rasgue seu peito
e deixe vazar de si
todo o peso
que te puxa
pro fundo
do poço.
abra sua boca
e deixe escorrer
como veneno
o rio que transborda
e te afoga
por dentro.
com suas próprias mãos
descabele-se
como se cada fio de cabelo
fosse um pensamento
ruim
que te entristece.
deite de bruços
e revire-se até soltar
as quatro pontas do lençol
ou as correntes pesadas
e invisíveis
que machucam seus pulsos
te prendendo
onde você
não
quer
estar.
beba cerveja
ou vodca ou vinho
ou conhaque
até sentir-se alcoólico o suficiente
para pegar fogo
ao menor sinal
de um coração aquecido.
sente-se no azulejo branco
do seu chuveiro
e permita-se ser o clichê
onde suas lágrimas
misturam-se às gotas d'água
e você escorre de si
como uma cachoeira.
abrace seu travesseiro,
enfie o rosto no tecido macio
e grite até seus pulmões
pedirem pra parar.
até sua garganta queimar.
até a dor ser menos
e você ser mais
leve.
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