domingo, 30 de outubro de 2011

Carente?!

Vai me dizer que você nunca "chorou" por um abraço? Aquela vontade de sentir carinho, de ser beijada, de ser abraçada. Aquele momento em que você tem um surto de realidade e percebe que está sozinha - e a palavra ecoa na sua cabeça inúmeras vezes, tira seu sono, acaba contigo. Aquela sua vontade incontrolável de encontrar alguém pra te dizer algo bonito, algo que fofo. Um único segundo em que você tem certeza absoluta de quem não vai suportar nem mais um minuto sem ter o tal namorado. Sim, você já passou por isso. Em algum momento da sua vida, talvez tão curto que você nem tenha notado, talvez tão longo que tenha te machucado. Talvez não tenha chegado ainda, mas vai chegar.
Carência é uma palavra que me assusta. Quando reflito sobre o significado dela, entendo que é a dependência plena e aceita de outra pessoa. Às vezes apenas do tratamento que a pessoa te dá. Carência é um problema muito, muito sério na vida de qualquer pessoa.
Posso dizer que a carência já me levou a correr atrás de quem não valia a pena. Já me fez chorar e sorrir e comemorar pequenos sinais de que havia interesse, para que então, em pouco tempo, eu quebrasse a cara. Típico. Mas não vamos perder o foco.
Se você nunca se sentiu carente, precisando de um abraço, de um beijo ou de qualquer carinho, você não é humano. Infelizmente eu tenho certeza quando afirmo que todo mundo já esteve carente.
Não importa se por pouco tempo ou se por muito tempo, não importa mesmo. A carência é um sentimentos cretino que mata. Mata a alma, esperança, destrói o coração e o psicológico.

Mas não tem problema. Basta procurar, procurar com vontade, que você vai achar alguém pra suprir a sua necessidade de amor. Nem que seja só por alguns minutos, talvez uma hora.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Superando

Perguntei-me inúmeras e seguidas vezes o que estava havendo. Quando o vi na rua, não passada nem uma semana da última vez em que ele cruzou não minha visão mas meus pensamentos, não tomei um choque. Não tremi, não gaguejei, não pensei no meu cabelo nem na impressão que passava a minha camiseta coberta pela minha blusa de lã. Só o vi passar, e ainda (surpreendendo-me mais ainda) tive até a audácia de gritar: "E aí, Jão?". Recebi um olhar assustado, e ele pareceu confuso. Sorriu de volta e disse: "E aíííííííí". Não consigo entender como seu sorriso torto e o jeito como só um lado dos seus lábios levanta conseguiam mexer tanto comigo. Tão lindo. E agora, tão comum. É óbvio, ele continua sendo lindo. Mas não tanto quanto era há uma semana atrás. O efeito passou, como previram as sábias amizades que cultivo. "É passageiro", ouvi com frequência. "Logo, logo, você supera." Foi mais logo do que imaginei que seria. Foi logo mesmo. Rápido como um tiro. Rápido como começou.

O grande truque foi ignorar. Eu ignorei o quanto pude. Fui até mal-educada. E ele continuou mandando mensagens. Continuou me dando bola. Continuou correndo atrás. O segredo era esse, então?, finalmente compreendi. Deixá-lo sofrer? Sim. Simples assim. Como superara o outro (leia o primeiro parágrafo), estava disposta a superar este também. E consegui. Respondi as mensagens até onde achei seguro. Deixei-o imaginando por que estou fugindo, e quando ele questionou, "não compreendi". Fugindo?, sorri, inocente como nunca. Eu não estou fugindo, pelo amor de Deus. "Mas você não fala comigo, mal me responde" ouvi. Em silêncio, ri. Em meus lábios, um sorriso de aprovação ameaçou condenar meu jogo. Mas eu o segurei e escancarei a boca: "Como assim? Eu vivo correndo atrás de você!" Pronto. Esfreguei na cara dele. Disse, em poucas palavras, tenho certeza, que enquanto eu corria atrás dele ele me ignorava, e que provasse do próprio veneno agora.
Faz três semanas que superei o primeiro, e duas que estou brincando com o segundo. Gosto do modo como o Destino joga esse jogo chamado Vida. Deixa que soframos e então, quando imploramos pela desistência, ele nos deixa vencer uma rodada.
Estou me preparando para a próxima.
Será em breve.

