quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quando eu descobri a nossa música

Aqui, eu já escrevi sobre amor. Já escrevi sobre sofrimento, aquele sofrimento adolescente, com dor no coração e traumas que, daqui há dois meses, eu nem lembro mais de onde vieram. Mas agora eu vou fazer algo que não me lembro de ter feito antes: vou escrever pra você. E vou fazer você ler.

"'Meu querido'.

sinto muito por ter dito coisas que não deveriam ser ditas. Sinto também por machucar você machucando à mim mesma. De todas as bobagens que já fiz, essa é a que mais me dói, afinal, atingiu você. Eu sei, eu sei, talvez daqui há um mês já não seja você o meu querido, talvez você seja apenas uma lembrança boa - ou talvez, quem sabe, não tão boa. Mas não quero isso. Pela primeira vez em meses, quase um ano de uma dor reprimida... pela primeira vez em muito tempo, quero alguém. Quero ter um número decorado, um toque especial no celular; quero reconhecer a lanterna de um carro, quero saber o cheiro que ficou na minha blusa, quero esperar uma buzina, saber de quem é a mensagem que está lá, piscando, quando eu acordo. 
E sabe o que vai acontecer quando você for embora? Eu vou acordar às três da manhã (com despertador) só pra te ligar e te desejar uma boa noite de trabalho. Como eu fiz há um mês, há três semanas, há duas semanas atrás.
Eu acabei de sarar, sabe. E não te contei. Por que eu não te contei? Não achei que você quisesse saber. Não queria te bombardear com problemas que estou tentando esquecer. Por quê? Porque não quero que você sinta o que eu sinto com meus problemas. Você não me pertence. Assim como eu não te pertenço. O que nós somos? Somos dois espíritos livres, dois corpos sem dono, duas pessoas que nem o destino explica como se encontraram. Foi um acaso tão grande, mas tão grande, e tão tipicamente brasileiro: foi pelo futebol. Você, fanático pelo seu time como eu sou pelo meu; uma combinação perigosa, mas infalível. Você, com o seu jeito de moleque sem juízo, me deixou fascinada. Tão tranquilo, tão risonho, e tão bonito. 
Quando a gente se viu pela primeira vez, já éramos amigos de longa data. Foi meio irônico, não sei se só eu percebi. Você ali, comemorando um aniversário que eu só vou comemorar daqui há dez anos, e mesmo assim era pra mim que você sorria. Tão jovem! Não eu, você. Tão jovem, tão moleque, tão perdido e mesmo assim, encontrado. Não sei se dá pra entender o que eu vi em você, mas não foi só um monte de tatuagens ou um carro preto raspando no chão; eu vi em você o que quero que as pessoas vejam em mim: eu vi uma pessoa amada. Uma pessoa que todos querem bem, e que quer bem todo mundo. Parece até letra de música do Arnaldo Antunes. 
Eu vi em você uma loucura gostosa, um sorriso verdadeiro que eu não via há muito tempo. Ali só tinha verdades; falsidade e aparência, eu não vi nada disso. Eu só via uma molecada descomplicada que se amava muito. Amizades de anos, e anos, e anos... E eu ali, mais perdida do que eu mesma; conhecia algumas pessoas, mas e aí? Onde eu me encaixava naquilo tudo?
Você veio me socorrer. Eu me deixei seduzir, é verdade. Por que lutaria contra alguma coisa que de cara, só me fez bem? Eu dei tanta risada e troquei gente muito importante, troquei uma festa que ficou marcada, troquei danças e bebidas por você. Porque você tinha muito mais pra oferecer, e eu ia ficar pra ver. Eu não podia sair antes do fim do espetáculo.

A culpa é toda sua.

Foi você que me ligou a primeira vez, que me mandou mensagem, que sorriu, que veio. A culpa é toda sua.
E eu tenho tanto a agradecer por você ter feito tudo isso!

Tem uma coisa que você não sabe sobre mim: tenho tendências depressivas constantes. Alguns amigos podem confirmar essa informação: sou uma pessoa triste e desacreditada. Do amor, da vida, da felicidade. Pra mim, é tudo conversa fiada. Ou era. Eu nem sei mais. E eu só não sei porque você tá aqui, na minha vida. Seja culpa do acaso, seja culpa do destino, seja culpa de ninguém: obrigada. 

Existe mais uma coisa; nós temos um detalhe importante em comum. Dallas Green e sua voz inconfundível.

Aqui eu deixo meu pedido de desculpas por ter dito alguma coisa que eu não deveria ter dito; honestamente, querido, desculpe. Prometo que tento não te deixar chateado nunca mais. 

E obrigada por me ajudar, me ligar e salvar a minha noite. A sua voz alivia a dor desse braço lesionado muito mais do que os anti-inflamatórios."

domingo, 16 de setembro de 2012

Os clichês são honestos

Primeiro: eu me chamo de impulsiva, sim. Se não, eu não teria passado madrugadas em bares, nem ido à viagens, nem conhecido gente. O impulso me trouxe onde estou.

Segundo: isso no meu coração não é um buraco. Buracos foram feitos para serem tapados, cobertos, escondidos, preenchidos. Não. Você - infeliz infame, alma desgraçada, homem sem caráter, falho e desonesto - não conseguiu me machucar. Você não fez nada em mim. Nem cócegas. O que deixou aqui foi aquele clichê honesto, uma cicatriz. Eu estaca cutucando a casquinha, mantendo a ferida aberta, mas agora você mesmo costurou e fez um curativo. Clichê e meloso, mas foi o que houve de fato.

Terceiro: eu, com toda minha indelicadeza e toda minha falta de tato, até eu sou capaz de sentir. Então meça suas palavras comigo, porque além de vingativa, eu sou boa de memória.

Quarto: desculpe pelas frases vindas direto das páginas facebookianas como "Mulheres Malvadas", mas elas são indiscutivelmente verdadeiras. E apropriadas. Por ora.

domingo, 9 de setembro de 2012

Dia #2

Meu café frio descansa na caneca, enfeitando minha mesa.
Ouço uma música que na verdade, nada me traz de bom, senão o sentimento de abandono.
Daqui, da minha cama, vejo uma pilha de papéis. E livros. Eu deveria estar estudando.
O cálculo básico é simples: ele viajou mais de mil quilômetros para me dar um bronca.
Sinto a culpa corroer minhas entranhas como um veneno.