quarta-feira, 24 de abril de 2013

Na beleza do novo

A beleza de se apaixonar por um desconhecido é a descoberta.

Já me apaixonei incontáveis vezes, e imagine só, nunca amei ninguém. A paixão é muito mais bonita e invariavelmente mais indolor que qualquer forma de amor, porque o amor exige demais, e a paixão exige apenas um pouco de tempo. Pouco tempo, é sim. Aquele tempo que você passa sem pensar em nada, é quando você pensa na sua nova paixonite. É bonito, prático, rápido, e geralmente indolor. Indolor. Acredite, essa é a melhor parte.

Não é a primeira vez que sinto falta de uma paixão. As antigas já não suprem minhas necessidades e não há um conhecido que se faça notar. Não sei se é muito piegas dizer isso, mas vou dizer de qualquer forma: "estou cansada dos homens desta cidade; quero novos amores." Piegas. Brega. Previsível, clichê; escrever isso é um absurdo literário. Mas não deixa, em momento algum, de ser uma verdade irrefutável.

Então, peço uma última (ou talvez não) vez que algo aconteça e eu finalmente te encontre. Vagando por essas ruelas maltrapilhas, vestidas com trapos de concreto, relva saltando por suas veias. Me encontra, ou deixa eu te encontrar. Não é um pedido grande o suficiente para ser ignorado, ou é? Assim, difícil, impossível, por acaso? Eu não acho que seja.
Aliás, é bastante simples:
me dá uma direção que eu sigo.
Me dá um nome que eu acho.
Me dá um cheiro que eu lembro.
Me dá um sorriso que eu não solto.

Mas quem tornaria simples uma busca necessária como essa, quando a beleza da descoberta fica ainda mais explícita quando recoberta com lamentações?
"Levei tanto tempo pra te encontrar".
É mentira quando já se sabe onde está, mas a mentira não faz deixar de ser lindas as declarações, por mais falsas, fajutas, por mais desmoronadas, soltas, aleatórias. Não deixam de ser declarações de amor. De mim para você.

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