domingo, 16 de outubro de 2011

Admita

- Se quer tanto falar com ele, vá logo!
Esse é o meu coração. Está numa discussão terrível com a minha cabeça desde que eu vi ela falando com ele. Fiquei com os nervos à flor da pele, e mandei meu corpo relaxar. E daí? Por que tanta preocupação? E daí se ela for falar com ele? O que diabos eu tenho a ver com isso?
- Você quer que ele seja só seu.
Mentira.
- Sabe que não.
Mentira.
- Vá logo, pare de fazer frescura.
"Fresca"? Isso me lembra alguma coisa em relação à um apelido que ele me deu. Algo de que rimos um pouco, e algo que ficou guardado na minha memória.
- Se você não for falar com ele...
Ignoro com veemência a voz dentro de mim. Só de pensar que ele está falando com outra menina, meu coração bate forte, e posso ouvi-lo por detrás dos meus ouvidos. Cale a boca, é o que tenho vontade de dizer. Mas não quero que se cale. Quero ouvi-lo batendo forte, quero que bata forte por causa dele. Eu quero. Mas não quero, também. Mas me importa, de qualquer forma. Isso faz qualquer sentido?!
- Você é louca - sussurra minha cabeça.
Talvez. Não tenho certeza. Provavelmente, sou um pouco insana. Mas nada sério demais.
- Ainda acho que você devia ir até lá e falar com ele.
Cale-se.
- Tudo bem.
Silenciam-se todos.
Um milagroso minuto de silêncio absoluto invade o quarto.
Então meu coração volta a bater com força.
E se ele à responder?
Por um instante, depois de pensar sobre como ele poderia dar atenção à outra como nunca deu à mim, meu coração, antes tão loucamente barulhento, quase se cala.



TUDO BEM, TUDO BEM, EU O AMO.
Prendo a respiração, mais surpresa do que podia imaginar. Eu disse "amo"?! Não, eu não o amo. Eu gosto dele. Muito. Apaixonada, talvez. Mas não o amo.
Fico nervosa quando estamos perto um do outro, certo. Mas e daí? Eu quero saber onde e com quem ele está a todo momento, mas e daí? Eu o quero só pra mim, mas e daí?
Eu não posso.
E essa é a minha dor.

Batimento

Coloquei a mão sobre o peito dele. Seu coração batia acelerado. Seria a situação? Ou seria apenas qualquer outra coisa sem relação comigo? Talvez fosse o medo. O freio de mão estava meio fraco, talvez ele só estivesse preocupado com a possibilidade do carro rolar barroca abaixo. Mas dentro de mim, dentro do meu coração (que, diga-se de passagem, mantinha os batimentos uniformes, não estava acelerado) existia uma chama de esperança dizendo que era por minha causa. Era por mim que esse coração batia acelerado. Mas essa chama se apagou. Eu mesma fui até lá e, com um pouco de saliva nos dedos, apaguei. Não foi difícil. Eu já sabia que ele não me achava especial. Ele já tinha me dito isso. Eu não precisava de confirmação. E tive vergonha de perguntar. Também, não sei bem como soaria a pergunta. Que pergunta?, pensei. Não sei nem como perguntaria.
"O que foi?", ele sussurra, atrapalhando meus pensamentos.
"Nada". Ah, tão clichê.
"Você tá pensando em quê?", ele pergunta, as mãos descansando na minha cintura.
"É sério, nada", insisto. Como se ele não me conhecesse.
Então ele começa com aquela mágica de me relaxar, massageando minhas costas. Encosto a cabeça em seu ombro e suspiro.
"Conta pra mim o que foi".
"Eu..."
Não tenho coragem de continuar. Ele ainda massageia minhas costas quando corro para os seus lábios numa tentativa surda de cortar o assunto. Agora sim meu coração está acelerado. Mas ele jamais saberá o porquê; nem eu sei.

