terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Prazo

Eu queria que você me quisesse.
Era um sonho modesto,
um pedido moribundo,
fraco, asmático, tristonho,
sem forças nos ombros.

Um beijo que eu não oferecesse.
Um carinho espontâneo,
que fosse duradouro, pleno,
fora dos meus planos,
todo calmo e sereno.

Te queria sem máscaras.
Viesse como você mesmo
e me buscasse, sem sono
me levasse para cama e
num abraço, me embalasse.

Mas não me enganei.
Você tentava não mentir,
eu tentava não acreditar,
numa hora lago espelhado,
noutra, atormentado mar.

Contei os dias e os meses
até que me perdi.
Deixei a areia escorrer e
a ampulheta tornar real
o tempo que continuava a correr.

Um, dois, cinco, nove,
nasce um filho bastardo de nós.
Você não o quis, eu o neguei.
Chamei-o Paixão, mas pensei
em trocar para Prazo.

Vencemos em julho.
Acabamo-nos havia tempos,
eu negando, você correndo,
as correntes firmes que não quebramos
e a ampulheta a escorrer o tempo.

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