terça-feira, 28 de outubro de 2014

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Engraçado como a gente nunca está preparado para ter responsabilidades, mas parece que aos dezoito anos, saindo de casa, é pior. Ninguém nunca está pronto para preparar o próprio jantar, ou ser responsável pelas próprias roupas. Parece que não estamos psicologicamente preparados para nos preocuparmos com o dinheiro do aluguel no fim do mês, muito embora a gente saiba que a mamãe e o papai, que ainda nos bancam, depositarão o dito cujo. Estamos frágeis e até mesmo comprar pão, presunto e queijo no mercado que fica na esquina de casa parece exigir um certo nível de maturidade maior do que o nosso. Pegar o ônibus para faculdade, então, é uma tarefa para a qual precisamos de auxílio especializado.
Não que não sejamos capazes. Não, não. Mas tudo parece muito difícil.
No fim, nos vemos realizando "grandes" tarefas domésticas, como preparar um bom almoço no domingo, mesmo não tendo um forno na cozinha ridícula do apartamento de 10m². Uma faxina, manter o banheiro limpo, os lençóis trocados, tirar o lixo, fazer compras, pagar contas. Começamos a nos ver com um com pouco mais de respeito - respeito próprio. Talvez, afinal, sejamos capazes de cuidarmos dos nossos respectivos narizes.
E quando isso acontece, quando esse respeito cresce e as responsabilidades se tornam rotina, nós passamos a acreditar mais, a ter mais certeza de que o mundo é hostil sim, mas não vai nos engolir. Vai nos abraçar.