terça-feira, 16 de outubro de 2012

Imagina que tempo feliz

Ah, bons tempos aqueles. Era agosto, comecinho de setembro. Eu dormia e acordava digitando incansavelmente no celular. Gostava de te dar bom-dia enquanto caminhava para a escola, às vezes com muito frio, às vezes assistindo o nascer do sol, mas nunca sozinha. Aliás, ainda não me sinto sozinha. Quero ligar pra você. Agora. Tem que ser hoje, melhor de madrugada. Quero saber como você está, mas não sei bem o que dizer. Talvez eu só fique em silêncio e te ouça falar, ou talvez fiquemos ambos em silêncio - mas até o seu silêncio pra mim já basta.


Está chovendo lá fora. 
Estou preocupada com você.
Será que eu penso que a gente namora?
A culpa é sua por me beijar.
Quanto tempo até eu te ver?
Por que você teve que ir embora?
Estou implorando pra você voltar.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dois meses

14 de outubro, 00h04

E agora?
Não sei o que estou fazendo. Não entendo o que estou sentindo. Será que é isso o nada? Essa sensação de vazio, de não se importar? Essa sinceridade, esse não querer, esse poder de dizer "sim" ou de dizer "não"? Se isso for ser livre, talvez eu queira continuar presa. Ou não. É que eu nunca fiz isso, eu nunca saí de dentro da minha gaiola. E eu repito como um papagaio velho, "nunca fiz isso", "não sei o que fazer" e "não sei o que dizer". Repito quantas vezes puder, pra ver se alguém me ouve, pra ver se alguém me entende. Pra ver se alguém me ajuda, me aponta um caminho, me dá uma luz. Só sorrisos e palavras mais doces do que costumo ouvir não me ajudam a escolher.
E agora?
Penso várias vezes em quanto tempo tenho para viver essas pequenas mentiras, fingindo que tudo está ótimo, que tudo está bem, que tudo está do jeito que eu quero. E acontece algo muito estranho: quanto mais se aproximam, mais me distancio. Mais quero a solidão, mais quero o nada. Esse nada tão querido que parece me abraçar e me acalmar, dizendo que sou jovem, dizendo que estou certa, dizendo que tenho tempo e que ninguém manda em mim.

Eu quero me apaixonar por você. Quero com todas as minhas forças que você me conquiste, me tire da dúvida, acabe com essa incerteza. Vem. Me ama. Me beija, me abraça, me desgasta, me enlouquece. Faz de mim o seu equilíbrio, faz de mim o seu coração, faz de mim as suas dores e as suas vontades. Eu quero ser sua, e quero que você seja meu. Quero ouvir a sua música quando você me ligar, quero ouvir a sua respiração no silêncio da madrugada, quero sentir os seus dedos no meu cabelo e seu corpo em choque quando tocar o meu. Quero a maciez dos seus lábios soprando meu ouvido, suspirando, sussurrando, murmurando com ternura e certo desespero qualquer frase que me faça rir de nós dois e da minha inexperiência. Eu quero você aqui. E quero agora, nesse instante de desespero, onde a dúvida me corrói com força. Tenho medo de me arrepender, preciso de um conselho. Seu. Preciso ouvir a sua voz; preciso me acalmar. 

Ai, ai. Ser tão jovem e tão inexperiente é realmente uma tristeza. Me atrapalha muito essa falta de informação, esse não saber. Eu estou apaixonada, e a negação sempre foi o caminho mais fácil. Mas será que eu sempre vou fugir? Fugir para sempre de mim mesma, de nós, de um futuro? Fugir de um "sim", de um "talvez", fugir de um "nós"? Um dia vou me sentir sozinha, e sei para quem vou correr, sei de que abraço vou  precisar, sei que sorriso vai me acalmar.



15 de outubro, 14h14

Estou disposta a lutar. Acredite em mim, confie em mim outra vez, por favor. Não faça isso comigo.
Eu não quero jogar todo esse tempo pro alto e esquecer.





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dó menor à sétima


Eu não acreditei
quando ouvi você contar pros seus amigos
o que a doida da sua namorada fez

Até esse momento a gente era
um rolo um pouco longo
durava mais de um mês

Nunca me passou pela cabeça
que eu fosse pra você
coisa mais que um borrão

Achei que a gente era
aquele amor "não sobe serra"
que não dura mais que um verão

E ouvindo você rindo
e contando que eu matei
a barata atrás da nossa cama

Eu comecei a rir
e me toquei de que
dando amor a gente também ganha

Tipo quando eu te faço carinho
bagunço seu cabelo
e você só reclama

Isso quando não vem
e me aperta, me morde de verdade
pra mostrar quem é que manda

("E eu só peço que os bons ventos
te tragam de volta algum dia
pra eu poder dizer
que talvez tenha sido um novo amanhecer
na minha vida")