domingo, 17 de junho de 2012

Destino e um santo

De fato, era atordoante. A rapidez dos fatos,
uma sucessão rápida de fracassos.
No mesmo instante era sim e não e sim
outra vez; sem saber jamais que fim
haverá de ter.

Inegável, arrependimento supremo, e
embora o Destino me fosse afável
e tentasse se perder nos nós do meu cabelo
num carinho que eu nunca quis,
pedi mais uma vez à qualquer santo que
confiasse e me ajudasse e então jogasse
os dados por mim, fazendo com o que
o Destino nada pudesse fazer para
reverter o que já havia sido feito.

Não se mexe no passado; nem Destino
e nem santo, nem quem pode, nem quem deve.
Passado é passado porque já passou;
é redundante, mas não há definição melhor.
Quem hoje não está mal, ontem estava na pior
e amanhã, poderá governar mais que o
santo e mais que o Destino, supremo sobre
tudo que acontece agora e aqui e lá e depois.

[E se ecoa o meu nome dentre essas paredes
que não podem conter nem o seu grito,
quem poderia segurar a força de um ser
louco para ser?]

Espero eu que haja um rio frio esperando
por mim num futuro não muito distante.
Num verão tão quente quanto o inverno é frio
pra mim já é o suficiente, se é que alguém me
entende quando faço analogias às estações.
Que posso esperar? Agitação molecular à níveis
invisíveis e intocáveis, embora infinitos.

[Você ainda não consegue conter a minha voz
e a minha força e o meu sonho e a minha vontade.]

Basta aguardar no Destino, sem santo,
que haja o verão quente, que haja meu rio frio,
que haja contenção de palavras, mas não de
significado. Que haja quem me diga "não" e ria
e então me permita.
Aguardar no Destino um dia qualquer em que
o passado volte, e a redundância se aceite
[pelo simples fato de ser]
pelo simples fato de não ser assim tão impossível,
tão incerta e tão redundante, e tão boba, e tão
humanamente errônea.

Vem, Destino, e prega nessas paredes o que falta
para que a minha voz seja contida
e o vapor do suspiro seja contido
e as garras sejam imunes à dor
e já não se possa fazer mais nada.
Porque será passado.

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