Um dos rostos desenhados está tranquilo. É uma garota, uma garota doce, um pouco triste, admito, mas em paz. Ela tem o cabelo jogado e colorido, como é de esperar, e solta fumaça pelos lábios grossos. Talvez a fumaça seja o meu jeito de representar tudo que quero dizer, mas que ninguém parece ouvir. Como fumaça. Não se pode prender, mal se pode ver. Só existe, sem atenção. Fumaça cor-de-rosa, porque é doce. É doce e delicado. E inútil.
A única coisa em comum entre todos os rostos é que os olhos sempre estão fechados. Sonhando, talvez. Dormindo durante um pequeno momento. Uma piscadela e pronto, meio segundo de sonho, a imaginação à mil. Meio segundo de paz. Talvez, se mantivermos os olhos fechados, como no desenho, por toda a eternidade, possamos sonhar para sempre.
A garota ainda solta pelos lábios grossos as palavras que nunca serão ouvidas. A fumaça delicada e ignorada.
Pássaros, com enormes asas abertas, espantam o que há de ruim. No laranja forte, no verde pacífico, na mistura de várias cores e tons - penas tão coloridas quanto as reais, sim? Escritos perdidos entre um desenho e outro, porque tenho poucas folhas para usar, então abomino o desperdício de espaço. Tudo deve ser preenchido, seja com palavras, seja com cores, seja com manchas, seja com lágrimas, seja com uma pincelada suja, a mistura de todas as cores que possuo.
(Unfinished)
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