sexta-feira, 7 de junho de 2019

Novo

23 de maio de 2019

É engraçado como tenho pensado muito em você nos últimos dias. E apesar das minhas constantes reclamações no Twitter, sua ausência virtual me fez lidar com uma ridiculamente previsível rejeição. Antes de você saber que teria que me dar um fora, eu já estava preparada para ele. O problema foi que você não me deu o fora; ontem você me perguntou quando eu volto pra Curitiba, porque, pelo que entendi - e tentei ser absolutamente cética quanto à finalidade da sua pergunta - você quer me ver de novo.
Quão debilitada emocionalmente devo estar para ter dificuldade em aceitar que alguém, neste planeta, se interessaria em me ver outra vez?
Você e seu cabelo brilhante que quase me fez perguntar qual a marca do seu shampoo. Com essa dificuldade estranha em entender o que eu digo, mesmo que eu use níveis baixíssimos de sarcasmo, para evitar que você perceba o quão doida eu sou. Estou tentando ao máximo postergar essa descoberta, porque depois dela, de fato, ninguém volta.

Quando te convidei para voltar, três dias depois de ter conhecido meu quarto ameaçadoramente bagunçado pela primeira vez, jurei que você não aceitaria. Você sequer se manifestou, pra ser sincera com minhas memórias. Demorou para me responder e eu achei que estava apenas tentando achar uma maneira de escapar daquela proposta sem ser um completo imbecil comigo. Teria apostado nisso. Mas, para meu deleite, você não só aceitou o convite, como se aventurou nos terminais até minha casa e chegou, cansado e disposto ao mesmo tempo, com uma troca de roupas na mochila, me pedindo para usar meu chuveiro. Me faltam palavras para descrever o quanto me deliciei com aquele momento de medíocre intimidade, supérflua e profunda ao mesmo tempo, nas mesmas proporções. Foi um daqueles momentos em que não temos outra opção, senão confiar num completo estranho. E que completo estranho você se saiu naquela noite, onde estávamos sozinhos no meu apartamento; um momento raro que deve, de fato, ser aproveitado. Não vou mentir: por mim, você teria chegado na sexta e ido embora na manhã de segunda, sem a menor pressa. Mas nossa aventura durou apenas uma noite, e na manhã seguinte você fugiu de volta pro seu quarto compartilhado no centro da cidade, enquanto me dei o prazer de passar uma hora inteira apenas sentindo o sol através da janela, queimando minha pele, pensando na noite em claro que havíamos acabado de passar juntos. Soo apaixonada, eu sei, e talvez estivesse, mas não por você. Me pego apaixonada por esses momentos raros de cumplicidade absoluta que tenho com completos estranhos. Ou, neste caso, um estranho, mas não mais por completo. Entende?

Valorizo muito esses momentos. Já passei por poucas e boas com todo tipo de homem por essa cidade. Já transei em camas muito, muito caras, em bairros nobres, dentro de pequenas mansões, como também passei noites dormindo em sofás muito, muito velhos, em apartamentos abarrotados no centro, divididos entre sabe Deus quantas pessoas. Beijei bocas que sabiam o que estavam fazendo, e outras que não tinham a menor ideia de como proceder. 
Assisti a estreia de um filme do meu diretor favorito com um qualquer com quem hoje não só perdi contato como também evito retomar.  
Beijei bocas que pagaram a conta cara, mas que não sabiam usar a língua. 
Outras que me convidaram para jantar, e eram melhores contando histórias do que tentando me convencer a passar a noite. "Não, obrigada, eu até tomaria mais um gim-tônica, mas preciso urgentemente voltar para casa porque... bem... porque eu quero". Era um gim caro, que ele trouxe de uma viagem que fez para a Ásia, e eu nunca mais vou tomar nada daquele calibre, mas a vida é assim. Se pelo menos ele fosse dez centímetros mais alto e soubesse beijar... eu aceitaria apenas um desses dois itens. Bom, pelo menos um. 

O que quero dizer é que já me meti em todo tipo de sexo casual, ou quase-sexo casual, e você com certeza está no topo da lista. Por enquanto está empatado, numericamente, com um outro, por quem admito ter tido uma quedinha um pouco mais acentuada, e com quem troquei mensagens extremamente gráficas, mas que não mora mais aqui, e portanto é um contato arquivado, até segunda ordem. 
Você, bem, não troca mensagens tão sexuais, e pra ser sincera, mal responde meu "bom-dia", mas eu sinto que não é por mal. Dá pra perceber pelo seu tom. Dá pra perceber pela forma como você reage quando eu ameaço começar uma troca de mensagens explícitas. Ah, claro que dá. Quando você escreveu "Quando você volta?", eu percebi que as brincadeiras ainda nem tinham começado. E eu gostei. É estranho pra mim, porque geralmente não me dou o luxo de me sentir dominada, mas com você é uma descoberta. Gosto de permitir que você me diga o que fazer. E sim, como você mesmo percebeu, não é algo que eu faça com frequência. A única pessoa que eu obedeço é a minha mãe, pelo amor de Deus. Mas quando você me disse, por cima de mim, que eu não poderia te beijar enquanto aquilo não acabasse, senti uma mistura de ódio e submissão tão forte que sequer tive o ímpeto de responder. Que bizarro. E o pior foi eu ter gostado

07 de junho de 2019

Mal nos falamos nos últimos dias. Não vou entrar em detalhes, mas te convidei pra sair, pra tomar uma cerveja, para vir até em casa, e você não topou. Disse que queria sair comigo de novo, mas não naquele dia. E desde então, meu interesse foi diminuindo em velocidade automobilística. Não há maneira de eu me manter interessada quando conversar com você é tão difícil. Tive dias ruins, e você até tentou se dispor, mas sinceramente, nem poderia. Somos meio conhecidos com um interesse em comum que não inclui me acalmar durante uma crise de ansiedade. Essa mensagem, portanto, é apenas para que eu me lembre. Lembre-me de que tentei, de fato, e que inclusive acabei de te enviar uma mensagem, sabe-se lá a troco de quê - mas mandei. Mas não espero resposta. Honestamente, nem quero. Foi um ponto final. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário