Deitou-se no lado da cama
que tecnicamente era dele.
Mordeu os dedos, nervosa,
porque conhecia sua fama.
Aquietou-se e, manhosa,
chegou-se perto do rapaz.
Ele abriu os braços para ela
e a acolheu, medrosa.
Passou então os braços
ao redor do corpo dele.
Encarou-o sem desviar os olhos,
analisando todos os seus traços.
Ele, envergonhado, tímido,
viu-se perdido em seus cabelos.
Ela sorria sem parar, tão linda
e fazia aquecer sua libido.
Beijou-a então, docemente,
apenas lábios castos, devagar.
A fez gemer baixinho, contida,
e por fim a apertou, delicadamente.
Mãos perderam-se nos caminhos
que também chamamos de corpos.
Tudo leve, dedos deslizando,
entre toques, afagos e carinhos.
Pelo vidro muito embaçado
viram a noite tornar-se manhã.
Entre abraços, riam,
sem que nada fosse engraçado.
E mesmo quando foi dia
não puderam dizer adeus.
Ela não o deixava ir embora
pois de dentro para fora, a aquecia.
No pôr-do-sol, ainda deitados,
continuavam ali, inseparáveis.
Às vezes é o que se precisa:
uma tarde de amantes, namorados.
E se perguntarem se é "só" físico,
responderão que não.
Que sexo também é conversa,
que amor também é tesão.