terça-feira, 28 de outubro de 2014

+18

Engraçado como a gente nunca está preparado para ter responsabilidades, mas parece que aos dezoito anos, saindo de casa, é pior. Ninguém nunca está pronto para preparar o próprio jantar, ou ser responsável pelas próprias roupas. Parece que não estamos psicologicamente preparados para nos preocuparmos com o dinheiro do aluguel no fim do mês, muito embora a gente saiba que a mamãe e o papai, que ainda nos bancam, depositarão o dito cujo. Estamos frágeis e até mesmo comprar pão, presunto e queijo no mercado que fica na esquina de casa parece exigir um certo nível de maturidade maior do que o nosso. Pegar o ônibus para faculdade, então, é uma tarefa para a qual precisamos de auxílio especializado.
Não que não sejamos capazes. Não, não. Mas tudo parece muito difícil.
No fim, nos vemos realizando "grandes" tarefas domésticas, como preparar um bom almoço no domingo, mesmo não tendo um forno na cozinha ridícula do apartamento de 10m². Uma faxina, manter o banheiro limpo, os lençóis trocados, tirar o lixo, fazer compras, pagar contas. Começamos a nos ver com um com pouco mais de respeito - respeito próprio. Talvez, afinal, sejamos capazes de cuidarmos dos nossos respectivos narizes.
E quando isso acontece, quando esse respeito cresce e as responsabilidades se tornam rotina, nós passamos a acreditar mais, a ter mais certeza de que o mundo é hostil sim, mas não vai nos engolir. Vai nos abraçar. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Outra noite para nós dois

          De repente, abri os olhos. Estava deitada de lado na minha cama, coberta até a cintura pelo meu edredom de sempre, um braço debaixo do travesseiro fofo, e o outro apoiado no meu próprio corpo. Há uma mão junto à minha, nossos dedos entrelaçados com força. Olho pela janela meio aberta, e reparo que as estrelas estão muito brilhantes. Isso me diz duas coisas: é madrugada, e eu dormi de lentes de contato. De novo.
          Respiro fundo, e o ar gélido que entra pela janela invade meus pulmões; me arrepio. É aí que você repara que estou desperta... e me puxa para mais perto. Minhas costas nuas encostam no seu peito, e reparo que você está quente. Como consegue? Sinto minha pele gelada contra a sua e rio baixo. "Que foi?", você sussurra, e eu me viro para você. Meu cabelo está em todo lugar, e você o afasta do meu rosto; em seguida, faz um carinho nas minhas bochechas rosadas de frio, e me beija. O gosto é de sono. Eu sorrio e você sorri de volta, sem muitas palavras, sem muito movimento. Sua mão escorrega para o meu pescoço e recebo mais alguns beijos. É um "bom-dia" com pelo menos quatro horas de antecedência. Você já deveria ter ido embora, mas não consegui deixar. Mais um deslize, e você me puxa pela cintura para mais perto. Mais perto. Mais perto ainda. Minhas pernas entrelaçadas com as suas, nossas mãos agarradas, meu corpo frio ("Parece uma vampira") tocando cada parte do seu corpo aquecido ("Você é quente [risadas]").
          Começa então aquela implicância que você tem com esse meu hábito de rir de tudo, e de coisa alguma, sem motivo aparente. Aquela velha pergunta, "Do que você tá rindo?", e eu sempre dizendo que não é nada, não, ou que não sei. E é verdade, eu nem sempre sei qual é o motivo do meu riso. Talvez seja só uma fresta que deixa escapar o quanto me sinto feliz. Um filete de alegria sem sentido, que abre a oportunidade para começarmos conversas sem fim. Te digo as minhas bobagens, mesmo morrendo de vergonha de todas elas. E você acha lindo quando eu venço essa minha timidez só para te dizer coisas que você já sabe.
          Visto meu roupão e me levanto, deixando você em alerta. No entanto, você relaxa quando eu sorrio e me dirijo ao banheiro, sem acender qualquer luz. Lá, apenas a lâmpada do espelho é acesa, e eu molho meu rosto; as marcas da maquiagem que não tirei, o restinho de um batom que você mesmo consumiu. Meu cabelo, bagunçado, é um furacão cor de fogo, e eu nem me atrevo a arrumá-lo - sei que você não liga, ouso até dizer que me prefere descabelada. Mordo os lábios, ajeito os cílios, sorrio para mim mesma (felicidade, estúpida felicidade...) e depois de balançar um pouco meu cabelo comprido, apago a luz. Volto para meu lugar na cama de casal que geralmente ocupo sozinha, com oceanos de espaço para todos os lados. No entanto, com você ali, deitado do meu lado, as mãos passeando pela minha barriga descoberta, sorrindo para mim no escuro, sinto como se tudo tivesse sido feito sob medida: os lençóis, o edredom, a cama, o tamanho dos nossos corpos, nossos beijos, os travesseiros, seus dedos, as cortinas e tudo mais.
          Seus dedos continuam passeando por mim, e eu rio, um pouco desesperada, quando você ameaça me fazer cócegas. Eu digo "Não" inúmeras vezes, mas você ignora meus pedidos e começa a beliscar minha pele branca demais; me remexo e de repente estamos travando uma pequena luta; eu tentando me defender de você e seus dedos maldosos, você tentando me fazer chorar. Não posso gritar, não podemos acordar o resto da casa silenciosa, e meu único golpe certeiro é aproveitar um milésimo de segundo em que você falha e não protege o rosto; me jogo sobre seu pescoço e calo seu riso com um beijo. No mesmo instante, o clima leve pesa, nos achatando na cama, os lábios inseparáveis, as respirações se acelerando depressa, mãos procurando não se sabe bem o quê. Me deito e te puxo para um abraço, nossos corpos colados, eu desesperada pelo seu beijo, as mãos dançando pelas suas costas. Você enrosca os dedos no meu cabelo enquanto a outra mão cava espaço no colchão para laçar minha cintura. Me puxa para mais perto. Mais perto. Mais. Mais. Desafiamos as leis da física, uma proximidade inimaginável, insuficiente. Ainda estou te beijando, e não vou parar. Os olhos fechados com força, gemidos entrecortados, risos quando minha pele gelada encontra a sua, tão quente, e um lugar novo. Como conseguimos rir tanto? Não sei, e não faço questão de entender. 
          Me vejo de olhos abertos, encarando seus olhos castanhos com uma intensidade que às vezes me assusta. Quero entrar em você, mergulhar em você. E sinto você fazendo o mesmo comigo. Não se explica esse tipo de coisa, não há palavras para descrever. É forte, e basta.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Descrição

