domingo, 16 de outubro de 2011

Batimento

Coloquei a mão sobre o peito dele. Seu coração batia acelerado. Seria a situação? Ou seria apenas qualquer outra coisa sem relação comigo? Talvez fosse o medo. O freio de mão estava meio fraco, talvez ele só estivesse preocupado com a possibilidade do carro rolar barroca abaixo. Mas dentro de mim, dentro do meu coração (que, diga-se de passagem, mantinha os batimentos uniformes, não estava acelerado) existia uma chama de esperança dizendo que era por minha causa. Era por mim que esse coração batia acelerado. Mas essa chama se apagou. Eu mesma fui até lá e, com um pouco de saliva nos dedos, apaguei. Não foi difícil. Eu já sabia que ele não me achava especial. Ele já tinha me dito isso. Eu não precisava de confirmação. E tive vergonha de perguntar. Também, não sei bem como soaria a pergunta. Que pergunta?, pensei. Não sei nem como perguntaria.
"O que foi?", ele sussurra, atrapalhando meus pensamentos.
"Nada". Ah, tão clichê.
"Você tá pensando em quê?", ele pergunta, as mãos descansando na minha cintura.
"É sério, nada", insisto. Como se ele não me conhecesse.
Então ele começa com aquela mágica de me relaxar, massageando minhas costas. Encosto a cabeça em seu ombro e suspiro.
"Conta pra mim o que foi".
"Eu..."
Não tenho coragem de continuar. Ele ainda massageia minhas costas quando corro para os seus lábios numa tentativa surda de cortar o assunto. Agora sim meu coração está acelerado. Mas ele jamais saberá o porquê; nem eu sei.

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