quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Acredite se quiser

Eu não deixei de te amar.
Não acordei uma bela manhã
curada de qualquer sintoma,
sem angústia, sem medo, sem dor
e muito menos
sem amor. 

Eu não acordei no dia seguinte
sem sentir saudade de você
ou do seu abraço. do seu cheiro
ou da pequena sobra de espaço
do outro lado da cama.
Não. Eu acordei exatamente 
como fui dormir:
inchada. Vermelha. Molhada.
E, claro, ranhenta. 

Passou um dia, dois, três,
passou uma semana, duas,
eu continuei calada, muda
porque gritar não resolveria.
O problema era briga antiga,
nada dessas bobagens novas
para as quais nós nem ligávamos mais.

Mas não é sobre isso 
este pequeno acerto de contas,
descrito tão sem controle 
numa urgência saudosa.
Não, não, eu só vim aqui pra você saber
que eu não me livrei de você.
E se você acredita nisso 
fácil assim, fico feliz. Vai ser melhor
pra você e pra mim. 

Só não apague meu número,
nem as lembranças, nem a saudade
porque eu ainda não tô pronta
pra ser esquecida de verdade.