Deitou-se no lado da cama
que tecnicamente era dele.
Mordeu os dedos, nervosa,
porque conhecia sua fama.

Aquietou-se e, manhosa,
chegou-se perto do rapaz.
Ele abriu os braços para ela
e a acolheu, medrosa.

Passou então os braços
ao redor do corpo dele.
Encarou-o sem desviar os olhos,
analisando todos os seus traços.

Ele, envergonhado, tímido,
viu-se perdido em seus cabelos.
Ela sorria sem parar, tão linda
e fazia aquecer sua libido.

Beijou-a então, docemente,
apenas lábios castos, devagar.
A fez gemer baixinho, contida,
e por fim a apertou, delicadamente.

Mãos perderam-se nos caminhos
que também chamamos de corpos.
Tudo leve, dedos deslizando,
entre toques, afagos e carinhos.

Pelo vidro muito embaçado
viram a noite tornar-se manhã.
Entre abraços, riam,
sem que nada fosse engraçado.

E mesmo quando foi dia
não puderam dizer adeus.
Ela não o deixava ir embora
pois de dentro para fora, a aquecia.

No pôr-do-sol, ainda deitados,
continuavam ali, inseparáveis.
Às vezes é o que se precisa:
uma tarde de amantes, namorados.

E se perguntarem se é "só" físico,
responderão que não.
Que sexo também é conversa,
que amor também é tesão.

sábado, 17 de maio de 2014

São certezas

Talvez tenha chegado a hora de eu admitir que existe uma porção de coisa boa entre nós dois. 
Que os nossos beijos talvez sejam a coisa mais linda que eu já encontrei em outro alguém, e que esse outro alguém divida tão bem comigo. Talvez, e só talvez, eu esteja chegando naquele ponto em que não te ver se torna um problema, e te ver nunca é demais. Talvez eu esteja deixando minhas paredes altas serem demolidas pouco a pouco, abrindo espaço para a construção das nossas cercas baixas, que servem agora não para proteger, mas para dizer onde acaba a importância dos outros e onde começa um lugar só nosso. Talvez, amor, eu esteja aprendendo o que você está tentando me ensinar há tanto tempo... sobre nós, sobre mim. Sobre amar e sobre permitir que você me ame. Talvez exista até um tantinho de "para sempre" nesse nosso comecinho. Talvez isso que liga a gente seja realmente algo vivo, algo pulsante, e talvez isso nunca saia de nós dois. Talvez eu esteja apaixonada como você diz que estou. Talvez até seja recíproco. Talvez eu tenha aprendido a ser sua, de uma vez por todas, sem olhar para os lados, sem piscar, sem desviar meus olhos verde-escuros dos seus olhos castanhos, que nunca me canso de observar. Talvez, depois de todos esses meses, eu finalmente tenha entendido que te amar é bem mais fácil que te odiar, e que brigar com você me machuca mais do que as dores que tenho no joelho. Talvez nós dois sejamos, no fim das contas, os opostos que se atraem. Talvez o fato de quase brigarmos assistindo futebol porque torcemos para times diferentes seja, sim, uma coisa boa. É quando percebemos que, ora, somos totalmente diferentes, e mesmo assim as coisas estão caminhando. Talvez eu seja realmente chata e complicada, te forçando a me entender de um jeito ou de outro, a aguentar minhas crises e minhas rabugices, meu espírito de velha e minhas reclamações da mesma forma que suporto seu mau humor e seu estresse. Talvez eu goste de quando você fica fazendo caretas pra mim, me fazendo rir, embora eu deteste quando me faz cócegas e eu imploro que pare, perdida nas minhas próprias gargalhadas. Talvez eu aprenda a perder de você no truco sem fechar a cara. Talvez eu compreenda, algum dia, porque você me serve menos vodca e mais energético, ou porque prefere passar frio a me ver tremer. Talvez um dia eu consiga entender porque você me ama.

