domingo, 1 de outubro de 2017

385 dias

São sete da manhã de domingo.
Faz pouco tempo que estamos dormindo. Minha cabeça descansa tranquila no seu peito, seus braços estão ao meu redor, exatamente como os românticos descrevem essa cena nos livros. Você tem a boca semi aberta, respira tranquilo e faz um burburinho baixo. Meu rosto está encostado na sua pele, porque gosto de dormir com o seu cheiro. Nossas pernas são um entrelaçado sem sentido, quente e confortável. Nós sempre dormimos assim depois do sexo. 
Meus olhos abrem de repente, atiçados pela luz do sol que atravessa a janela alta acima de nós. Não ouso me mover. Sua respiração tranquila é um ritmo doce, e não quero cortá-la. Fico ali, imóvel, esperando por algo. 
Lentamente, passo a mão pela sua barriga, suave, sentindo sua temperatura. Você é sempre quente. Brinco nos pelos do seu peito e vou subindo até a sua barba. Acaricio seu rosto e passeio meus dedos nos seus lábios separados. Amo sua boca, sempre amei. Volto a te abraçar, e num impulso, te puxo mais pra perto. O amor que sinto por você me preenche, e qualquer distância é sempre demais. 
Claro, você acorda. Olha para baixo e nossos olhos se encontram. "Bom dia", você sussurra, se virando e me abraçando forte. Viramos nossos corpos e minhas costas encostam no seu peito quente. Quente. Mesmo no inverno usamos poucos cobertores, porque dormir com você é como ter um aquecedor. Parece exagerado, mas sabemos que não é.
Quando nos acomodamos, com as pernas entrelaçadas e seus braços ao meu redor, puxo meu cabelo para longe do seu rosto. Você aproxima a boca do meu pescoço e me salpica beijos suaves, com gosto de ontem; aproxima o nariz da minha nuca e inspira com força, como se meu cheiro fosse físico. 

Meu Deus. Se eu fechar os olhos agora, posso sentir sua respiração no meu ombro.

Essas são as minhas lembranças mais fortes e claras. Sei seu cheiro de cor, lembro dos seus trejeitos, seus gostos, as manias, o jeito como você não gostava de por o lençol por baixo do edredom, e seu hábito de beber água quando acorda. O jeito como você me chamava de 'amor'. Os pelos do seu peito. Sua barba comprida que eu amava. Seu beijo. O jeito como você puxava meu lábio inferior pra chamar minha atenção. 

Caralho, era muito amor.
Ou tesão. Ou conexão.
Fosse o que fosse, era forte. Era muito.
Era intenso e era real.

Sinto falta da forma como você me amava.

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