quinta-feira, 11 de novembro de 2010

São verdes

São verdes, profundos e carismáticos, os seus olhos; a camisa é estranha, muito grande para o seu corpo diminuto. Elegantemente, seu cabelo - longo demais para todos os seus anos - já grita seus fios brancos, mas não parece ter mais de vinte anos. A calça é moderna, com esse corte seco, e o tênis de couro é estiloso, jovem. O sorriso, com os dentes de baixo desalinhados, ganha a plateia que o ouve, extasiada com sua voz grave e doce. Ele fala com firmeza e divertimento, absolutamente preocupado com o ensinamento que está passando, mesmo sem notar. Preocupa-se em não chatear o público, mas isso não parece possível; estão todos absortos, hipnotizados por sua voz e olhos, ambos cativantes. O que ele passa - a vontade de ensinar, a vontade de ter atenção, a vontade de sentir o público - é contagiante, e é automático mirar seus olhos, atentos a todos os detalhes.
(Texto original, sobre o escritor Bruno Zeni, em palestra do dia 11/11/10).

4 comentários: