domingo, 22 de dezembro de 2013
Se eu tô bem?
Tô com um aperto no peito, alguma coisa tá fora do lugar.
Tô com a sensação de que perdi a briga, de que talvez eu tenha tomado a decisão errada, mesmo depois de pensar tanto sobre isso, pensar só nisso.
Tô com a impressão de que pisei num degrau que não existe; aquele segundo em que você simplesmente não tem controle sobre o que aconteceu, porque só aconteceu, você nem viu. Tô com aquela mágoa entalada na garganta, aquele medo de alguma coisa que não dá pra saber o que é.
Tô perdida.
Tô abandonada.
Tô largada.
Ouvindo as mesmas músicas, porque elas ainda não carregam lembrança alguma.
O meu problema é você.
Lembra aquele dia que você disse que sentiu minha falta? A gente não se via havia tanto tempo... sentir seu corpo perto do meu foi um choque, um baque.
Lembra aquela conversa? Você disse que não ia me deixar. E deixou. Foi. E foi embora pra longe.
Lembra aquele último beijo? Pois é, eu lembro. Era madrugada. Você já tinha me dito tudo que queria, feito de mim o que quis, usando e abusando, mas sempre tão carinhoso que minha mente entrou em curto. Você me beijou, e de repente, já estávamos separados outra vez.
Lembra daquele abraço? Tão casto, tão puro, porque a gente não era mais "a gente", eu era eu e você era você, cada um no seu canto, cada um no seu lugar. E todas aquelas garotas te rodeando... e eu, assistindo... não sabia que era capaz de suportar aquela babaquice.
Lembra do tchau?
Eu lembro.
Nunca vou esquecer.
Talvez seja essa despedida inacabada que me pesa o peito.
A gente nunca disse adeus.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Não pude apagar
Não apaguei nossas fotos. As apaguei do público, mas não do privado. Estão salvas aqui em algum lugar, perdidas entre tantas outras memórias de tantos outros lugares. Eu sinto que você tinha vergonha de mim, sabe? Que você não queria que as pessoas soubessem sobre nós. Primeiro, pensei que fosse um cuidado seu, mas depois percebi que talvez você não quisesse se prejudicar. Ter uma namorada te afastava de outras biscatezinhas, não é? Te prendia. E você não queria se prender. Nem a mim.
Eu cuidei de você com todo o meu amor. Cuidei da sua saúde, do seu corpo, do seu espírito e da sua mente. Da sua imagem, do seu ego, dos seus problemas. Da sua família, das suas dores e das suas bebedeiras. Eu cuidei de você, e queria que você cuidasse de mim, mas você não foi capaz. Sabe por quê? Porque você nunca sequer gostou de mim. Não me amou, eu sabia; mas não fui capaz de te conquistar? Você não se apaixonou por mim? Não houve sequer uma gota de paixão? Que vergonha. De mim, é claro, por não conseguir te prender a mim.
Sou fraca. A carne é fraca. Eu fiquei distante, mas fraquejei quando nossos corpos tiveram contato. Fui fraca. Mas espero que ninguém me culpe por isso, afinal, eu só tenho 17 anos. Posso me apaixonar, posso sofrer, posso amar e desamar quantas vezes achar necessário.
E é só isso. Eu, fraca, e você, otário. Às vezes temos aquilo que merecemos.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Prêmio
Eu li sim o que você me escreveu. E só Deus sabe o quanto eu quis te responder. Mas você já me deu tanto desprezo, já me ignorou com tanta força, já me fez desejar não ter te conhecido tantas e tantas vezes que, olha, eu nem sei mais contar. É como uma grande coleção de sentimentos que eu tenho; e os piores eu guardei para você. Não finja que não sabe o que aconteceu. Não finja que não foi nada demais. Não finja que tudo pode voltar ao normal. Não se engane e não me engane. Não mais.
Agora o que eu sinto é realmente só desprezo; talvez um pouco de rancor. Por que estragar tudo desse jeito?! E não me diga que não foi nada porque você me conhece! Sabe que eu sofro, sabe que eu sou dramática, que comigo é tudo maior, melhor e pior, é tudo com um zoom, uma expansão. Comigo é tudo muito "mais" que com os outros. Você me conhecia, me entendia. Eu, otária, é que não te conhecia. Não sabia que você era tão mentiroso e mau caráter. Agora, eu só quero te ver sofrer. Não, eu sei que a minha ausência não faz porra de diferença nenhuma para você. Mas você vai sofrer nas mãos de alguém, e eu espero que quando esse alguém te fizer quebrar por dentro, você saiba que estará sentindo como me fez sentir. Morta. E depois, viva como um vulcão. Mas aí nem é mais com você.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Deixa eu contar
Foi absurda a rapidez
com que sensatamente
me livrei de você.
