terça-feira, 10 de janeiro de 2012

I

Me orgulho de não ter coração, mas não me orgulho de não ter sentimentos. Melhor ainda: me orgulho de ter alguns sentimentos, mas não mostrá-los, enquanto me envergonho deste coração tão duro e morto que pesa meu peito. Amor; há tempos que não nos vemos, nem nos falamos. Nunca ocorreu o fato, de fato. Quando o senti, era engano meu, não era ele. Ele nunca me viu, tão pouco eu o vi. Eu conheci a paixão, o desejo, a vontade, a humanidade debaixo de cada arrepio vindo de toques às vezes falhos. Mas amor, o tal do amor, o verdadeiro amor, esse não conheci. Nem sei se será prazer ou desprazer quando formos formalmente (finalmente) apresentados. Ouvi histórias. Tristes, bobas histórias. Histórias que me ajudaram a entender o quão inocente, inconsciente e fula fui eu, pensando conhecer o amor. O amor. Ah, o amor. Rezam lendas que este tal de amor anda de braços dados e troca carinhos e confidências com alguém que, ah, eu conheço. Conheço de longa data, conheço melhor do que é saudável, conheço com vergonha. Rezam as lendas que o amor anda, inseparável, com a dor. Esta eu conheço, sim, conheço. Foi no fim de 2009 que experimentei pela primeira vez seu sabor amargo, sua sensação quente e ardida, suas faíscas que causam uma cegueira no coração. Conheci a dor quando vi a morte de muito perto. Mas relatando tudo de maneira rápida, não, não conheço o amor. Espero que um dia sejamos apresentados. Mas, sabe... Não tenho pressa.

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