quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Superando

Perguntei-me inúmeras e seguidas vezes o que estava havendo. Quando o vi na rua, não passada nem uma semana da última vez em que ele cruzou não minha visão mas meus pensamentos, não tomei um choque. Não tremi, não gaguejei, não pensei no meu cabelo nem na impressão que passava a minha camiseta coberta pela minha blusa de lã. Só o vi passar, e ainda (surpreendendo-me mais ainda) tive até a audácia de gritar: "E aí, Jão?". Recebi um olhar assustado, e ele pareceu confuso. Sorriu de volta e disse: "E aíííííííí". Não consigo entender como seu sorriso torto e o jeito como só um lado dos seus lábios levanta conseguiam mexer tanto comigo. Tão lindo. E agora, tão comum. É óbvio, ele continua sendo lindo. Mas não tanto quanto era há uma semana atrás. O efeito passou, como previram as sábias amizades que cultivo. "É passageiro", ouvi com frequência. "Logo, logo, você supera." Foi mais logo do que imaginei que seria. Foi logo mesmo. Rápido como um tiro. Rápido como começou.

O grande truque foi ignorar. Eu ignorei o quanto pude. Fui até mal-educada. E ele continuou mandando mensagens. Continuou me dando bola. Continuou correndo atrás. O segredo era esse, então?, finalmente compreendi. Deixá-lo sofrer? Sim. Simples assim. Como superara o outro (leia o primeiro parágrafo), estava disposta a superar este também. E consegui. Respondi as mensagens até onde achei seguro. Deixei-o imaginando por que estou fugindo, e quando ele questionou, "não compreendi". Fugindo?, sorri, inocente como nunca. Eu não estou fugindo, pelo amor de Deus. "Mas você não fala comigo, mal me responde" ouvi. Em silêncio, ri. Em meus lábios, um sorriso de aprovação ameaçou condenar meu jogo. Mas eu o segurei e escancarei a boca: "Como assim? Eu vivo correndo atrás de você!" Pronto. Esfreguei na cara dele. Disse, em poucas palavras, tenho certeza, que enquanto eu corria atrás dele ele me ignorava, e que provasse do próprio veneno agora.
Faz três semanas que superei o primeiro, e duas que estou brincando com o segundo. Gosto do modo como o Destino joga esse jogo chamado Vida. Deixa que soframos e então, quando imploramos pela desistência, ele nos deixa vencer uma rodada.
Estou me preparando para a próxima.
Será em breve.

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