segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Não pude apagar

Não apaguei nossas fotos. As apaguei do público, mas não do privado. Estão salvas aqui em algum lugar, perdidas entre tantas outras memórias de tantos outros lugares. Eu sinto que você tinha vergonha de mim, sabe? Que você não queria que as pessoas soubessem sobre nós. Primeiro, pensei que fosse um cuidado seu, mas depois percebi que talvez você não quisesse se prejudicar. Ter uma namorada te afastava de outras biscatezinhas, não é? Te prendia. E você não queria se prender. Nem a mim.
Eu cuidei de você com todo o meu amor. Cuidei da sua saúde, do seu corpo, do seu espírito e da sua mente. Da sua imagem, do seu ego, dos seus problemas. Da sua família, das suas dores e das suas bebedeiras. Eu cuidei de você, e queria que você cuidasse de mim, mas você não foi capaz. Sabe por quê? Porque você nunca sequer gostou de mim. Não me amou, eu sabia; mas não fui capaz de te conquistar? Você não se apaixonou por mim? Não houve sequer uma gota de paixão? Que vergonha. De mim, é claro, por não conseguir te prender a mim.
Sou fraca. A carne é fraca. Eu fiquei distante, mas fraquejei quando nossos corpos tiveram contato. Fui fraca. Mas espero que ninguém me culpe por isso, afinal, eu só tenho 17 anos. Posso me apaixonar, posso sofrer, posso amar e desamar quantas vezes achar necessário.
E é só isso. Eu, fraca, e você, otário. Às vezes temos aquilo que merecemos.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Prêmio

Eu li sim o que você me escreveu. E só Deus sabe o quanto eu quis te responder. Mas você já me deu tanto desprezo, já me ignorou com tanta força, já me fez desejar não ter te conhecido tantas e tantas vezes que, olha, eu nem sei mais contar. É como uma grande coleção de sentimentos que eu tenho; e os piores eu guardei para você. Não finja que não sabe o que aconteceu. Não finja que não foi nada demais. Não finja que tudo pode voltar ao normal. Não se engane e não me engane. Não mais.
Agora o que eu sinto é realmente só desprezo; talvez um pouco de rancor. Por que estragar tudo desse jeito?! E não me diga que não foi nada porque você me conhece! Sabe que eu sofro, sabe que eu sou dramática, que comigo é tudo maior, melhor e pior, é tudo com um zoom, uma expansão. Comigo é tudo muito "mais" que com os outros. Você me conhecia, me entendia. Eu, otária, é que não te conhecia. Não sabia que você era tão mentiroso e mau caráter. Agora, eu só quero te ver sofrer. Não, eu sei que a minha ausência não faz porra de diferença nenhuma para você. Mas você vai sofrer nas mãos de alguém, e eu espero que quando esse alguém te fizer quebrar por dentro, você saiba que estará sentindo como me fez sentir. Morta. E depois, viva como um vulcão. Mas aí nem é mais com você.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Deixa eu contar

Foi absurda a rapidez
com que sensatamente
me livrei de você.
Apaguei as memórias,
esqueci as histórias;
o seu gosto eu nem lembro mais.
Achei que sentiria por tempos
a falta que você faz.
Mas não faz mais diferença
e eu estou em paz.
Uso sua roupa e vejo suas fotos,
e é engraçado como,
ao meu próprio modo,
fui superando, e deixando,
e esquecendo de como foi.
Hoje eu nem imagino o que mudou.
Talvez se eu me esforçar
consiga lembrar
como era o ritmo da nossa dança,
o volume da nossa alegria.
Hoje, só vejo uma mistura
quase melancólica, crua
de desapego induzido.
E quando perguntei se
você queria ficar comigo,
a resposta foi indiferente.
Bem, agora é a minha vez
de te abandonar no passado
e seguir em frente.