quinta-feira, 20 de julho de 2017

game over

Te mandei mensagem na madrugada. Talvez já seja hora de eu entender que isso tem significados muito diferentes para você e para mim. Geralmente estou procurando uma foda de fim de noite; não quero bater papo, quero um sexo conhecido e carinhoso, que não me dê dor de cabeça no dia seguinte. Você... você quer tudo isso, mas também quer a mensagem de manhã, saber do meu dia, puxar assunto. Você quer me contar como estão as coisas, quer que eu veja o quanto você mudou, como está melhor; como está feliz, se dando bem no emprego novo, todo empolgado com mais um curso que começou nessas férias. E sinceramente, eu entendo. Às vezes (muitas vezes, admito) quero te ligar e te contar como estão as coisas, meus problemas, a forma como comecei a procurar saídas inexistentes em drogas e sexo, e como tudo que eu amava deixou de existir. Não tenho coisas boas pra te contar. Nenhuma. Talvez tenha um desenho novo que fiz e gostei e queria te mostrar.

Então, quando eu te mando aquela mensagem às três da manhã, já completamente bêbada e carente, você deveria me ignorar. Isso seria a coisa mais sensata a se fazer, te juro, porque não sou eu. A pessoa que você amava, não sou mais eu. A garota por quem você se apaixonou, de quem você cuidava, que te apoiava e te dava força, ela não existe mais. Eu a afoguei em conhaque e cerveja, a sufoquei com cigarros roubados, queimei seus restos numa fogueira alta junto com todas as nossas boas memórias. E se isso te deixa triste, há pouquíssimo para se fazer a respeito. Quando decidi acabar com ela, eu já sabia que nossas lembranças queimariam também. Nossos bons momentos, o carinho que supria por você. Tudo isso acabou.

É claro que ainda te quero bem. Quando você me conta da sua vida, eu só sei sorrir. Fico genuinamente feliz por tudo que você está conquistando, mas... já não sei mais o que dizer. É difícil ver meu mundo desabando enquanto você constrói castelos com seus entulhos. Tudo isso é difícil demais pra mim.

Quando eu te ligar às três da manhã de uma quinta-feira, não me atenda. Por favor, me ignore. Não me responda tão caloroso e rápido, tão disposto como você faz. Não me convide pro seu quarto, onde entramos na ponta dos pés para não acordar ninguém, e então fazemos um delicioso sexo silencioso, cheio de significados, cheio de palavras abafadas, sempre com aquele tom de amor que existe em nós desde a primeira vez. Por favor, não me cubra e me abrace forte do jeito que eu mais gosto, me aconchegando no conforto dos seus braços e me ninando. E quando meu despertador tocar, avisando que já está quase amanhecendo, não insista para que eu fique, porque está frio e você ama dormir sentindo meu cheiro. E depois, não me acorde com beijos quando o sol já raiou, só para me lembrar que embora você não queira, preciso ir embora. 

Sinceramente, já fui uma pessoa maravilhosa, por quem você poderia ter se apaixonado perdidamente - e de fato, se apaixonou. Mas hoje... hoje sou as cinzas dessa pessoa especial que fez tanto por você. Hoje só carrego marcas e mais marcas de dores que nunca prometi aguentar. Não tenho mais nada para oferecer à ninguém, especialmente à você. Tudo que eu fiz por você, você já fez por mim. Nesse jogo estamos quites. Talvez seja hora  de reiniciar.

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