Por dentro sou um buraco negro;
cheio e vazio ao mesmo tempo.
Falsa, minto sentimentos confortáveis
que me deem as desculpas necessárias.
Me escondo nas sombras do meu peito
entre dor crônica e um coração partido ao meio.
Das vergonhas que carrego, todas autorais,
me perco e engano sobre as origens.
Impossível decifrar meus próprios olhos,
mordidos de tempo, um relógio enferrujado...
...dando a hora errada para acalmar o peito,
fingindo encontrar saída desse labirinto.
Me colocam de frente para o espelho
e gritam que me reconheça.
A verdade simples é que não quero,
sabendo que meu passado é tão feio.
Seria eu tão vilã quanto acusam
as vozes na minha cabeça?
Dizem que sou maquiavélica,
enterrada em má vontade,
negando meu sangue, sem dividir meus méritos,
defendendo apenas a metade que me cabe.
Não sei de quem tanto falam,
mas noto que a odeiam.
Não tem qualidades e por esse defeito
não merece qualquer afago.
Posso ser eu, mesmo que não reconheça esse rosto
que chora lágrimas pesadas de esforço.
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