Talvez, e aqui tenho muitas dúvidas, eu até seja capaz de deixar você pagar a conta.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Sobre todas as formas de violência

Se eu disser que sinto falta do tempo em que caminhava com segurança pelas ruas de qualquer cidade, é mentira. É mentira, porque nunca vivi tempos assim. Sempre vivi com medo. Moro numa cidade pequena, interiorana, onde vejo apenas pela televisão crimes que me tiram o sono à noite. Não moro em São Paulo nem no Rio de Janeiro, mas tenho medo das favelas. Por quê? Porque foi isso que me ensinaram. Também me ensinaram a temer quem caminha muito próximo a mim nas calçadas largas dos grandes centros, a desviar de um grupo de homens, a olhar torto para qualquer um que me encarar por algum tempo e nunca tirar o celular do bolso enquanto ando à noite. O quanto disso é certo ou errado é irrelevante. Note qual é a lição implícita nos comportamentos que me foram ensinados: tenha medo do próximo.

Segurança pública, no Brasil, é lenda. Não importa que te digam “Pode ir tranquilo”, você não vai. Ou não deveria. Ser assaltado, ter seu celular (que você parcelou em 12 vezes no cartão, porque é absurdamente caro) roubado, ou perder o troco do ônibus, essas coisas têm conserto.
Mas e se o cara que te parou para roubar seu celular resolver que não é só isso que ele vai levar de você?
Seja você um homem ou uma mulher, o medo existe. Você teme pela sua integridade física; você pode ser violentado, você pode ser violentada. Você pode ser espancado ou espancada. Você pode ser assaltado ou assaltada, roubado ou roubada, estuprado ou estuprada, assassinado ou assassinada. Estamos sujeitos a essas situações por que...? Não sei o porquê, não sei o motivo. Nem sei como foi que chegamos nesse estágio de insegurança. Não sei quando foi que se tornou mais comum se tornar um bandido que arranjar um emprego. Sempre foi assim? Também não sei. A única coisa que eu sei é que é difícil demais viver assim. Estamos chegando a um nível insuportável. E o que mais me assusta não é levarem o meu dinheiro... é levarem a minha integridade física. Não tenho medo de entregar meu celular, tenho medo de entregar a minha dignidade, a minha posição de cidadã. Tenho medo da agressão. De todas as agressões.

Nenhuma forma de violência é justificável.
Não bata com uma lâmpada num gay pela orientação sexual dele.
Não espanque um negro porque ele cometeu um crime.
Não estupre uma mulher porque ela está mostrando o corpo.

Não é concebível uma conversa em que alguém diga “Aquela mulher mereceu ser estuprada, você viu como ela se insinuou, com aquelas roupas?”, assim como não existe “Aquele menino mereceu ser preso ao poste e espancado, ele roubou!”, ou “Aquele gay mereceu ser surrado até morrer, ele namora outro homem!”.
Não cabe a você julgar o próximo, muito menos puni-lo. Não cabe a você decidir o que será feito com a vida de outra pessoa.

Sinto que estamos numa bomba-relógio, crescente e pulsante. Governantes relapsos, polícia submissa e impotente, um povo enfurecido... e os olhos do mundo virados para nós. Alguma coisa vai acontecer. Não se sabe ao certo o que, nem quando. Mas vai.


A hora de gritar é agora.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Um pedido de desculpas

Quem sou eu pra merecer o seu amor?
Um poço de defeitos, tanta coisa errada junta.
Quem sou eu pra você me amar assim?
Tão louca e inconstante que me assusta.

Sabe como é, eu desconfio de tudo.
Te entrego meu coração, meu eu completo,
mas não sei receber o que você quer me dar;
duvido mesmo daquilo que eu sei ser certo.

Juro que é uma luta eterna o que eu vivo,
tentando te salvar das complicações que sou.
Te poupar do que pode acontecer
enquanto me decido: pra que lado eu vou?