sábado, 15 de outubro de 2011

Uma doença

Sabe como eu acordei hoje? Não foi a chuva batendo se não insistente, brutalmente na minha janela, mas os três bipes do meu celular avisando que a bateria já era. Nunca levantei da cama com tanta rapidez! Corri através do quarto só de camiseta, busquei o carregador e o pluguei na tomada, coloquei o celular em cima da mesa e voltei correndo para cama. Esfreguei os olhos e finalmente me lembrei de colocar os óculos. Olhei para fora da janela pela primeira vez no dia, e me deparei com o Apocalipse. Faltou só estar trovoando para eu ter certeza de que o mundo ia acabar. Me encolhi debaixo dos três cobertores e rezei pra não ter que sair daqui até achar seguro viver de novo.

Mas eu esqueci de contar pra vocês a novidade: sarei. Não completamente, porque infelizmente não é uma doença só que me assola, mas da principal, e posso dizer, da pior delas, eu sarei. Ou vocês não sabiam? Eu estava sofrendo de burrice consciente aguda, que eu particularmente acho que é a pior doença de todas. Pra quem não sabe, eu vou dar um exemplo pra explicar.
Lá estava eu, vivendo minha vida, quando apareceu um determinado indivíduo e tomou de mim o meu controle mental e o controle do meu coração. Eu estava sim apaixonada, embora lutasse até o fim do mundo dizendo que não. Mas todos sabiam; menos ele, acredito. Nunca namoramos, nem perto disso! Apenas ficávamos com uma frequência admirável. Dois meses de luta, pausa, volta, vontade, eu aqui sofrendo, ele lá... voltou com a ex. É, ele voltou com a ex. Já fazia umas semanas que a gente não ficava direto, mas porra, tinha que voltar com a namorada?! Tudo bem, respira, nada demais, você não gosta dele mesmo (reticências).
Aniversário dele, o presente? Eu. Mas e a namorada? Sei lá da namorada. Se tinha, se não tinha, eu estava tão preocupada quanto ele parecia estar.
Passa uns dias, descubro que ele terminou com a namorada. A notícia põe pilha num sentimento que eu tô tentando deixar no fundo do baú. Tô conseguindo, SAIA JÁ DAQUI, ESPERANÇA. Vai atormentar outro coração.

E agora eu tô aqui, contando pra vocês que meu tratamento anti-ele funcionou. Arranjei outro problema; relativamente menor, até. Mas o que importa é que agora só falta curar essa bola presa dentro da minha garganta. Então estarei completamente curada.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Boa-noite

Os latidos dos cachorros lá na rua ecoam dentro da minha cabeça e correm através do meu corpo. Estou tremendo. Um bom café curaria minha ânsia, mas não há o pó, nem água, nem nada. Estou na cama, olhando fixamente para o teto. Nas linhas longas das vigas da madeira velha, tento encontrar uma solução para problemas novos. Ouço fogos de artifício lá fora. O barulho da explosão que imagino ser colorida percorre cada ligação peptídica do meu corpo, me fazendo tremer mais. Viro-me de bruços e enterro o rosto manchado de rímel entre meus travesseiros brancos. As marcas desse meu momento de fraqueza serão, mais tarde, lavados dali com água e sabão. Queria eu poder lavar da minha alma e coração esses sentimentos com a mesma facilidade que se lava uma fronha de travesseiro. Começo a sentir o ar faltar aos pulmões, e por um imenso e eterno segundo, penso em não tirar dali o meu rosto. Mas então eu percebo o tamanho da bobagem que estou pensando. Viro-me para cima com mais lentidão do que gostaria, afinal meu corpo não me obedece mais como antigamente. Olho novamente para as vigas de madeira: e agora? O que fazer? Continuar aqui até não aguentar mais a dor da fome no meu estômago, talvez? Ou finalmente me levantar e tomar uma atitude? Lá fora a luz diminui e é trocada por uma amarelada; os postes de luz são ligados. Já é noite. Decido por continuar na cama. Não há fome suficiente ou necessidade de atenção suficiente para me tirar da cama, agora. Inutilmente tento esconder-me debaixo das cobertas, mas não há força nos meus braços. Sinto-me fraca, mais fraca que o normal. Meus dedos tremem. Um cheiro agudo, conhecido, muito próximo atiça meu nariz. Olho para todos os lados, mas continuo sozinha. Demoro quase um segundo inteiro para perceber que isso é apenas a minha necessidade de você. Ela grita. Alto. Eu sorrio para mim mesma; meus lábios estão incapazes. Reflito sobre quão longe posso aguentar com essa minha imaginação e memória forte me fazendo lembrar à todo segundo que você não é meu. Mas agora as luzes amareladas lá fora estão mais fortes; já é tarde da noite. Não tenho opção, o dia amanhã começa cedo. Não há lágrimas para serem choradas ou gritos para ecoar. Com força sobrehumana, levanto da cama e dobro os lençóis. Enfio-me debaixo deles, e conforto minha cabeça entre os travesseiros. Aspiro com força. Talvez consiga tirar da memória mais um pouco do seu perfume, antes de dormir. Minhas forças finalmente se acabam, e meus olhos se fecham. Venha, noite, engula-me e descanse-me. Seja boa. Boa-noite.

