me puxando para baixo.
o peso dos meus músculos
pode ser medido em toneladas
ou em pensamentos.
devem ter aproximadamente
a mesma medida.

sou como uma bola de chumbo
no meio do espaço.

           espaço.                  espaço.                                espaço.

nada além de mim
num raio de um milhão de quilômetros.
sozinha. flutuando.
e sem gravidade pra me manter no chão.

quando estico a mão tentando alcançar
qualquer forma de vida que possa me ajudar
só encontro o vácuo. eterno. completo.
os rostos estão ao meu redor, mas não posso
alcançar nenhum deles. todos distantes
como planetas.
estão em outra órbita.

mesmo quando ouço minha risada aguda
fico confusa, pois como posso ouvir meu riso
se não sinto vida dentro de mim?
como pode uma caixa vazia
estar cheia de confete?

"não seja tão triste". "por que tanta negatividade?"
se soubessem que quando olho pela janela
vejo os escombros do mundo,
as paredes caindo, o céu em chamas,
as nuvens negras e o chão se abrindo.
então saberiam como é viver
pensando apenas
no fim.

o burburinho de uma árvore
é como o presságio de uma catástrofe;
todo e qualquer barulho
é um assalto à mão armada,
e meu chá de camomila
poderia estar envenenado.

é muito difícil ser eu
dentro da minha cabeça.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

souls

I loved you.
Deep as I could, I loved you.
First as a friend, I loved you,
and then, as a lover, I loved you.
It sound silly, of course,
it's not easy to put that into words
because even I couldn't say that I fully understand
whatever the fuck was going on
inside my chest. Or in my head.
But I loved you,
and when I said it, it was truth.
Believe every breath I took to
hold my tears
and be all ears
for you.
At hard times.
At confused nights.
When no one else could be there,
only me. Only us.
In the dark. Behind those
blurry glasses,
hidden in sight,
completely alone,
with only the silver light
from the sky
shining on our eyes.


That time passed
and I can say, right now,
that I'm less confused
about you.
Or, maybe, about me.
I'm still love you,
but I guess I'm no longer
in love with you.
I can let you go
 - not too far, please -,
and still be all I was.
My heart is still warm
when you pull me to your arms
and smile, trying to
calm me down.
I love you.
The right way, now.


I'm sorry for not being
enough.
When I apologize for that,
I'm not saying to you, ok?
I'm telling myself that I'm sorry;
sorry that I'm broke,
and that you are too,

and that too different pieces
doesn't match on this puzzle.