segunda-feira, 15 de maio de 2017

um começo pra 2017

Olhando pro alto, eu mirava um céu tão estrelado quanto aqueles que se vê em fotografias, mas que não temos certeza se são reais. Você me fazia rir, falando sobre as luzes piscando no horizonte, as quais éramos criativos para explicar. Enquanto acariciava minhas pernas, sem me olhar nos olhos, contava sobre qualquer coisa que eu perguntasse. Me explicou suas gírias estranhas e seus trejeitos, foi sincero sobre suas ideias, me deixou entrar. Passava a mão na minha nuca e me beijava com uma suavidade curiosa. Ali, encostada no capô do carro, com toda sua altura e seu corpo quente encostado em mim, percebi que nada em você  me parecia novo. Curiosamente, me fez sentir em casa. Falar sobre como sinto saudade daquele horizonte montanhoso e ver você concordar que aquela é a melhor cidade do mundo me fez rir, como quase tudo que você dizia. Isso é tão bom. Senti muita falta de conversas sinceras e momentos plenos como aquele que você me proporcionou. 

Confesso, quando cheguei na frente da sua casa e te encontrei de camisa e short, todo calorento naquele frio noturno de uns quinze graus, me senti estranha. Estava ansiosa e meu estômago dava voltas e voltas porque, pra mim, aquilo era importante, e pra você... não parecia tanto. Sua companheira carinhosa pareceu feliz em me ver - aliás, bem mais que você. Claramente eu gosto mais dela, você já sabe disso. Fiquei concentrada em fazer carinho naquele pelo branco até que me sentisse segura pra te olhar nos olhos. Aliás, você provavelmente não faz de propósito, mas não me olha nos olhos. Talvez tenha medo, não sei dizer. Parece concentrado em se esconder. Tem seus motivos, tenho certeza. E quando te mandei vestir uma blusa e você, a contra gosto, foi, me senti a irmã mais velha que sou. E isso me lembrou dos poucos anos que separam nossas idades. Por que isso me parece tão relevante, quando na verdade não significa nada? Sei lá. Você pareceu não se importar com isso muito mais que eu. 

Não demorou um minuto pra começarmos a conversar porque, curiosamente, nós nos entendemos melhor pessoalmente. Me contou do outro dia em que nos vimos mas não nos encontramos, pois você estava em outro universo, e eu, não. Normal, é claro. Você costuma viajar muito nas noites dos finais de semana (e em outras também, suspeito). Te contei que te observei a noite toda, e você me surpreendeu ao dizer que também me viu. Curioso, porque me sinto invisível pra você, e não costumo me sentir assim com frequência. Tem algo em você que me subjuga, de alguma forma.

Depois, quando já não estávamos mais ali, mas sim no escuro, cercados apenas pelas árvores e a luz forte de um luar amarelado, também conversamos sobre encontros anteriores. E qual foi minha felicidade quando você elogiou meu vestido, justo naquela noite em que você era tudo que eu enxergava, mesmo entre tantas pessoas, mesmo entre tantas loucuras. 

Parece que eu tô apaixonada, né não? Mas não tô. É muito mais físico que isso.

Tem alguma coisa nesse teu rosto moreno que me deixa insana. Não adianta, eu não sei responder quando me pergunta o que foi que eu vi em você. Só sei que sinto como se fosse um imã gigante e delicioso, me puxando pro seu abraço macio e aquecido. Quando botei meus olhos em você, me senti uma predadora escolhendo o que abater pro café da manhã. Violento assim. Necessário assim. E foi por isso que insisti tanto pra esse encontro, que não me deixou decepcionada. Valeu cada segundo de áudio, cada momento em que tive certeza que você estava me dando os maiores bolos da vida. Seu beijo e suas mãos no meu corpo valeram cada segundo que esperei.

Tô escrevendo isso aqui pra te contar esses detalhes. Te contar que sua barba é macia e fez cócegas no meu rosto, e que suas unhas nas minhas costas me arrepiam até agora. Sua energia me tomou e me entreguei praquele seu jeito tão doce... que, devo dizer, me surpreendeu. Quem diria que alguém com um semblante tão arisco seria tão suave em todo seu toque, nos trejeitos, na voz. Que me beijaria com tanta vontade e que, mesmo a contra gosto, deixaria escapar que estava feliz por estar ali comigo - por aquele momento. Demorei pra acreditar que você também queria estar ali. Que aquele momento estava sendo tão delicioso pra você quanto pra mim. E qual a minha surpresa ao perceber que nossas conversas, intercaladas com nossos amassos, me faziam rir genuinamente. Você arrancou de mim um suspiro de alegria que há muito eu mesma não ouvia. Me fez esquecer meus problemas, minhas preocupações, esvaziou minha mente e a preencheu com carinho e riso. E tesão, acho bom dizer.

Agora já estou de volta à minha rotina. Dói voltar pra cá depois de passar uns dias em casa, é normal, mas dessa vez parece que eu tenho um motivo pra sobreviver e voltar. Tenho um riso pra encontrar, um amigo pra me receber, conversas bobas pra por em dia... e luzes no céu pra observar. 

Obrigada por esse sopro de vida, e venha logo. A gente tem uma cerveja pra dividir. 

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