domingo, 21 de julho de 2013

vício

E eu estava lá, numa pequena multidão, e adivinha quem estava faltando? Pois é. Senti falta do toque da sua mão na minha, dos seus beijos repentinos, da sua necessidade de não me dividir. Senti falta do seu cheiro, de brigar com você por bobagem, de nem olhar pros lados pra não te deixar enciumado. Senti falta da sua voz, e do jeito como você nunca fala o meu nome; já reparou? Senti falta de como você pedia pra ir embora, mas ficava por... por mim. Senti falta até de saber que tinha você me segurando, mesmo longe. Senti falta da sensação de dever satisfações, de ter alguém me esperando lá longe, de não poder beijar mais ninguém. Mas sabe qual foi a melhor parte? Eu não quis beijar mais ninguém. Eu não queria, eu não quero. E se eu tento, não consigo. Parece errado, os beijos não estão certos, as mãos estão nos lugares errados; eu te ensinei tanto sobre mim que agora não quero ensinar mais ninguém. Eles não sabem fazer como você faz. E isso me deprime.
E enquanto eu tinha você, tinha também uma sensação de segurança que eu nunca tinha experimentado, sabe? Aquele gostinho de ser de alguém... é bom. Eu gostei bastante, e sabe do que mais eu gostei? De ter você pra mim. Gostei de não dividir e de não ser dividida. É assim que funciona?  Fico imaginando se pra você era tão ruim assim. Foi por isso que você se afastou? Eu fiquei triste, fiquei sim, mas não quero que você saiba. Quero que você pense que está tudo bem; ou talvez eu não queira, não. Talvez eu queira que você saiba que eu tô um caco, triste, quase deprimida. Morta de saudade, e de arrependimento. Se eu pudesse voltar uns dias no tempo e só te dizer que estava com saudade, ao invés de começar toda essa merda de terminar algo que acabou de começar...

E só pra você saber, ainda mordo os lábios. Vivem cortados, cobertos de batom pra disfarçar, mas lembra que você sempre via? E me xingava. E depois me beijava. E eu reclamava, e você me xingava outra vez. É um vício que me machuca. Como você.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Range

Esqueci de bater a porta e agora, por um vento qualquer, ela está rangindo. Nhééééc. Esse som me irrita, arrepia e amedronta, mas sabe do que eu lembrei agora? De quando você fechou a porta com cuidado, e ela fez o mesmo barulho. Nhééééc. Então você veio e pulou na minha cama, me abraçou e me apertou, me beijou e me fez rir quando passou a barba no meu pescoço. Aí a porta rangeu de novo, nós olhamos, mas era só o vento testando a nossa adrenalina, nhééééc. Você continuou com os beijos e a barba e eu tremia; tremia de frio e das outras coisas que você me fazia sentir. O vento voltou pela porta entreaberta, agora, enquanto me lembro dessa noite em particular. Nhééééc. Tenho que me levantar e ir até lá, fechá-la de uma vez, como fiz naquela noite... só que agora você não está aqui pra me segurar pela cintura e me puxar de volta, então vou até a porta sem brigar, sem lutar, e a fecho. O silêncio irrompe e eu me vejo sozinha, mergulhada em lembranças sofríveis. Por diversão, o vento abre a porta outra vez, agora que já me deitei. Nhééééc. Você sabe que não consigo dormir de porta aberta, não sabe? Sabe, e me chamava de fresca não só por isso, mas por todas as outras coisas bobas das quais tenho medo ou implicância. Fecha pra mim, murmuro, e me lembro de que você não está aqui, hoje. E nem estará tão cedo. Estou sozinha, outra vez, ouvindo o vento assobiar pela janela e fazendo ranger a porta: nhééééc. O barulho faz meus pelos do braço eriçarem e escapa um riso abafado. Que merda. Se eu me concentrar, dá pra sentir suas mordidas. E se eu fechar os olhos, ouço até a sua voz. Para de ser fresca, puta que pariu. Você está aqui? Está, de alguma forma. Está em mim.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

não é uma despedida de verdade

Talvez essa seja minha melhor oportunidade para te dizer algumas coisas que, se eu me conheço bem, eu jamais diria cara a cara. Coisas simples, pequenas, bobas, inúteis e até irrelevantes, mas que eu sinto uma necessidade imensa de expressar. 
Adoro a cor dos seus olhos e o modo como você os deixa semi-cerrados antes do beijo. Adoro a cor do seu moletom favorito, aquele vinho que eu quero pra mim. Adoro seu cheiro de perfume e menta. Adoro quando você não fuma perto de mim, e adoro quando você para de beber antes de ficar bêbado porque tem que me levar embora. Adoro os poucos centímetros que te deixam mais alto que eu, e adoro sua cara de descaso quando fico mais alta que você. Adoro o jeito como suas mãos estão sempre quentes (até você tentar me fazer cócegas por baixo da camiseta e eu quase choro de raiva quando na verdade sua mão está gelada como um defunto). Adoro o gosto do seu beijo. Adoro quando você chega na minha casa com uma bala - e o mundo fica cheirando canela. Adoro o jeito como a gente nunca tem o que conversar até você ter que ir embora. Adoro quando estou brava e você vem, me abraça e me beija, e eu esqueço todas as frescuras do mundo. Adoro quando você oferece a blusa porque estou tremendo de frio. Adoro o seu perfume na minha roupa. Adoro quando você me conta que sua família quer me conhecer. Adoro quando te digo "fica", e você fica. Adoro quando começamos a discutir o começo de tudo e você tenta me convencer de que foi minha culpa. Adoro até suas birras.
Eu nunca fui boa em dizer para alguém, pessoalmente, o quanto gostava dela. Nunca. E acho que é algo que eu nunca saberei fazer direito. Portanto, talvez esse seja o melhor jeito de te dizer as coisas que eu mais gosto em você. Não espero nada mais que um sorriso enquanto você lê isso e, como eu prevejo agora, tem uma lembrança para cada cena. 
Então é isso. Se você realmente for embora, eu vou sentir sua falta,  e adoraria se você sentisse a minha. Quero que a gente continue conversando esse mesmo monte de bobagem. Quero saber da sua nova vida. Embora eu não faça parte dela.