sábado, 21 de abril de 2012

Qualquer coisa velha na gaveta


Existe um outro sorriso
que me ajuda a não definhar,
a te esquecer um pouco,
a não enlouquecer.

Não é nada perto do teu,
que também me faz sorrir,
que me faz sonhar
e que eu não consigo esquecer.

Mas é muito, uma vez
que de você, não posso
ter nada
graças à distância.

É bom pra mim.
É suave, é bonito,
me deixa vidrada,
como o seu fazia.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um dia esses dias virão

Feche a porta e apague a luz, que minhas memórias querem dormir em paz. Estão cansadas de serem frequentemente lembradas, usadas como ponto de encontro entre uma festa e outra. "E aquela noite em que estávamos na sua casa, se lembra?". E lá vai a minha cabeça, procurar nos confins dos dias de glória já esquecidos um momento específico, uma lembrança boa, um sorriso, um beijo já esquecido, amassos numa cadeira ou num sofá qualquer. Um dia ou uma noite em que estávamos por demais bêbado ou cansados para nos lembrarmos de um ou outro sinal, notado talvez por um ou dois de nós. Bons tempos aqueles em que eu tinha tudo guardado comigo; mas hoje são tantas noites e tantos momentos, tantas risadas e piadas, que desculpe, não vou me lembrar daquela sobre a galinha que pulou uma cerca.
Posso, daqui uns vinte anos, enviar-lhe uma carta dizendo "Querida amiga, achei justo lhe dizer que numa noite dessas, sonhei com aquela festa na minha casa - e se você não se lembra, posso ajudar dizendo que foi aquela em que estávamos rindo da menina que bebeu muito conhaque", e assim por diante. Posso, talvez em uma década ou duas, telefonar no meio da noite, numa terça-feira, lá pelas três e pouco da manhã, apenas para dizer que, finalmente, me lembrei de como era a voz daquele personagem dos vídeos que nos faziam rir tanto... Eu espero que esses dias cheguem de fato, e que, então, eu me lembre de ter previsto tudo isso. Essas recordações, esses momentos em que percebemos que a vida já passou, e que nos orgulhamos da nossa juventude.