Apaguei as memórias,
esqueci as histórias;
o seu gosto eu nem lembro mais.
Achei que sentiria por tempos
a falta que você faz.
Mas não faz mais diferença
e eu estou em paz.
Uso sua roupa e vejo suas fotos,
e é engraçado como,
ao meu próprio modo,
fui superando, e deixando,
e esquecendo de como foi.
Hoje eu nem imagino o que mudou.
Talvez se eu me esforçar
consiga lembrar
como era o ritmo da nossa dança,
o volume da nossa alegria.
Hoje, só vejo uma mistura
quase melancólica, crua
de desapego induzido.
E quando perguntei se
você queria ficar comigo,
a resposta foi indiferente.
Bem, agora é a minha vez
de te abandonar no passado
e seguir em frente.
domingo, 21 de julho de 2013
vício
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Range
sexta-feira, 12 de julho de 2013
não é uma despedida de verdade
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Dez coisas que eu não consigo te dizer
A primeira é que não quero te forçar
a fazer nada que faça você se arrepender.
A segunda é que eu estou preparada
pra te ter e pra te não ter,
independentemente do que acontecer.
Continuar te vendo sempre é a terceira
coisa que tenho que te falar.
A quarta é pedir pra você ir mais devagar.
A quinta coisa é outro pedido: tente não enjoar
de me ver todo dia, de falar comigo
de tarde e madrugada adentro.
A sexta é que você não é meu inimigo
e pode confiar em mim sempre.
A sétima é que não me importo contigo
só quando você está contente.
A oitava é um aviso: querido,
não me afaste quando precisar de mim.
A nona é que eu te quero, sim,
quero muito, e quero agora.
Mas a décima é um conforto:
se não for agora, não era a hora.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
#4
terça-feira, 21 de maio de 2013
Eu preciso
Alguém com quem conversar por horas sem cansar.
Alguém pra me dizer que estou feia.
Alguém pra rir comigo das piadas velhas.
Ou me dizer que a piada é velha e ruim.
Alguém pra pegar na minha mão sem ter medo.
Alguém pra dizer que não me aguenta mais.
E sem me magoar.
Alguém pra deitar comigo a tarde e dormir, assim, dormindo.
Alguém que me mande mensagem quando estiver sem sono.
E que tente me acordar pra não ficar sozinho.
Alguém com quem eu fale sobre sexo sem ter vergonha.
E que me conte detalhes que eu nunca imaginei.
Alguém que eu saiba que não quer mais nada além do que eu posso oferecer.
Quero um amigo, não uma amiga.
Porque amigas eu tenho, e levam anos pra confiar.
Agora homens, não.
É alguém mais rápido, prático, direto.
Alguém honesto, mas que não quer te irritar.
Alguém que não quer te jogar contra ninguém.
É alguém que eu preciso.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
8/5/2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Cicatriz
sair sábado à noite sem maquiagem,
esquecer de fazer as sobrancelhas,
cantar em frente ao público sem coragem,
subir na casa e trocar todas as telhas,
esquecer de fechar o portão da garagem;
dançar sozinha no meio de todo mundo,
esperar no frio por uma carona que não vem,
ser confundida com um mendigo vagabundo,
perder a minha única passagem de trem,
ver um amigo doente e moribundo,
ou ficar moribunda também;
tem milhares de tragédias, sejam ou não relevantes,
que prefiro ver acontecer na minha vida;
tristezas que prefiro que aconteçam antes
de deixar cicatrizar minha ferida.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Na beleza do novo
Já me apaixonei incontáveis vezes, e imagine só, nunca amei ninguém. A paixão é muito mais bonita e invariavelmente mais indolor que qualquer forma de amor, porque o amor exige demais, e a paixão exige apenas um pouco de tempo. Pouco tempo, é sim. Aquele tempo que você passa sem pensar em nada, é quando você pensa na sua nova paixonite. É bonito, prático, rápido, e geralmente indolor. Indolor. Acredite, essa é a melhor parte.
Não é a primeira vez que sinto falta de uma paixão. As antigas já não suprem minhas necessidades e não há um conhecido que se faça notar. Não sei se é muito piegas dizer isso, mas vou dizer de qualquer forma: "estou cansada dos homens desta cidade; quero novos amores." Piegas. Brega. Previsível, clichê; escrever isso é um absurdo literário. Mas não deixa, em momento algum, de ser uma verdade irrefutável.
Então, peço uma última (ou talvez não) vez que algo aconteça e eu finalmente te encontre. Vagando por essas ruelas maltrapilhas, vestidas com trapos de concreto, relva saltando por suas veias. Me encontra, ou deixa eu te encontrar. Não é um pedido grande o suficiente para ser ignorado, ou é? Assim, difícil, impossível, por acaso? Eu não acho que seja.