Mas mesmo louca, mesmo meio sem rumo,
no final de tudo, tenho só uma certeza:
eu só quero te levar comigo, te ter do meu lado,
não importa o que aconteça.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mein Kampf

Hoje não sei em quê eu tropecei. Uma velha memória espiando por debaixo da cama, talvez. Botou o nariz pra fora e aspirou fundo, tomando meu ar, me fazendo perder a linha. Esse é, afinal, o maior problema de ter lembranças: quando elas resolvem bater a poeira, dando o ar da graça no nosso presente, nós nos perdemos; eu chamo de suicídio o mergulho que dou no meu oceano infinito de memórias doces, dolorosas só agora. Quase sinto os cheiros, os arrepios, os espasmos.

Na verdade, é uma luta.

Te vejo sorrindo para mim, deitado na minha cama, sem qualquer motivo para querer sair dali. Os braços atravessam os poucos centímetros que nos separam e me puxam, unindo nossos corpos, enquanto um sorriso gêmeo do seu é costurado pelos seus olhos nos meus lábios cansados.
Um gancho de direita incha meu olho.
A garoa forte, que já destruiu meu cabelo, acelera naturalmente nossos passos em direção à minha casa. Nem preciso mais implorar para que você ultrapasse os limites dos portões ridiculamente altos e negros, como guardiões. Fazemos do sofá uma cama, da sala uma casa, da noite uma semana, dos beijos um acordo, das roupas uma bobagem.
Uma joelhada na caixa torácica me quebra uma costela.
Seu cheiro, impregnado na minha colcha, não me deixa dormir. Você está há meia cidade de casa, sozinho, às cinco da manhã, meio bêbado, mas satisfeito, de alguma forma. Disso eu tenho certeza. Levando de volta um pedaço seu que eu adotei por um ou dois dias e fiz questão de inundar com o meu próprio aroma. Uma lembrança minha, goste você ou não. Me acomodo onde seu corpo amarrotou os lençóis e cubro o rosto, embora a adrenalina esteja pulsando atrás dos meus olhos. Ainda sinto sua barba fazendo cócegas no meu pescoço.
Sequência de três jabes entorta meu maxilar.
Ameaço ir embora, e você não toma nenhuma atitude. Dou um passo para trás, lágrimas um tanto forçadas estão acumuladas; me recuso a derrubá-las. Mais um passo para trás... e você estende o braço. Me segura pela cintura. Mal respiramos. Você não diz uma única palavra e eu não tenho estômago para fazer o jogo por muito mais tempo. Tudo já foi dito, agora é só o drama. O adeus que você não deixa acontecer. Me aproximo um único milímetro, um suspiro, e você me puxa, me beija, e de repente estamos tão próximos que nossos corpos desafiam as leis da física, um entrando no outro, a proximidade doendo, mas ainda insuficiente. Nossos lábios não se separam nem por um segundo. Não há mais lágrimas.
Nocaute.

Já estou destruída há vários rounds. Entreguei a luta, afinal, o que posso fazer? Compraram o resultado. Você sai vencedor, eu saio lesionada - o corpo um mar de remorso, o coração uma colcha de retalhos, a cabeça uma caixa de Pandora. É lindo, lindo demais, tudo isso. Para você, que vê de fora, é quase poético. Espero que você não reconheça nem de perto esse meu sentimento sem nome; não o desejo à ninguém.

Vou para o canto do ringue, lambendo minhas feridas. Meu treinador, sem se abalar, me olha quase com orgulho por ter durado tanto tempo. Ele me dá um tapa amigo no ombro, e sua frase final você certamente conhece: "Eu avisei".

Prazo

Eu queria que você me quisesse.
Era um sonho modesto,
um pedido moribundo,
fraco, asmático, tristonho,
sem forças nos ombros.

Um beijo que eu não oferecesse.
Um carinho espontâneo,
que fosse duradouro, pleno,
fora dos meus planos,
todo calmo e sereno.

Te queria sem máscaras.
Viesse como você mesmo
e me buscasse, sem sono
me levasse para cama e
num abraço, me embalasse.

Mas não me enganei.
Você tentava não mentir,
eu tentava não acreditar,
numa hora lago espelhado,
noutra, atormentado mar.

Contei os dias e os meses
até que me perdi.
Deixei a areia escorrer e
a ampulheta tornar real
o tempo que continuava a correr.

Um, dois, cinco, nove,
nasce um filho bastardo de nós.
Você não o quis, eu o neguei.
Chamei-o Paixão, mas pensei
em trocar para Prazo.

Vencemos em julho.
Acabamo-nos havia tempos,
eu negando, você correndo,
as correntes firmes que não quebramos
e a ampulheta a escorrer o tempo.