Bom-dia

Tem uma música tocando em uma das dez mil abas abertas no meu Chrome, e ainda assim o barulho das gotas batendo na janela atrás de mim é o som mais nítido e límpido do quarto. Olho para trás para averiguar; parece que está chovendo dentro da minha cabeça, a água batendo nas minhas têmporas. Só vejo pontos brilhantes no vidro. Conto até três bem devagar. O barulho da chuva despertou alguma coisa dentro de mim. Uma dorzinha que estava dormindo, o sono leve como um algodão. Calma, calma, não se preocupe, já vai passar. A mentira mais mal contada do dia. Nada vai ficar bem. Não agora. Vai demorar. Olho para o celular jogado do outro lado da cama. Faça algum barulho, peço em silêncio. Traga uma mensagem, brilhe, grite, converse comigo, não me deixe sozinha. Tem apenas uma mensagem que eu quero receber. Ela já chegou, mas foi ontem à noite. Eu quero outra. Quero uma resposta bem-humorada, quero um sinal de saudade. Nada. E não vai chegar. Eu já sei, já aceitei. Estico o corpo, como se com esse movimento em conseguisse expulsar esse espírito de porco dentro de mim. Chuto o violão de leve. Esse sim é meu melhor amigo, jamais me abandonou nas horas de tristeza; vem em meu socorro sem pensar duas vezes, até me ajuda quando eu não sei o que fazer. Toco suas cordas com as pontas dos dedos, e um som leve e sem ritmo ecoa pelo quarto claro. Já é de manhã? Nem tinha percebido. Paro para prestar atenção, e ouço os gritos de criança pela casa. Tudo em pleno movimento. Olho através do vidro da janela: a chuva parou. Quando? Faz tempo? Deus, como ando desligada. As montanhas são verdes de novo, a neblina começa a se dissipar. Não é só de manhã, é quase tarde. Mais barulhos; um aspirador de pó brigando com grãos de sujeira perto da porta. Logo, logo alguém vem me chamar. Fecho os olhos com força e sinto os restos do rímel nos meus cílios. Preciso levantar e me preparar para o longo dia. Não tão longo, talvez. Olho para o skate no canto do quarto; hoje não, amigo. O dia está feio demais, você só combina com dias de sol. Uma música ainda toca em algum lugar no computador. Estico o corpo mais uma vez, dessa vez só para acordar; tenho o cuidado de desviar do violão. Certo, então, que comece o dia. Bom-dia.

And I'm back, ladies and gentlemen

Desculpe. Por todo o tempo em que estive fora, pelo semi-abandono.
Agora eu voltei, e voltei pra ficar. Comecei com essa folia de blog prometendo NUNCA fazer o que acabei de fazer, então, arrependida, peço que me aceite de volta, BdA.

Vou voltar com meus textos, comentários, fotos, e o que mais me der na telha. Com músicas, semi-composições, ou só um pensamento e outro. Meus poemas, esses vão voltar com certeza.
Então aceite-me de volta.