Aliás, é bastante simples:
me dá uma direção que eu sigo.
Me dá um nome que eu acho.
Me dá um cheiro que eu lembro.
Me dá um sorriso que eu não solto.
Mas quem tornaria simples uma busca necessária como essa, quando a beleza da descoberta fica ainda mais explícita quando recoberta com lamentações?
"Levei tanto tempo pra te encontrar".
É mentira quando já se sabe onde está, mas a mentira não faz deixar de ser lindas as declarações, por mais falsas, fajutas, por mais desmoronadas, soltas, aleatórias. Não deixam de ser declarações de amor. De mim para você.
sábado, 20 de abril de 2013
Parênteses, apenas
Sentimento imbecil é o tal amor. De certo, analisando agora, que nunca o senti. Nunca tive um Romeu, ninguém cuja vida equivalesse a minha. Nunca fui Julieta. Ou Isolda. Ou a Helena de um grego e um troiano. A sensação de sofrer por eles já senti, mas não sei como é quando sofrem por mim.
Tudo isso é apenas uma parte em parênteses, é verdade.
Agora, nesse instante, olhando pela janela, tenho certeza de que nunca vivi nada assim, bonito. Sempre vivi momentos, mas nunca vivi histórias. Falando de amor, é claro. E talvez eu nem queira viver. Nas histórias que li, havia sempre uma mocinha, um mocinho, um vilão e espectadores, ali, estagnados, incapazes de colaborar com a menor informação. Algo que o mocinho disse e que a mocinha deveria ouvir, sabe? Aquelas bobagens que a gente vê num filme romântico e diz: "Eu nunca faria isso". Bem, tenho uma péssima notícia: você faz. Você geralmente é o amigo insosso que não disse o que deveria ter dito; a amiga compromissada demais para ter tempo de dizer ao amigo que ele e a amiga se amam; o vizinho que não chamou a polícia quando ouviu barulhos na casa ao lado. Aquela pessoa incompleta, incapaz de se mover e mudar o rumo das coisas.
Simplificando, eu provavelmente nunca serei a mocinha. Serei sempre a vizinha, a amiga, o incapaz. Tudo isso, é claro, falando especificamente de casos de amor. Na vida, é fácil ser a peça principal, mas no amor, talvez seja melhor ficar nas beiradas, assistindo, sendo uma plateia indesejada, até. Quando falamos de amor, o papel principal é o único que eu não quero pra mim.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Na borda do azul
Estamos deitadas na beira. Na beira da juventude, na beira da vida quase boêmia, na beira de uma piscina morna bem aqui, no fim do mundo. A água é doce, porque tem gosto de nós; gosto de jovem, gosto de quase, gosto de limite, gosto de menina. E apesar dos pesares, do fim talvez tão próximo, apesar de tudo e até, talvez, apesar de todos, é o amargo dessa inércia que deixa o doce, doce. É esse fim iminente e tão certo que faz com que eu me sinta assim. Beirando. Com os pés na água morna, com os dedos brincando em todo esse azul, nesse futuro, nesse "não saber" que é assim tão bonito. Não saber nem pra onde vai, nem de onde vem. No desconhecido que engana, na preguiça de saber. Então estamos aqui, deitadas, beirando tudo. Beirando a vida, porque ainda não queremos mergulhar nela. Beirando a certeza da temperatura, beirando o que queremos e beirando o não saber. Estamos na borda de tudo, porque o mergulho é, certamente, sem volta.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Último suspiro de carnaval
Me pego fantasiando sobre nosso próximo encontro. Sobre como eu honestamente deixei de me importar com tudo e todos, deixei de me importar com você, comigo, com os olhares que receberemos quando eu me agarrar à você e te prender sem usar correntes. Você vai querer ficar depois de me ver outra vez, estou contando com isso. Você e todas as conversas que tivemos, e os segredos que sabemos e as palavras que não foram ditas; o abraço que faltou na nossa despedida. Estou pronta pra você, pra nós dois, pra peitar o mundo e mandar qualquer intrometido para o quinto dos infernos. Estou aqui, contando os dias, me lembrando das conversas, sorrindo ao lembrar do seu sorriso. Estou aqui, imitando um temporizador, aguardando o bipe do alarme de carnaval, esperando, esperando, esperando... sei que vai vir. Espero tanto que sim. E se você me deixar aqui, de mãos abanando, cheia de vontade mas sem nenhuma ajuda, não precisa voltar para mim outra vez. É a nossa última chance, coração. Não me decepcione outra vez.